Unidos pelo Casal 20
por Marcelo Savioli
Se perguntarem a qualquer torcedor do Fluminense quais os rivais mais odiados no Brasil, o Atlético-PR vai aparecer em onze em cada dez respostas. Mas nem sempre foi assim.
Em 1984 o Couto Pereira recebeu uma partida pelas quartas de final do Campeonato Brasileiro. Estavam lá reunidas as torcidas de Coritiba, Fluminense e Atlético PR.
Que a torcida do Atlético fosse secar o seu rival, era mais do que natural. Porém, a profusão de bandeiras rubro-negras misturadas às tricolores na arquibancada denunciava algo mais que um simples ato de rivalidade. O congraçamento entre as torcidas tinha uma razão, que atendia pelo nome de “Casal 20”.
Um ano antes Assis e Washington defenderam as cores do Atlético no Campeonato Brasileiro e quase levaram o Furacão a um título histórico. Na semifinal a equipe paranaense enfrentou o Flamengo e perdeu o primeiro jogo, no Maracanã, por 3×0. O terceiro gol do Flamengo foi convertido em cobrança de pênalti inexistente e acabou fazendo a diferença. No segundo jogo, no Paraná, o Atlético venceu por 2×0, dois gols de Washington, mas foi o Flamengo quem seguiu na competição.
A vingança do Casal 20 veio em doses homeopáticas, mas não tardiamente. Ainda em 1983 Assis marcou o gol do título do Fluminense sobre o Flamengo na final do Estadual do Rio de Janeiro, repetindo a dose no ano seguinte. Razão não faltava para a união de tricolores e atleticanos.
Separados por Ricardo Pinto
O fato é que o Fluminense empatou com o Coritiba e no jogo de volta aplicou uma goleada, passando à semifinal e conquistando o Campeonato Brasileiro de 1984.
Mas a simpatia entre Fluminense e Atlético durou pouco mais de uma década. Em 1996 dois tristes incidentes marcaram a história do confronto. O primeiro deles se deu na partida disputada entre as duas equipes pelo Brasileirão daquele ano. O Fluminense atravessava fase delicada e colecionava derrotas, ficando a cada dia mais ameaçado pelo rebaixamento.
Foi esse momento inconveniente que Ricardo Pinto, o mesmo que declarou sua satisfação por ter sofrido quatro gols de Zico num Fla-Flu, escolheu para provocar a torcida do Fluminense com sinais. A resposta dos torcedores foi invadir o campo e agredir o goleiro, o que por pouco não termina em tragédia, tendo sido o mesmo hospitalizado com risco de morte.
Chegava ao fim a lua de mel entre Fluminense, que perdeu aquela partida por 3×2, e Atlético PR. Mas não foi o último episódio lamentável naquele ano. O Fluminense, sob o comando de Renato Gaúcho, estreando como treinador, ensaiou uma recuperação no final da competição. Venceu a última partida contra o Vitória por 3×1, em jogo realizado no ES, e precisava de apenas um empate da equipe paranaense diante do Criciúma. O Atlético chegou a estar vencendo, mas a pressão da torcida e de dirigentes do clube fez com que o rubro-negro contivesse o ímpeto e cedesse a virada. Prejudicado ainda pelo Flamengo, que perdeu para o Bahia com um gol nos últimos minutos, o Flu foi rebaixado.
O escândalo envolvendo Corinthians e o próprio Atlético PR, marcado pelo envolvimento de Ivens Mendes, responsável pela comissão de arbitragem, em que foi comprovada a compra de resultados em favor das duas equipes, acabou em virada de mesa, que manteve o Flu na série A no ano seguinte. Para não rebaixar os envolvidos, como mandava a lei, a CBF decretou que não haveria rebaixamento no campeonato de 1996.
Todavia, nascia uma das mais ferrenhas rivalidades do futebol brasileiro, que ainda renderia episódios históricos.
Uma rivalidade com jogos marcante
Em 2001, de volta à divisão principal, após viver o período mais negro de sua história, o Fluminense chegou à semifinal do Campeonato Brasileiro, tendo como adversário o Atlético PR. Um regulamento esdrúxulo previa apenas uma partida pelas semifinais, disputada na Arena da Baixada, devido à melhor campanha do time paranaense.
O Fluminense abriu a contagem com Magno Alves logo no início do jogo. Mas também nos primeiros minutos, só que da segunda etapa, Alex Mineiro, que se sagraria o nome do jogo, empatou após bate rebate na área tricolor. Foi dele também o segundo gol, após André Luis escorregar bisonhamente no lance. O atacante bateu rasteiro na saída de Murilo, então arqueiro tricolor. Porém o Fluminense tinha um belo time e não se entregou. Magno Alves, outro personagem daquela partida marcou um lindo gol, empatando novamente o confronto.
Porém aquela era mesmo a tarde e o ano do Atlético. E também de Alex Mineiro, que, no apagar das luzes, marcou o gol da vitória atleticana, seu terceiro no jogo. O Furacão conquistou naquele ano o seu primeiro e único título brasileiro ao passar pelo São Caetano na final.
Já o Flu foi à forra seis anos depois. O novo encontro foi pela Copa do Brasil de 2007, na fase de quartas-de-final. O Atlético conseguiu arrancar um empate no Maracanã na primeira partida e tinha a classificação garantida até os 32 minutos do segundo tempo do jogo realizado na Arena da Baixada.
Mas a história de Fluminense e Atlético é escrita por personagens fortes. Em 1970 o Flu foi ao Paraná na última rodada da fase classificatória do Campeonato Brasileiro. Classificavam-se quatro equipes para o quadrangular decisivo. Bastava um empate ao tricolor para chegar a fase decisiva. E a classificação foi conquistada com as mãos de Félix, arqueiro da seleção brasileira campeã do mundo. Felix foi o grande responsável pelo empate em 1×1 que garantiu o Tricolor na final da competição da qual se sagraria campeão, ficando aquele marcado como o primeiro dos confrontos históricos entre as duas equipes.
Voltando ao ano de 2007, aos 32 minutos do segundo tempo Adriano Magrão escreveu seu nome na história do confronto ao assinalar o único gol da partida, levando à loucura e ao êxtase a torcida tricolor em todo o Brasil, abrindo o caminho para a conquista do título inédito pelo Mais Amado do Brasil.
Vantagem paranaense nos confrontos
Na conquista do tri campeonato o Fluminense enfrentou o Atlético PR duas vezes. No primeiro turno o Flu deu um show no Maracanã, com Conca brilhando e Washington, um ex ídolo atleticano, marcando dois gols na vitória tricolor pelo placar de 3×1. A segunda partida, já pela 31ª rodada, foi marcada por uma atuação heróica tricolor, que chegou a ficar duas vezes atrás no placar, mas acabou arrancando um empate por 2×2 na Arena.
Em 2009 o Atlético, que não vence o Fluminense há 4 jogos, conquistou sua última vitória. Era o primeiro turno do Brasileiro. No segundo jogo, carregado de emoção, o Fluminense protagonizava seu incrível conto de fadas na briga contra o rebaixamento e a quatro rodadas do final do Campeonato, com um Maracanã repleto de tricolores apaixonados, venceu por 2×1, mais um triunfo naquela mágica trajetória.
Na soma dos confrontos, no entanto, o Furacão leva vantagem. São 16 vitórias do Atlético, 7 empates e 13 vitórias do Tricolor.
O Mais Amado do Brasil terá a chance de descontar a vantagem paranaense nesse sábado, em Curitiba, pela sétima rodada do Campeonato Brasileiro de 2011.
Fonte: http://www.fluminenseetc.com.br/
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