segunda-feira, 25 de julho de 2011

Patrimônio histórico

RESTAURADA A ESTAÇÃO DE SÃO PEDRO DA ALDEIA

por Luiz Carlos Martins Pinheiro*

O IPHAN - Instituto Histórico e Artístico Nacional anuciou em 20/07/2011 a restauração da Estação Ferroviária de São Pedro da Aldeia, situada na Rua Teixeria Brandão, 137, com 110 m2, na Cidade de São Pedro da Aldeia, Região dos Lagos, RJ, na qual instalará seu escritório ao atendimento dos 13 municípios daquela região e ao norte fluminense.

Trata-se da estação da primitiva E. F. Maricá, sobre a qual nos conta a MPmemória - Volume V - Leopoldina:
Nada sabemos quanto às origens e a implantação da E. F. Maricá, contudo impressiona-nos que tenha se justificado em sua época (década de 1910) e hoje não se justifique, diante do desenvolvimento, principalmente turístico que atingiu a Região dos Lagos, cujos acessos rodoviários tornam-se cada dia mais dispendiosos, de trânsitos congestionados e acidentados, o que jamais terá solução adequada sem o trem.

Serviu a localidades cada dia mais importantes, de tal zona oceânica do RJ, a saber:
- Neves (km 1,033, 3 m , ?) em Niterói (São Lourenço), RJ contato com o Ramal de Niterói da Leopoldina cujo terminal situa-se a l,033 km mais ao Centro da Cidade, hoje inoperante e sufocado pela Ponte Rio-Niterói;
- Barreto (km 39,100, 9 m , 30/06/1929) em Niterói;
- Maricá (km 49,401, 5 m, ?);
- Sampaio Correia (km 83,280, 14 m, 01/05/1913);
- Bacaxá (km 100,776, 17 m , 04/08/1913) em Saquarema, RJ;
- Araruama (km 116,750, 3 m, 13/12/1913);
- Iguaba Grande (km 131,665, 4 m, 07/12/1914);
- São Pedro da Aldeia (km 146,879, 4 m, 11/09/1937);
- Cabo Frio (km 158,249, 4 m , 11/09/1937) 50 milhas náuticas do Rio de Janeiro e uma das primeiras feitorias da América Portuguesa.

Como se vê, no final da década de 1930, ainda, era importante à Região dos Lagos, além de servir a zona urbana de Niterói em franco desenvolvimento e já carente de eficiente serviço suburbano. Era uma viagem muito pitoresca e o mais importante meio de transporte à mesma, embora em bitola métrica, com locomotivas a vapor e carros de madeira, de tecnologia do tempo do início das ferrovias no Mundo. Contornar a Lagoa de Araruama era um encanto.

Passou pela Central do Brasil, na qual foi uma de suas filhas enjeitadas. Em geral, só se preocupava com sua bitola larga, ou seja, mais precisamente, com a Linha do Centro. Em 1960 já sob o manto da RFFSA (1957) passou à Leopoldina como autêntico abacaxi. Não teve melhor sorte. Com o inevitável desenvolvimento rodoviário perdeu, gradativamente todo seu apelo público. Diante de tanto desprezo dos poderes públicos, nos seus três níveis, pesando no combalido custeio da União à RFFSA, não se é de estranhar tenha acabado extinta em 1974, como tantas outras vias férreas brasileiras.

Não sabemos o que mais dela o povo se interessou em preservar.
Foi substituída por moderna rodovia pavimentada a Amaral Peixoto (RJ-106) que a margeou, derivando em São Pedro da Aldeia para Campos dos Goytacazes. Outra mais moderna (BR-101) acompanhando a Leopoldina em adiantada duplicação, na qual se construiu a Ponte Rio-Niterói, também veio servir a Região dos Lagos através da RJ-124, com onerosíssimo pedágio. Quantas mais serão necessárias, num futuro próximo? Não será de se pensar na volta à ferrovia, com o que ela tem hoje de melhor a oferecer? Já se cogita da extensão do metrô do Rio de Janeiro a Niterói e a São Gonçalo, o que muito poderá facilitar uma nova solução ferroviária, muito mais eficiente que qualquer rodoviária poderá assegurar. Porque não se efetuar, pelo menos, um estudo de viabilidade técnica e econômica de como melhor se atender às futuras necessidades de transporte do Rio de Janeiro e Niterói, com a região em questão?´´

Quem sabe não possa até fazer parte de um projeto mais audacioso para se restabelecer o transporte ferroviário de passageiros pelo litoral, com a mais moderna tecnologia, rapidez, conforto e segurança, ligando Rio/Niterói a Vitória, ES, via São Pedro da Aldeia e Campos dos Goytacazes, retirando-os da rodovia e quiça da aerovia, com ramal para Cabo Frio?
*Luiz Carlos Martins Pinheiro é Engenheiro Civil e Historiador

São Pedro da Aldeia é um dos principais centros históricos e culturais do país e, de acordo com o IBGE/2010, sua população é de 88.013 habitantes (sendo 93.5% urbano, constituída por 49.4% de Homens e 50.6% de mulheres) e sua área é de 358,66 km².

4 comentários:

Valdecy Alves disse...

Parabéns pela preservação do patrimônio histórico:
http://valdecyalves.blogspot.com/2011/04/acao-popular-julgada-procedente-materia.html

Luiz Carlos Martins Pinheiro disse...

Amigo Carlos Ferreira

Agradecemos por esta divulgação.

Trata-se de uma modesta contribuição a um bom exemplo de preservação, mas pricipalmente ao futuro dos transportes fluminenses.

Caremos na imperiosa necessidade de um meticuloso estudo de viabilidade técnica e econômica, pelo menos ao sistema ferrovário fluminese, de forma a ter-se bases sólidas à política de transporte no Estado, com o melhor aproveitamente dos gastos com infrs-estrutura.

Abraços, saúde e Paz de Cristo.
Luiz Carlos/MPmemória.

Luiz Carlos Martins Pinheiro disse...

Amigo Carlos Ferreira

Agradecemos por esta divulgação.

Trata-se de uma modesta contribuição a um bom exemplo de preservação, mas pricipalmente ao futuro dos transportes fluminenses.

Caremos na imperiosa necessidade de um meticuloso estudo de viabilidade técnica e econômica, pelo menos ao sistema ferrovário fluminese, de forma a ter-se bases sólidas à política de transporte no Estado, com o melhor aproveitamente dos gastos com infrs-estrutura.

Abraços, saúde e Paz de Cristo.
Luiz Carlos/MPmemória.

Luiz Carlos Martins Pinheiro disse...

Amigo Carlos Ferreira

Esta matéria está repercutindo bem.

Promete algum ganho.

Abraços, saúde e Paz de Cristo.
Luiz Carlos/MPmemória.