quarta-feira, 25 de agosto de 2010

FUTEBOL NO RÁDIO AINDA MEXE COM A GENTE

por Adilson Dutra*
Sempre gostei de recordar o belo momento vivido pelo rádio esportivo nas décadas 60,70 e 80, quando brilhou intensamente nas transmissões dos grandes jogos e foi o principal fornecedor de material para os jornais diários e de notícias para os apaixonados pelo futebol, que não dormiam antes de ouvir o Panorama Esportivo, da Rádio Globo, que começava às 23 e encerrava antes do Seu Redator Chefe, à meia noite.

Belos momentos, sem dúvida alguma, e desafio: Quem nunca colocou um radinho de pilha no ouvido para acompanhar os jogos no estádio ou até mesmo nas transmissões da TV Rio, que cobria o Campeonato Carioca no início dos anos 70? Isto mesmo, você, que me lê agora, era um destes apaixonados pelo rádio e fã incondicional de Jorge Curi, Waldir Amaral, Doalcei Camargo ou Clóvis Filho, citando os mais antigos, ou José Carlos Araújo, Edson Mauro, Luís Penido para ficar com os mais novos.

No meio da semana, no caderno esportivo de O Globo, a crônica de Bruno Mazzeo, que está se revelando um grande cronista esportivo, fala sobre o rádio e seus ídolos, quase os mesmos citados aqui no início deste texto, mas Bruno ainda relembra os engarrafamentos das ruas cariocas e a companhia do radio do carro para não se estressar. “Saí do hospital, onde fui visitar meu pai (Chico Anísio) e no engarrafamento redescobri o rádio”, diz ele.

E por aqui faço você lembrar os “Trepidantes” da Globo ou dos “Craques da Bola”, da Nacional ou a dupla dinâmica da Tupi. Washington Rodrigues, Denis Menezes, Kléber Leite, Iata Anderson, depois vieram os campistas Eraldo Leite, Elso Venâncio e Cláudio Perrot, porém, tem sempre um porém, a dupla Washington/Denis é insuperável, pelo menos no meu ponto de vista.

Bola rolando no Maracanã e cartão de loteria na mão esperando o tiriri-tiriri da Globo e a chegada de Jairo de Souza, o melhor plantonista de todos os tempos, com os detalhes e as zebras da Loteria Esportiva, que vinham sempre antes dos comentários de Ruy Porto, João Saldanha ou Luis Mendes, no intervalo e no final dos jogos do domingo.

Futebol na televisão não tem preço, principalmente agora, nos anos 2000, quando o sinal digital se espalhou e as câmaras de alta definição chegam aos estádios e nos coloca frente a frente com os jogadores, torcida e dissipa as dúvidas dos lances capitais em segundos.

Não dá mais para pegar o radinho e colar no ouvido, a diferença entre som e imagem é de cinco segundos e quando o som chega a imagem já nos deu todo o desenrolar do lance. Mas bate uma tremenda vontade de ouvir José Carlos Araújo, o remanescente da era de ouro do rádio brasileiro.

Lá na terrinha (Miracema) captava bem as emissoras de São Paulo, já disse isto aqui em outras crônicas, e ouvir Fiori Gillioti era bem legal. Fiori era diferente dos cariocas Jorge Curi ou Waldir Amaral, era mais classudo e vibrante como eles, diga-se de passagem.

Antes de vir para cá me inspirei em Osvaldo Maciel, um narrador prá lá de vibrante, da Globo/SP e as reportagens de Henrique Guilherme e Roberto Carmona me ensinavam como trabalhar em um jogo de futebol.

Correr atrás da notícia, sempre, informar em primeira mão, sempre, e jamais deixar o ouvinte tentando mudar de estação para saber o que acontece nos bastidores. Os repórteres paulistas me marcaram muito mais do que os companheiros do Rio.

Hoje farei como Bruno Mazzeo, vou ligar o radinho para ouvir o clássico carioca e ver como é que andam os companheiros de hoje. Rádio é a emoção maior do futebol.
  
*Adilson Dutra é Jornalista
Fonte: www.odiarionews.net

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