sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Taça das Bolinhas

A BATALHA DO FUTEBOL, FORA DE CAMPO. ORA, BOLAS! OU BOLINHAS
por Rodney Brocanelli

1987 parece que não quer terminar na história do futebol brasileiro. Ele começa, de fato, quando a CBF, então presidida pelo sr. Otávio Pinto Guimarães, anuncia que não tem condições de organizar o campeonato brasileiro daquele ano.

Os clubes, então, decidem tomar a frente da situação e criam o Clube dos 13, uma entidade cujo fim seria organizar a competição. Nascia assim a Copa União. Terminava dessa forma a era dos torneios inchados de clubes com pouca ou nenhuma representatividade.

Dezesseis clubes disputaram a Copa União: os grandes de cada estado, mais Bahia, Goiás e Santa Cruz. A competição foi um sucesso dentro e fora de campo. Contudo, os dirigentes resolveram atrapalhar um pouco. A mesma CBF, que lá atrás alegava não poder organizar a competição, decidiu juntar todos os clubes que ficaram de fora da festa em outro torneio. E mais: fez com que o campeão e vice cruzassem com os finalistas da Copa União.

Eurico Miranda, responsável pelo Vasco, encampou a idéia da CBF. E aí nasce toda a confusão. Os finalistas da Copa União, Flamengo (campeão) e Internacional (vice) não quiseram pegar os finalistas do módulo amarelo (o torneio da Confederação Brasileira de Futebol, que eram Sport e Guarani (que dividiram o título).

O tal quadrangular saiu, em janeiro de 1988, sem a presença de Fla x Inter. Sport e Guarani venceram as partidas que deveriam disputar contra a dupla por WO. O time pernambucano venceu a final e isso facilitou a situação para que a CBF o proclamasse como campeão. Desde então, a polêmica não cessou. Nem mesmo quando a entidade máxima do futebol nacional decidiu, no último dia 21, oficializar o Flamengo como campeão brasileiro, ao lado do Sport.

Como temos dois campeões, claro que não poderiam faltar também dois vices: Internacional e Guarani. Há quem diga que a canetada é uma forma de dividir os clubes, que atualmente negociam os direitos de transmissão do campeonato brasileiro, a partir de 2012.

História contada, vamos ao comentário. Para mim, o legítimo campeão daquele ano é o Sport. O Clube dos 13 deveria ter radicalizado no processo de revolução do campeonato brasileiro. Deveriam ter afastado a CBF de vez quando viram que tinham a galinha dos ovos de ouro na mão. No entanto, seus integrantes não estavam agindo de forma coesa, basta ver a atitude de Eurico Miranda. Ela facilitou, e muito, para que a CBF retomasse o controle do Brasileirão, tanto que o campeonato do ano seguinte voltou a ser organizada por ela.

Portanto, a tal revolução que se prometia ficou apenas pela metade. Os clubes conseguiram enxugar o campeonato, e só. Se eles deixaram que a entidade tomasse novamente conta de tudo, fica claro que ela tem o direito legítimo de proclamar o campeão, qualquer um que seja.

Se Flamengo e Internacional não se recusassem a disputar o tal quadrangular, todo esse problema não estaria acontecendo, vinte e três anos depois. O Fla tinha time para repetir a dose e obter uma nova conquista. Zico, Renato Gaúcho, Bebeto e Zinho estavam voando na época.

Como tudo o que está problemático pode ser piorado, a grande discussão de agora é sobre a Taça das Bolinhas, que seria dada ao primeiro clube que fosse cinco vezes campeão. O São Paulo acha que tem direto ao troféu, uma vez que ao conquistar o seu quinto título brasileiro em 2008, o Sport era, oficialmente, o único campeão de 87. Agora, com a oficialização do título do Flamengo, uma nova batalha se inicia. Pena que fora de campo.
Fonte: FG-News

Nenhum comentário: