segunda-feira, 9 de abril de 2012

Amácio Mazzaropi

"O Jeca Tatu"

Cem anos depois de seu nascimento (09 de abril de 1912, em São Paulo) e quase 31 depois da sua morte (13 de junho de 1981, em decorrência de câncer na medula óssea, também na capital paulista), Mazzaropi é, para o senso comum, o Jeca Tatu que ele eternizou no filme homônimo de 1960. Mas sua importância para o cinema brasileiro vai muito além disso.

“Todo mundo conhece o Jeca, divertido, sarcástico às vezes, mas desconhece que ele foi um cineasta, produziu filmes por conta própria, montou os maiores estúdios da América Latina nos anos 1970 e financiou filmes com o dinheiro arrecadado na produção anterior”, afirma a jornalista Marcela Matos, autora da biografia Sai da frente! A vida e a obra de Mazzaropi (2010, editora Desiderata).

É justamente esse lado empreendedor, menos conhecido do público em geral, que torna a figura do ator, diretor, roteirista e produtor tão mais interessante. Em três décadas, Mazzaropi fez 32 filmes, todos eles disponíveis em DVD. Morreu deixando um, Maria tomba homem, inacabado. Formou-se no circo, quando ingressou ainda adolescente. Seu número, no picadeiro, consistia em contar anedotas nos intervalos das atrações principais. Migrou para os palcos, mais tarde para o rádio, tempos depois para a TV. Mas sua vocação principal foi a tela grande.

Estreou no cinema em 1952, com Sai da frente, na lendária Vera Cruz. Na companhia cinematográfica de Franco Zampari ainda faria duas produções. Com a decadência da Vera Cruz, filmou em outras produtoras. Até que, no final dos anos 1950, decidiu criar sua companhia, PAM (Produções Amácio Mazzaropi), filmes e passou, a partir de Chofer de praça, a produzir e distribuir os próprios filmes. Em 1961, criou em Taubaté, interior de São Paulo, seu estúdio de gravação, inaugurado com Tristeza do Jeca (1961), seu primeiro filme em cores. Mais tarde a área também ganharia oficina de cenografia e hotel.

Completo “Mazzaropi foi um dos primeiros artistas completos do Brasil”, defende o pesquisador e professor de cinema Ataídes Braga. “Mas foi muito mais ator do que o Jeca. Esse personagem, que é genial mesmo, teve muito destaque na década de 1960, mas basicamente está presente em dois filmes (os citados Jeca Tatu e Tristeza do Jeca). Mas o que ele incorporou foi o caipira no sentido maior. Pode ser de São Paulo, Minas Gerais ou de qualquer lugar do mundo”, acrescenta.

Sobre o Mazzaropi empreendedor, Braga comenta que ele acompanhava de perto suas produções. “Inclusive pagava pessoas que vigiavam as bilheterias dos cinemas, já que nos anos 1970 era muito comum que elas fossem roubadas.” Com seus próprios filmes, atingiu audiências de 3 milhões de pessoas. “E ele era um cara que tinha preocupação com o público, o povão mesmo. Era um cinema popular, de entretenimento, sem o peso negativo da palavra”, conclui Braga.

Mazzaropi chegou a Taubaté com os pais, o imigrante italiano Bernardo Mazzaropi e a portuguesa Clara Ferreira, aos 2 anos. Passou a maior parte de sua vida na cidade do interior de São Paulo. Hoje, ela o reverencia. Por meio do Instituto Mazzaropi, fundado em 2000, mantém o Museu e o Hotel Fazenda Mazzaropi. Os dois espaços foram adaptados no lugar onde Mazzaropi criou, na década de 1970, os estúdios da PAM Filmes

INSPIRAÇÃO
Além das 32 produções que compõem a cinematografia de Mazzaropi, outros filmes obrigatórios para os interessados no universo dele são A marvada carne (1985) e Tapete vermelho (2006). O primeiro, de André Klotzel, traz as aventuras de Carula (Fernanda Torres), garota simples do interior que sonha se casar e está disposta a tudo para isso. Já o segundo, de Luiz Alberto Pereira, conta a história do caipira Quinzinho (Matheus Nachtergaele), que tem que ir à cidade para cumprir uma promessa: levar o filho para assistir a um filme de Mazzaropi.
Fonte: www.centenariomazzaropi.com.br

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