domingo, 21 de julho de 2013

Patrimônio histórico

A história comprometida...

O puxadinho de telhas de amianto e madeira foi construído acima do chafariz de pedra-sabão datado de 1761, em Ouro Preto. É também na antiga capital de Minas que um projeto de construção de túnel rasgando o subsolo próximo ao Centro tricentenário arrepia defensores do patrimônio histórico. Enquanto isso, ônibus de grande porte continuam a circular na rua asfaltada em meio ao casario erguido no Ciclo do Ouro, em Santa Luzia. A confusão de fios dos postes atrapalha a visão da Matriz de Nossa Senhora do Bom Sucesso, em Caeté, erguida em 1757 e cuja planta tem a assinatura de Manuel Francisco Lisboa, pai de Aleijadinho. Já em Congonhas, loteamentos avançam sobre sítios arqueológicos e joias coloniais são pressionadas pela mineração, poluição visual e descaracterização do casario. Seja qual for o endereço, os problemas decorrentes do crescimento urbano refletem a dificuldade de cidades coloniais conviverem com desafios do século 21, pondo em risco seu valioso acervo histórico.

Mas os impasses na antiga Vila Rica estão longe de se restringir ao tráfego de veículos, que se amontoam nas ruas estreitas da cidade patrimônio da humanidade, onde as ladeiras estão tomadas por ocupações irregulares em áreas de risco. Relíquia do século 18, a Igreja Padre Faria, no bairro de mesmo nome, tem sua beleza ofuscada pelos postes de iluminação instalados em frente ao templo, cujos sinos dobraram no dia da morte de Tiradentes, em 21 de abril de 1792. Há mais de oito anos o MP briga na Justiça pela substituição da iluminação. No Bairro Antônio Dias, o exemplo extremo da ocupação irregular avançando sobre o patrimônio: o chafariz da Rua Barão de Ouro Branco, de 1761, está totalmente sufocado por puxadinhos e adaptações nos imóveis vizinhos.

Construída bem rente ao paredão de pedras do monumento, a cozinha e a área de serviço da casa da empregada doméstica Lucimar Bastos, de 57 anos, foi erguida praticamente em cima da estrutura. Os canos ficam à mostra ao lado do chafariz, sem falar nas madeiras que sustentam os cômodos, além das telhas sem padrão, contrastando com a estrutura histórica. Lucimar, que sonha em um dia ter a escritura da casa, conta que a construção foi feita pelo marido
Fonte: www.uai.com.br

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