quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Esperanto: Língua Universal

por Nildo Viana
A linguagem sempre foi um instrumento de poder nas sociedades de classes. Vários pesquisadores ressaltaram que a linguagem serve ao processo de dominação e é perpassada por conflitos e no interior desta luta predomina quem detém o poder. O marxista Bakhtin, em Marxismo e Filosofia da Linguagem, aponta alguns elementos neste sentido e afirma que o signo é palco da luta de classes. Ardiner criou a teoria dos grupos silenciados, onde apresenta a tese de que os grupos dominados não conseguem manifestar sua própria linguagem e quando o fazem, buscando resistir, isto ocorre na linguagem dos dominantes. Poderíamos citar Semama, Foucault, e outros pensadores que trataram desta temática, porém, nenhuma referência é feita por eles ao problema da linguagem em sua relação com a nação. Poucos se dedicaram, de um ponto de vista crítico, ao problema das línguas nacionais. Este é um problema real e tendo em vista as relações internacionais desiguais e fundamentadas na exploração e na dominação, deve ser tratado por todos aqueles que querem construir um mundo radicalmente diferente.

Derivado disto surge algumas propostas referentes a uma transformação da linguagem. Zamenhof criou e propôs o esperanto enquanto língua internacional. Esta proposta é libertária já que acaba com a supremacia de línguas nacionais sobre outras, produto e ao mesmo tempo reforço de sua dominação na esfera financeira e cultural. Por isso devemos lutar pela generalização do uso do esperanto enquanto segunda língua, posterior a primeira língua, que continua nacional. Isto serviria para facilitar a comunicação internacional, aboliria o problema da tradução de textos (o próprio autor poderia produzir nas duas línguas e assim a versão em esperanto seria acessível ao resto do mundo), deixaria de existir a necessidade de se aprender diversas línguas. A primeira grande vantagem de tornarmos o esperanto uma língua internacional efetivamente reconhecida por todos os países reside no fato dela não ser a língua nacional de nenhum país e, portanto, não expressar nenhuma forma de dominação de uma nação sobre outra. Neste sentido, o esperanto é libertário. Além disso, o esperanto é a língua de mais fácil aprendizagem, pois só possui 16 regras gramaticais e a sua pronúncia é equivalente à escrita.

O esperanto se torna mais importante com o surgimento e expansão da Internet. Milhões de pessoas têm acesso à rede mundial de computadores e falando as mais distintas línguas. Alguns falam francês, russo, alemão, italiano, inglês, espanhol, português, chinês, etc. e vários indivíduos dominam três ou mais línguas mas ninguém domina todas e a comunicação, possível tecnologicamente, se torna inviável praticamente. Assim se torna necessário expandir, junto com a Internet, o esperanto, para facilitar a comunicação internacional.

Desta forma, consideramos que contra o imperialismo cultural norte-americano com a língua inglesa, que um sociólogo brasileiro no bojo do entusiasmo com a ideologia da globalização chegou a afirmar que se tornaria "língua universal", devemos defender a emancipação lingüística da humanidade, acabando com a torre de Babel, mantendo nossa língua nacional e ao mesmo tempo desenvolvendo uma língua internacional. Sendo assim, devemos lutar pela divulgação e expansão do uso do esperanto na Internet e fora dela, como "segunda língua", em todas as nações.

Considerações do autor:
Sobre a questão do uso de "língua internacional" ou "língua universal", existem posições diferenciadas e isto remete a outras questões. No caso, uso o termo universal por discordar de inter-nacional, já que tal termo pressupõe o reconhecimento das nações e suas divisões, enquanto que, da perspectiva autogestionárias, as nações devem ser superadas por uma comunidade humana universal, e o esperanto, nesse caso, seria o segundo idioma da população mundial, ao lado do idioma "nativo".
Fonte: www.informecritica.blogspot.com

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