segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Rádio...

por Fernando Sérgio Grandinetti Pinto*

Desde que estou no rádio (faz 50 ano) que ouço falar "o rádio está em crise"! 
Quando comecei, aos dezesseis anos em Juiz de Fora (para quem não leu o livro "50 Anos de Comunicação" de minha autoria, Editora NovoSer/Livraria Saraiva); desde essa época, os mais velhos olhavam para os que estavam chegando na profissão, torciam o nariz e falavam: "Não se faz mais profissionais como antigamente"! E como era o ano de 1962...nem Haroldo de Andrade (saudoso e mais velho do que eu) ainda havia se transformado no extraordinário HAROLDO DE ANDRADE.

Nós, os mais novos de então, insistíamos e alguns ficaram no meio, outros mudaram de profissão. Meu aplauso a quem ficou, independentemente se ganhou muito dinheiro ou não. E meu entendimento para quem não ficou.

Na verdade, não erra quem reclamados baixos salários e das incertezas do rádio. Verdade, tirando as exceções, para a maioria, o rádio paga mal e, para as exceções, mesmo que pague bem, paga bem menos do que às estrelas televisivas. Mas não quero falar das exceções e sim, para os novos que estão chegando agora na profissão. O rádio que está em crise é aquele que ainda se sustenta no AM e vê diminuídas as suas verbas publicitárias, simplesmente porque o ouvinte está preferindo o melhor som do FM. 

Por isso que emissoras como a Tupi e a Globo anexaram aos seus AMs, seus canais FM. Por essa mesma causa, o governo através do Ministério da Comunicação, está projetando um estudo para disponibilizar novos canais FM para abrigarem as atuais emissoras AM que andam tendo prejuízos financeiros em função do crescimento das FMs. Pra se der uma idéia, desde que a pioneira rádio Tupi AM agregou o FM e a Globo a acompanhou, meses depois, as duas emissoras são mais ouvidas no FM do que no tradicional FM segundo as pesquisas. 
Todavia, com relação ao meu começo de carreira, a situação de hoje só é melhor para quem está numa grande empresa e pode contar com o salário (ainda que baixo) , mas também contar com os benefícios (plano de saúde, vale-transporte, etc.).
Infelizmente, um expressivo número de emissoras, AMs ou FMs, não pagam esses benefícios e sequer assinam carteira...

É lamentável! Mas, você que está chegando agora, analise o seu valor e se, sinceramente, aposta nele, vá em frente. Lute da forma que for possível e com inteligência procure se firmar no mercado. É verdade que nem todos conseguem...mas quem sabe se não será você o grande diferencial? Como dizia minha saudosa avó julia : "Quem não arrisca...não petisca". E como eu disse para mim mesmo nos momentos mais difíceis da minha carreira "o rádio pode estar em crise...eu, não". Quem não acredita em si, fica na beira do caminho. E muitos daqueles que não se acreditaram em crise, estão aí até hoje....
Espero, sinceramente e por amor ao rádio, que você seja um deles!
*Fernando Sérgio Grandinetti Pinto é radialista

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