sexta-feira, 5 de outubro de 2012

A CIDADE EM SUAS MÃOS

por Faustino  Vicente*
A complexidade do mundo dos negócios tem no marketing um valor agregado de grande importância na conquista e na fidelização dos clientes. “Marketing não é uma batalha de produtos. Marketing é uma batalha de percepção”. A tecnologia está fazendo com que os produtos, de uma mesma categoria, cada vez  mais se assemelhem. Exemplo? Como distinguir a marca de um televisor, entre vários deles funcionando, sem a identificação do fabricante? Posicionar a figura do candidato na mente do eleitor é o objetivo principal do marketing político.

As atuais determinações do TSE - Tribunal Superior Eleitoral -, válidas para a próxima eleição têm, entre outros, o objetivo de reduzir o custo das campanhas, dar transparência as proposta, facilitar a controle público sobre os gastos dos partidos e reduzir a desigualdade financeira entre os candidatos. Maior transparência sobre as doações, com restrições à entidades que recebam recursos públicos e a prestação de contas pela Internet são medidas que, se não vão eliminar possíveis simulações contábeis, irão pelo menos dificulta-las. As novas regras do jogo visam erradicar o superficial e valorizar o essencial, ou seja, a biografia do candidato – novo enfoque do marketing político.

O programa, qualitativo e quantitativo, dos partidos, é de fundamental importância não apenas para o planejamento estratégico, mas para que o eleitor saiba, em detalhes, como ele será viabilizado. Não basta revelar o que será feito, isto a sociedade já sabe: investimentos em educação, saúde, saneamento básico, infraestrutura, mobilidade urbana, segurança pública, preservação ambiental, moradias e geração de empregos, mas, principalmente, como será feito.

Os vereadores e prefeitos, que estão pleiteando reeleição, devem prestar contas  das promessas que fizeram por ocasião da eleição passada. Na realidade, o que interessa à maioria da população é saber o que será feito para reduzir a mais cruel das violências -  a desigualdade econômica e social – linha divisória entre o oceano de pobres e a  ilha de ricos.

Os programas dos partidos não devem conter apenas o que será feito, mas qual a origem dos recursos, sem que se aumente a já elevadíssima carga tributária, que mina o poder aquisitivo da classe de baixa renda. O detalhamento das propostas  deverá chegar ao conhecimento dos eleitores pelos mais diversos meios, principalmente, através dos debates pela TV. A mídia, a Internet, as reuniões nos bairros e  a conversa com eleitores nas ruas, também, são meios de tornar as propostas transparentes.

Entidades de classe, faculdades, igrejas, clubes, ONGs, entre outras, devem convidar os candidatos para que o eleitor possa conhecer, analisar, comparar, refletir, julgar e decidir em quem votar.

A conduta ética  deverá encabeçar os pré-requisitos de uma candidatura.        
Para os que julgam que as pessoas simples não têm a devida compreensão da realidade, relatamos uma pequena história. Um ilustre político convidou um famoso  economista para fazer uma palestra e no final da brilhante apresentação do professor, o anfitrião apanhou o microfone e sugeriu que os participantes fizessem perguntas ao palestrante.

Apesar da insistência ninguém se atrevia a falar, até que um cidadão, carinhosamente, conhecido como Zé do Mato levantou-se e falou: “Eu intendi tudinho: si nóis gasta mai do que nóis ganha,nóis quebra”.

Somente os incautos menosprezam a sabedoria popular.”

Uma simples reflexão sobre cidadania nos leva à concluir que temos o direito de exigir conduta ética dos candidatos e, paralelamente, temos o dever moral de não  vender a nossa consciência por qualquer espécie de vantagem pessoal futura ou em pagamento de benefício já recebido.

*Faustino Vicente é Consultor de Empresas, Professor e Advogado
– e-mail: faustino.vicente@uol.com.br 
-  Jundiaí (Terra da Uva)  - SP 

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