sábado, 26 de março de 2011

A verdade contra a mentira

por Carlos Molinari*

Amigos, atendendo a uma solicitação do leitor Mauro César que ficou indignado com a forma como o pedante Clube de Regatas Vasco da Gama vem declamando ser pioneiro nas lutas raciais e sociais no futebol brasileiro, venho ao meu espacinho aqui no Bangu.net explicar o que me cabe: a verdade histórica dos fatos.

Ontem, em entrevista, o sociólogo Maurício Murad minimizou o pioneirismo racial ao afirmar que Francisco Carregal, em 1905, foi um caso isolado. Desde já aviso que o renomado professor da UERJ irá receber em casa um exemplar de "Nós é que somos banguenses" para que conheça a realidade sobre o futebol carioca no início do século XX.

O Vasco, campeão em 1923, não pode jamais se dizer pioneiro em abolir o racismo do futebol. A lista de banguenses negros pré-1923 é imensa, dá para formar um time com titulares e reservas. Vamos a alguns deles: Francisco Carregal, Antônio Carregal, Manoel Maia, Luiz Antônio da Guia, Antenor Silva (Joppert), Claudionor Corrêa (Bolão), Albanito Nascimento (Leitão), Antônio Godoy, Waldemiro Silva, Feliciano Machado, Heráclito Soares...

O problema todo é que o Vasco tem um departamento de marketing, que lança camisa, chama a imprensa, faz tumulto para provar um fato que não é real. O Bangu, ao contrário, faz sempre o antimarketing, esconde a Medalha Tiradentes - ganha em 2001, outorgada pela Câmara dos Deputados pelo pioneirismo racial e social -, que foi dada pelo deputado Noel de Carvalho Neto, com a assinatura de todos os parlamentares, inclusive o presidente vascaíno Roberto Dinamite.

O jogo contra o Vasco é a hora do Bangu entrar em campo com a Medalha Tiradentes no peito do novo treinador Marcão, é hora do nosso auto-intitulado presidente honorário tirar a medalha do cofre de sua residência e levá-la ao clube - afinal, quem foi agraciado é o clube, embora tudo lá desapareça de uma forma inacreditável. É hora do capitão do time, seja o Tiano ou quem for, entrar em campo com o diploma conferido pela ALERJ - que está na sala Manoel Rodrigues de Moura, na Sede Social. É hora da fraca assessoria de imprensa do Bangu se mexer.

O jogo contra o Vasco será transmitido pela Globo, será visto no Brasil inteiro e a mentira do pioneirismo vascaíno vai voltar a se espalhar se os dirigentes banguenses nada fizerem.

Presidente Varela, eu sei que o senhor tem mil coisas para fazer neste momento de crise que o clube vive dentro de campo, mas sei também que o senhor não pode virar as costas para uma conquista histórica do clube: o reconhecimento do Bangu como o clube que mais fez pela abertura social e racial do futebol.

Como sugestão de leitura, abram "O Pontapé Inicial", de Waldenyr Caldas, abram "Footballmania", de Leonardo Pereira, abram novamente "O Negro no Football Brasileiro", de Mário Filho; abram "Nós é que somos banguenses", deste que vos escreve. Abram e vejam o que as fotografias de época comprovam.

Hoje, estou aqui sem inimizades políticas, brigas, rachas, divergências. Abri a coluna porque é hora do Bangu se impor e mostrar que a falácia do Vasco é apenas um mito, o Bangu foi a realidade.

*Carlos Molinari é Pesquisador da história do Bangu Atlético Clube.
Fonte: www.bangu.net
Colaboração: Alexandre Magno Barreto Berwanger

3 comentários:

Luiz Carlos Martins Pinheiro disse...

Amigo Carlos Ferreira

Como deve estar sabendo divulgados esta matéria aos nossos contatos, procando iras vascainas.

Abraços, saúde e Paz de Cristo.
Luiz Carlos/MPmemória.

Marcelo Rago disse...

CARLOS É LOUVÁVEL O PIONEIRISMO DO BANGU, PORÉM O VASCO NÃO COMEMORAMO FEITO DE INCLUIR JOGADORES NEGROS NO PLANTEL. COMEMORA O MOMENTO DE CORAGEM QUANDO RECUSOU-SE A DISPUTAR AS COMPETIÇÕES SEM OS JOGADORES NEGROS E OPERÁRIOS. TANTO É FATO QUE O BANGU, PARA DISPUTAR O CAMPEONATO ENTRE OS GRANDES TEVE QUE ABRIR MÃO DE SEUS JOGADORES NEGROS, SE SUJEITANDO AOS CLUBES FILIADOS A AMEA.

SÃO COISAS BEM DIFERENTES.

Anônimo disse...

CARLOS É LOUVÁVEL O PIONEIRISMO DO BANGU, PORÉM O VASCO NÃO COMEMORAMO FEITO DE INCLUIR JOGADORES NEGROS NO PLANTEL. COMEMORA O MOMENTO DE CORAGEM QUANDO RECUSOU-SE A DISPUTAR AS COMPETIÇÕES SEM OS JOGADORES NEGROS E OPERÁRIOS. TANTO É FATO QUE O BANGU, PARA DISPUTAR O CAMPEONATO ENTRE OS GRANDES TEVE QUE ABRIR MÃO DE SEUS JOGADORES NEGROS, SE SUJEITANDO AOS CLUBES FILIADOS A AMEA.

SÃO COISAS BEM DIFERENTES.