domingo, 29 de maio de 2011

Rio São Francisco

São Roque de Minas (MG) a Piaçabuçu (AL)
– Nenhum rio retrata tão bem a realidade do país quanto o São Francisco, o maior leito exclusivamente brasileiro, com 2,8 mil quilômetros de extensão. Da pacata São Roque de Minas, onde ele brota entre pedras da Serra da Canastra, à cidade colonial de Piaçabuçu (AL), lugarejo em que é engolido pelo Atlântico, o Velho Chico serpenteia montanhas, corta vales, atravessa a caatinga, rasga cânions e testemunha tanto a desigualdade social – longe de ser erradicada de suas margens – quanto os novos rumos da economia das cidades que compõem a imensa bacia.

O "Estado de Minas" percorreu municípios dos cinco estados banhados pelo São Francisco – Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas. Ao longo da caminhada, uma constatação: o chamado Rio da Integração Nacional é também espelho da economia brasileira. Por sua bacia navegam novos e audaciosos projetos que fomentam diferentes atividades produtivas.

As jazidas de gás natural descobertas na Região Central e no Noroeste de Minas, por exemplo, podem garantir ao Brasil a autossuficiência na produção do insumo. Ao mesmo tempo, a região enfrenta problemas comuns ao resto do país, que freiam o desenvolvimento brasileiro. A falta de investimentos em infraestrutura é um deles: o gargalo mais visível está na subutilização da hidrovia Pirapora (MG)-Petrolina (PE).

Os exemplos não param por aí. Hoje e ao longo da semana, o "EM" vai revelar novos rumos da Bacia do São Francisco e traçar um paralelo com a economia do Brasil. As primeiras reportagens da série mostram como o mercado imobiliário aquecido tem mudado a paisagem e criado empregos em Petrolina, mas alertam para a inflação ao longo do rio. É uma mostra de que, como no país, garantir crescimento sem perder o controle dos preços também é desafio no Velho Chico.

Petrolina (PE)
– A brisa que acompanha o São Francisco até o Oceano Atlântico testemunha que a construção civil, um dos principais termômetros de qualquer economia, anda em alta no Brasil. Em pleno semiárido, a cidade de Petrolina se tornou exemplo mais visível do crescimento do setor ao longo do Velho Chico. O município, o mais populoso às margens do rio, com 294 mil habitantes, passa por um processo de verticalização que transforma a paisagem da orla, cria empregos e contribui para recordes de expansão – em 2010, o Produto Interno Bruto da construção civil avançou 11,6% no país.

Somente às margens do São Francisco, pelo menos 10 grandes empreendimentos começaram a ser erguidos na última década em Petrolina. Quatro ainda estão em construção e a previsão é de que mais espigões sejam lançados em breve.

Juazeiro (BA)
Na vizinha Juazeiro, com 197,9 mil moradores e ligada a Petrolina pelos 801 metros da Ponte Presidente Dutra, construída na década de 1950 e cartão-postal de ambos os municípios, a verticalização da orla caminha mais lentamente. Apenas três arranha-céus foram erguidos às margens do São Francisco. Todos batizados com nomes de símbolos parisienses: condomínios Champs- Elysées (15 andares e 30 apartamentos), Torre Eiffel (12 andares e 45 apartamentos) e Arc de Triomphe (21 pavimentos). Os dois primeiros foram inaugurados na década passada. O último, ainda em obras, será entregue aos donos nos próximos meses.
Fonte: http://www.uai.com.br/

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