domingo, 20 de dezembro de 2009

NÃO QUERO MAIS TER MEDO

Carlos Roberto Sodré* Em conversa com o professor Luciano Militão, coordenador do Programa Brasil Alfabetizado, entre um papo e outro, falamos dos medos que corroe e assusta os seres humanos. Lembro-me com tristeza de uma época que jamais o povo brasileiro gostaria de recordar. Estou com um pé em 2010, como todos nós. Com as graças de Deus e ajuda das pessoas de bem, creio em mais um ano de vitórias, como tem sido até aqui. Gosto da liberdade, ser livre para mim é uma das maiores conquistas da raça humana, mas percorrer esse caminho não é nada fácil. Às coisas que eu escrevo são de minha responsabilidade, mas minha presença aqui, eu devo ao professor Joaquim e aos proprietários do jornal, é claro. Nasci em 1964, ano de revolução e muito medo, mas muitas conquistas também. Minha Santa mãezinha, que hoje mora no céu, embalou-me em teu colo ao som de Roberto Carlos que cantava justamente o Lobo Mau, e hoje aqui estou tentando, a todo custo, deixar para trás aquele medo que nos acompanhou por gerações. No futebol foi a mesma coisa, os negros não podiam entrar em campo, havia uns “gênios” que entendiam que só os de olhos bem azuis é que tinham habilidades para mostrar, até que surgiu um cidadão com o nome de Edson Arantes do Nascimento, que o mundo idolatra até hoje, desmascarando toda essa cambada. Lembro-me que o Clube de Regatas Vasco da Gama foi o primeiro a dar oportunidades aos cidadãos da cor negra. Então tudo gira em torno do medo. Por incrível que pareça tenho de reconhecer um medo que salva vidas: atravessar a rua, por exemplo; entrar na jaula antes do leão ter sido alimentado, são exemplos de medos que podem salvar vidas. Tudo que tenho feito é por acreditar que muita coisa pode mudar e mudar para melhor. Não por ser contra ou a favor de nada ou de ninguém. Quero ver nossas crianças em ambientes de tranqüilidade, longe daquele regime antigo e sem falsas promessas. Nada de colocar na cabeça do garoto que um dia ele vai parar no Eldorado do futebol. Isso pode significar falsas promessas. Estamos em uma nova época. Hoje temos o direito de ir e vir, de expressar a nossa vontade. Direitos garantidos pela constituição brasileira, portanto não perturbe o meu silêncio e deixe-me trabalhar. O dia que merecer aplausos serei um dos primeiros a levantar-me da cadeira, e de pé, reconhecer a vitória do bom senso e do esporte da Zona da Mata Mineira. Toda referência que faço é sobre a entidade maior do nosso futebol. O presidente é um homem com muitos méritos, nem é preciso mudar a direção para mudar os rumos, é só mudar a cabeça do homem. Quem está a cinqüenta anos à frente de uma entidade, deve ter seus méritos. *Carlos Roberto Sodré é Locutor Esportivo

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