domingo, 7 de novembro de 2010

Eleições

Estudo revela que primeira mulher foi eleita em Minas em 1936 Maria Izabel Vieira Campos assumiu o posto de vereadora em Caratinga, na região Leste do Estado

Quem foi a primeira mulher eleita em Minas? Estudo realizado pelo historiador e geógrafo Nelson Sena aponta Maria Izabel Vieira Campos, vereadora eleita, aos 54 anos, em Caratinga, no Vale do Rio Doce, em 7 de junho de 1936, pelo Partido Republicano Mineiro (PRM). Apesar de a Justiça Eleitoral não ter registros de pleitos anteriores a 1947, levantamento histórico do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) confirma a possibilidade de naquele ano a primeira mulher ter assumido um posto político no estado. No entanto, não é possível garantir que Maria Izabel tenha sido a única mulher eleita em Minas em 1936.

Embora tenham se passados 74 anos, o estudo mostra que a eleição da vereadora tem muito em comum com a da primeira presidente do país, Dilma Rousseff (PT), que também é mineira. “São contextos muito diferentes, mas vejo na Dilma a mesma personalidade forte e de autoridade da minha tia. A luta também é a mesma”, compara o sobrinho e afilhado de dona Izabel Hugo Alves Vieira, de 73 anos.

Ser do sexo feminino nunca foi uma questão na vida de Maria Izabel, que sempre impôs respeito aos companheiros da época, conta Hugo. Rodeada por homens, a professora alta, magra e de feição rígida era severa e muito religiosa. A campanha que a elegeu, inclusive, levantou questões morais que voltaram a pautar, neste ano, os debates das eleições presidenciais no segundo turno no país. Nelson relata, em seu estudo, que o discurso daquela mulher “era conservador ao extremo, afinado com o pensamento da Igreja Católica e com o conservadorismo típico do coronelismo”.

A história política da “mãe dos padres”, como era chamada, se confunde também com o caminho que ela traçou na educação. Maria Izabel era dona do Instituto Nossa Senhora Auxiliadora. O colégio, respeitado na cidade por ter um regime de internato quase militar, deu à sua proprietária prestígio entre os moradores e políticos.

O fato de nunca ter assumido um cargo político e ainda de ser mulher tornaram sua eleição extremamente difícil. Maria Izabel não enfrentou apenas a oposição externa, mas a do seu próprio partido, em que muitos não aceitavam sua feminilidade. Segundo os levantamentos do professor, sua ligação com a educação e com a Igreja Católica foi o fator que a levou a conquistar uma cadeira na Câmara. A professora derrotou, além de candidatos tradicionais na cidade, o próprio irmão, Raymundo Nonnato Vieira, que mais tarde seria presidente da Câmara.

Discurso no jornal
O primeiro discurso como vereadora, publicado no jornal local, O Município, em 26 de agosto de 1936, mostra que sua candidatura passou por uma disputa de ataques, assim como ficou marcada a eleição deste ano: “É ocasião de deixarmos à margem as nossas pequeninas contrariedades, mágoas e ressentimentos, a fim de que algo de útil possa ser construído. Sua interrupção, se quisermos fazer a política dos ditinhos, dos disse-me-disse, das intriguinhas… Vamos! Para a frente! Trabalhemos todos, patrioticamente, irmãmente, para uma causa comum. A causa de Caratinga!”.

Na mesma linha de unir as forças políticas em prol do país, Dilma, na noite de 31 de outubro, prometeu governar com todos os partidos, mesmo os de oposição: “Convido a todos, independentemente de cor partidária, para uma ação determinada, para uma ação efetiva, para uma ação enérgica em prol do futuro de nosso país. Sempre com a convicção de que a nação brasileira será exatamente com a grandeza daquilo que nós todos fizermos por ela”, disse.
Fonte: http://www.uai.com.br/

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