domingo, 22 de setembro de 2013

Cognomes de Juiz de Fora e... Benfica de Minas

por Vanderlei Dornelas Tomaz*

 Freqüentemente, somos interrogados sobre a origem de algum cognome dado à cidade ao longo de sua história. De quem teria partido expressões como Barcelona Mineira, Manchester Mineira e Atenas de Minas? E Benfica? Será que em algum momento mereceu receber um cognome? Nas próximas linhas, você vai conhecer um breve relato esclarecedor dessa curiosidade.

   ATENAS MINEIRA: Quando o escritor Arthur de Azevedo esteve em Juiz de Fora, em 1907, para assistir a peça de sua autoria “O dote”, chamou a cidade de Atenas Mineira. Também revelou que, em visita anterior, chamara o município de Princesa do Paraibuna. O escritor Coelho Neto, que pertenceu à Academia Brasileira de Letras, também cognominara a cidade de Atenas de Minas.

   MANCHESTER MINEIRA: Em 1889, Juiz de Fora contava com duas fortes indústrias de tecidos: a Companhia Têxtil Bernardo Mascarenhas e a Companhia de Fiação e Tecelagem Industrial Mineira (a fábrica dos ingleses ou Morrit & Cia.). Na ocasião, estava sendo inaugurada a primeira usina da América Latina a produzir energia elétrica para iluminação pública. Foi quando surgiu na imprensa local o cognome de Manchester Brasileira, depois Manchester Mineira, para Juiz de Fora. A autoria é desconhecida. Rui Barbosa, durante a Campanha Civilista, em discurso realizado no antigo Theatro Municipal de Juiz de Fora, em 17 de fevereiro de 1910, também chamou a cidade de Manchester Mineira.
 
   BARCELONA MINEIRA: No dia 03 de abril de 1919, Rui Barbosa visitava a construção da futura sede da Associação Comercial. Naquela oportunidade, assinando o livro de visitas, assim escreveu: “Em Juiz de Fora, a Barcelona Mineira, cidade da indústria, do operariado e das relações liberais, a Associação Comercial é o coração das forças produtoras, em cujo futuro se contém o porvir deste Estado”.

   BENFICA, VERDUN DA MANTIQUEIRA: O bairro Benfica também já recebeu um cognome. Durante a Revolução de 30, em Benfica aconteceram fortes combates. O poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade, em duas de suas crônicas falou sobre o conflito em Benfica. A população local aderiu aos revolucionários. Soldados lutaram durante dias nas proximidades da estação ferroviária e nas regiões de Dias Tavares e da Remonta. Um jornal do Rio de Janeiro – o Correio da Manhã – na edição de 28 de outubro de 1930, em uma de suas manchetes, assim definiu o conflito: “Benfica, Verdun da Mantiqueira, resistiu até a hora da vitória aos ataques das tropas legalistas”. Verdun é uma cidade da França e, na Primeira Guerra Mundial, foi a última resistência contra os alemães.
*Vanderlei Dornelas Tomaz é historiador
Fonte: www.benficanet.com.br

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