terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Conselheiro Lafaiete-MG

Matriz de Nossa Senhora da Conceição
Depois de 12 anos de espera – oito dos quais com a igreja fechada –, a comunidade católica de Conselheiro Lafaiete, na Região Central, vai celebrar, na quinta-feira, 08/12, dia de Nossa Senhora da Conceição, a reabertura da Matriz de Nossa Senhora da Conceição, no Centro, datada de 1733 e considerada o patrimônio cultural mais importante da cidade. O dia inteiro será de festa, com missa, às 10h, presidida pelo presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Raymundo Damasceno, apresentações musicais e procissão com a imagem da padroeira , às 17h.

De manhã, às 8h30, será inaugurada a Praça Barão de Queluz, um dos primeiros espaços públicos, agora revitalizado e moldura perfeita para a arquitetura colonial. Já em Congonhas, na mesma região, a assinatura de um acordo permitirá obras de preservação da matriz também dedicada a Nossa Senhora da Conceição, que tem a data comemorada neste feriado.

O titular da paróquia de Conselheiro Lafaiete, padre José Maria Coelho da Silva , conta que a primeira etapa durou 10 meses, com recursos da prefeitura, responsável pelo tombamento do templo, e do Ministério do Turismo. Mas a intervenção não resolveu os problemas cruciais e a solução foi direcionar cultos e demais cerimônias religiosas para o salão paroquial, que acomoda, segundo o padre, cerca de 800 pessoas.

Salvação 
Em 2008, o risco de desabamento do telhado levou à interdição da matriz, para tristeza dos devotos. A salvação, dessa vez definitiva, veio com o investimento de R$ 3,5 milhões, da siderúrgica Gerdau e interveniência do Ministério Público Estadual. “A estrutura e os elementos artísticos, como as imagens sacras e painéis, foram contemplados”, afirma o padre com satisfação.

Segundo especialistas, são muitos os motivos que fazem da matriz o mais importante patrimônio de Conselheiro Lafaiete, já que permite o estudo da história da arte brasileira ao apresentar, no painel do altar-mor e nos retábulos e altares, características das três fases do barroco do Brasil colonial e de outras estéticas posteriores. A igreja também foi cenário da Revolução Liberal de 1842.

Em julho daquele ano, na cidade de Queluz (antigo nome de Conselheiro Lafaiete), as forças legais foram batidas pelos revoltosos comandados pelo coronel Antônio Nunes Galvão. Conforme os historiadores, as forças legalistas se reuniam na matriz. Sete anos depois, a igreja foi mencionada no Relatórios dos Vigários – Igrejas de Minas, como um dos mais antigos templos. O documento destaca as características da construção de pedra e cal e que, naquela época, estava bem conservada no interior e fachada.

Reforma
As obras de restauração da matriz começaram em junho do mesmo ano, sendo as intervenções divididas em duas frentes: elementos artísticos (pinturas, imagens, adereços etc.) e estrutura civil (pisos, forro, esquadrias, instalações elétricas, telhado, etc.). Pesquisas em museus e arquivos públicos foram fundamentais para que a restauração respeitasse as características originais de época.

Para garantir a qualidade, prazos e custos na execução dos serviços, o gerenciamento e fiscalização da obra ficou sob a responsabilidade da equipe técnica da Gerdau. Além da recuperação de telhado e paredes, foram feitas nova rede elétrica e instalação de sistema de alarme; piso na entrada, escadarias e interior, que voltou a ser de madeira como no século 18; paisagismo na área externa e instalação de acesso para portadores de necessidades especiais.

O engenheiro Hilton Mendes, responsável pelo acompanhamento da obra, conta que o trabalho teve que ser realizado de forma minuciosa, devido aos detalhes históricos da construção. “Foram usadas técnicas diferentes para cada tipo de estrutura ou peça restaurada, levando-se em conta o tipo de material e as agressões sofridas pelo tempo. Para se ter uma ideia, o altar e o púlpito são de duas épocas diferentes do barroco”, explica.

Há outros detalhes que marcam a construção. Um deles está nas telhas do beiral da igreja, que são três vezes maiores que as normalmente fabricadas atualmente. Para substituir aquelas danificadas foi necessário fazer uma fôrma nas medidas originais e produzir peça por peça. Outro exemplo são as grandes pedras que envolvem a construção, as quais foram cortadas de forma rudimentar para respeitar a estética original. A restauradora Rosângela Reis Costa, da empresa contratada para a reforma dos elementos artísticos, travou uma luta contra os cupins que infestavam as madeiras centenárias.

Praça
Ainda cercada com tapumes, a Praça Barão de Queluz será entregue à população depois de seis meses de revitalização e investimento de R$ 300 mil. O secretário municipal de Cultura, João Batista da Silva Neto, explica que foram trocados bancos, recuperado o chafariz e apagados todos os sinais de vandalismo, inclusive os existentes no busto de Lafayette Rodrigues Pereira (1834-1917), o Conselheiro Lafayette que dá nome à cidade. A iniciativa contribuirá para incentivar o turismo em toda a região, que é cortada pela Estrada Real.
Fonte: www.uai.com.br

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