quarta-feira, 27 de julho de 2011

Literatura

"A revolta do boêmio: a vida de Nelson Gonçalves"
O autor conta a história de Nelson Gonçalves, gaúcho, criado em São Paulo por pais analfabetos, tinha o nome de batismo de Antônio Gonçalves e não Antônio Gonçalves Nobre como está no filme que acabou de passar nos cinemas. Gravou pela primeira vez, em 1941, um samba de Ataulfo Alves, e atravessou toda a década de 40 na aba de Orlando Silva, a quem imitava descaradamente no timbre aveludado e até nos solucinhos maneirosos. Orlando, depois de uma aparição espetacular em 1935, começou a definhar artisticamente em 1942 - e aí Nelson colou junto. Filme, livro e todos os pesquisadores concordam: de 1952, quando começou a gravar Adelino Moreira e o destino levou Chico Alves, até 1957, quando caiu de nariz nas drogas, Nelson Gonçalves, já com sonoridade própria, foi o maior cantor do Brasil.

Mesmo que o autor Marco Aurélio Barroso desmonte a lenda de que a cantora Betty White tenha botado fogo às vestes e se suicidado por amor a Nelson (ela na verdade morreu num acidente doméstico com álcool). Mesmo que não seja espanhola, mas cubana a vedete namorada Nina Montez, e mesmo que o cantor não tenha tentado matá-la a facadas como diz a lenda, mas com balas de revólver como quer o livro - uma biografia de Nelson sempre terá histórias incríveis para contar. Entre 1959 e 1964, manteve oito cavalos no Jóquei Clube, que correram 138 provas e venceram... 6. Nelson participava de jogos de dados viciados - era ele quem levava os dados.

Marco Aurélio encerra a biografia com a morte do cantor, de infarto do miocárdio, aos 78 anos, em 18 de abril de 1998. Nelson deixou oito filhos e o autor, antes de encerrar a obra, destruiu uma última lenda. Nelson não era gago. Era o contrário. Taquilálico. Falava rápido demais.

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