quinta-feira, 18 de novembro de 2010

São Cristovão de Futebol e Regatas

Crise pode afastar São Cristóvão do futebol profissional
Sem investidores, Campeão Estadual de 1926 pode ficar fora da Segundona

por Claudio Burger e Stéfano Salles

Campeão Carioca de 1926. O título que mais orgulha os torcedores do São Cristóvão foi conquistado há mais de oitenta anos. Neste período o clube perdeu boa parte do glamour que já teve e, assim como o Bairro Imperial que lhe empresta o nome, entrou em um ostracismo que parece não ter mais fim. O maior orgulho recente está estampado nos muros da Rua Figueira de Melo: “Aqui nasceu o Fenômeno”. Mas, sem formar novos craques e distante das fortunas que envolvem os negócios de Ronaldo, o clube segue esquecido na poeira do tempo e na fumaça cinza dos veículos que trafegam pela Linha Vermelha, a via expressa que passa quase por cima do temido alçapão de outrora.

Sem qualquer previsão de verba especialmente destinada ao futebol, nem mesmo da Rede Record, que pretende transmitir jogos do campeonato, o futebol agoniza no clube e sofre boicote de muitos integrantes do quadro social, majoritariamente formado por frequentadores da sede náutica. Desta forma, o clube se vê obrigado a buscar novos investidores a cada ano para, assim, manter viva a chama do esporte. E, para 2011, o cenário é desolador. O próprio presidente do clube, o oficial de justiça Alfredo Maciel, reconhece que não há dinheiro em caixa e que, por isto, talvez seja necessário pedir licença para a próxima temporada.
“Estamos passando por muitas dificuldades. Não temos verba e o Campeonato Estadual da Série B é muito deficitário. Até o próximo arbitral, que acontece dia 29/11, teremos duas semanas para tentar resolver isto tudo. Vamos trabalhar e torcer para que tudo se acerte mas, hoje, o São Cristóvão não teria condições de jogar a Segundona”, admite.

Enquanto isto, o time comandado pelo técnico Badu, apresentado nesta quarta-feira, segue trabalhando na Rua Figueira de Melo. Neste início de preparação, o treinador conta apenas com jogadores jovens, formados nas divisões de base do clube cadete, enquanto aguarda uma definição, na expectativa que o clube participe do campeonato e encontre recursos para qualificar o elenco.

“Começamos essa semana e estamos longe do que queremos. Vamos utilizar os jogadores da casa para termos um time com identidade. É claro que traremos jogadores mais experientes, mas somente que estejam compromissados com o que o clube quer”, analisa Badu, otimista.

Más campanhas em sequência
Se o São Cristóvão há anos não é um forte candidato ao acesso, nas últimas temporadas o tradicional clube cadete deixou a condição de figurante e entrou no pelotão dos clubes que, a cada ano, sofrem para não se verem ameaçados pelo rebaixamento.

Desde a edição de 2007, quando foi apenas o 13° colocado, que o São Cristóvão sequer avança à segunda fase da competição. E, desde então, tem se aproximado cada vez mais das últimas posições.

No ano seguinte, nem mesmo o bom início de competição foi suficiente para evitar a derrocada nas últimas rodadas, que fez com que os alvos perdessem a vaga na segunda fase para o Bréscia e terminassem a competição em 18° lugar entre 26 participantes.

Na temporada 2009, os Cadetes puderam reviver os clássicos com o América, que cumpria seu purgatório após o rebaixamento. Mas, com uma campanha irregular, o clube da leopoldina ficou em 13°, entre 20 participantes, e por pouco não foi obrigado a disputar o grupo X, a repescagem do rebaixamento.

Em 2010, foi por pouco...
O ano parecia promissor para o São Cristóvão. Com um novo grupo de investidores, o clube iniciou a Segundona com um treinador respeitado: Gérson Andreotti, e se permitiu alguns investimentos acima da média, como o atacante Roma, com passagens por diversos clubes das Séries B e C, mas logo começaram a aparecer os problemas.

Com atrasos salariais desde o início da competição, a debandada começou cedo. Após as sete primeiras rodadas, com uma vitória, quatro empates e três derrotas, o treinador pediu desligamento e deixou o clube. Na sequência, o técnico do time juvenil, Marcelo Ribeiro, não conseguiu alterar o cenário e o clube foi obrigado a disputar o grupo X, a repescagem do rebaixamento.

Recheado de pratas-da-casa e com o técnico Zilla Cardoso no comando, o clube alvo finalmente se encontrou e se livrou da queda com rodadas de antecedência, mas ficou com sequelas como dívida e desconfiança. A parceira com os novos investidores, que seria de dez anos, terminou no fim da temporada por desentendimentos. É paradoxal que o clube do padroeiro dos motoristas caminhe há tanto tempo sem direção.
Fonte: www.futrio.net
Colaboração: Alexandre Magno Barreto Berwanger

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