terça-feira, 22 de março de 2011

Literatura

“Sarney – a biografia”
A jornalista Regina Echeverria lançou o livro “Sarney – a biografia”, nesta terça-feira, 22/03, no CCBB, em Brasília. A obra de 624 páginas reúne 168 entrevistas, além de arquivos e diários pessoais do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).

“Sou uma contadora de histórias. E neste livro tive a feliz oportunidade e o desafio de escrever sobre um personagem diferente dos que estava acostumada”, conta Regina Echeverria.

O livro conta a trajetória de Sarney, desde sua juventudade como poeta e escritor à transição política do Regime Militar à democracia, além da crise do Senado, em 2009, em que o político foi acusado de sustentar várias irregularidades na Casa.

Para a obra, Sarney se dispôs a conceder diversas entrevistas à jornalista, além de apresentar documentos e arquivos.

A autora já trabalhou nos jornais Estado de S Paulo, Jornal da Tarde, Folha de S Paulo e nas revistas Veja, Placar, Isto É, Caras e A Revista. Especialista em biografias, Regina já publicou Furacão Elis (1985), Cazuza, só as mães são felizes (1997), Cazuza preciso dizer que te amo (2001), Pierre Verger, um retrato em preto e branco (2002); Mãe Menininha do Gantois, uma biografia (2006), os dois últimos em parceria com Cida Nóbrega. E ainda, Gonzaguinha e Gonzagão, uma história brasileira (2006).
Fonte: www.comunique-se.com.br

Um comentário:

Anônimo disse...

Fortaleza que resiste nos centros de decisão do cenário político há 50 anos, como é apresentado na biografia autorizada do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), se revela um político e um ser humano atormentado pela depressão crônica, considera que foi um presidente da República fraco, que fez um governo marcado por erros e fracassos, e que, na maioria do tempo, não sabia o que estava se passando. A maior fonte de pesquisa da jornalista Regina Echeverria, autora de "Sarney, a biografia", é o diário em que ele faz suas catarses, com desabafos sobre seus medos, erros, fracassos e traições políticas.
Em depoimentos na primeira pessoa, ele relembra que entrou em pânico quando foi informado de que teria de assumir a Presidência no lugar de Tancredo Neves, em 1985. Sabia que não tinha legitimidade política e seria uma decepção para o povo que idolatrava o presidente de fato. Era, naquele momento, uma figura menor, que sequer tinha sido consultado sobre o Ministério que Tancredo anunciara na véspera de ser internado.
Nos anos que se seguiram, ainda permaneceu meio que alheio a muito do que se passava na cena política e econômica de Brasília. Cita erros e fracassos de seu governo, mas sempre culpa alguém ou diz que não sabia.
Conta que, pouco mais de três meses após o lançamento do Plano Cruzado - que o levou do céu ao inferno -, quando o governo enfrentava problemas de desabastecimento e greves, convocou reunião supersecreta da equipe econômica, comandada pelo ministro do Planejamento, João Sayad, na longínqua Carajás.
Queria, longe da imprensa, discutir saídas para o Cruzado. A reunião vazou, foi um desastre, e Sarney só ficou sabendo da gravidade da situação quando foi ao banheiro e ouviu uma conversa entre Sayad e o então presidente do IBGE, Edmar Bacha:
- O Plano foi para o espaço! - confessou Bacha.
Além do Plano Cruzado e do Cruzado I, Sarney lista vários "maiores erros" de seu governo: a escolha de Marco Maciel para chefiar a Casa Civil, o calote no pagamento da dívida junto ao FMI e até a briga pelo mandato de cinco anos.
Na revisão de sua história, reserva críticas aos presidentes que o sucederam e só alivia Itamar Franco. As maiores mágoas são de Fernando Collor de Mello e Fernando Henrique Cardoso. Nunca perdoou o tucano pela operação da PF que descobriu uma dinheirama na empresa Lunus, enterrando a campanha da filha Roseana à Presidência, em 2002.
Pesou a pena nos escritos sobre Lula também. Diz que em 1989, quando os 21 candidatos se voltaram contra seu governo, votou em branco no segundo turno entre Collor e Lula. Collor, porque "era um capitalista de Arapiraca". Lula, porque era "a velharia ideológica, um marxista caribenho sem ideias próprias e sem base filosófica".
Sobre a crise vivida pelo Senado em 2009, logo após ele assumir mais uma vez o comando da Casa, Sarney apresenta sua versão dos fatos - ou "pseudofatos", como diz no livro. Quanto às centenas de atos secretos do Senado, muitos editados com nomeações de parentes do próprio Sarney, ele diz: "Realmente fui alvo de uma grande injustiça, quando a imprensa quis associar-me aos tais atos secretos. Primeiro, foi a Fundação Getulio Vargas quem os descobriu e foi contratada por mim.