sábado, 5 de setembro de 2009

Seleção Brasileira

Marco Antonio Campos* Semana de jogo contra a Argentina. Dependendo do que acontecer (vitória do Brasil e derrotas de Equador e Uruguai), a Copa de 2010 está garantida. Dunga se mantém fiel ao seu time de poucos craques e muita raça. Mais ou menos como ele mesmo era quando corria atrás da bola. Exatamente por esta característica de raça sobrando e técnica faltando que o Brasil tem um time onde ninguém é um bom cobrador de faltas. Depois que Ronaldinho Gaúcho caiu numa maré baixa sem fim e nem tem sido convocado, este tipo de jogada perigosa se tornou uma mera bola parada. Daniel Alves cobra bem, mas o titular é o Maicon. De repente, este problema pareceu solucionado quando Dunga escolheu o novo dono da lateral-esquerda. Esta é talvez a posição mais carente da seleção. Oito jogadores foram testados e ninguém se destacou muito. André Santos é a bola da vez. Bom lateral, sabe fazer gols (foram 24 em 98 jogos pelo Corinthians) e cobra falta bem. Mas estou preocupado. Li que André Santos, atualmente no Fernerbahçe, da Turquia, se tornou amigo de Roberto Carlos, seu companheiro de clube. E pior, o ex-lateral da seleção é seu maior conselheiro. O mesmo Roberto Carlos que meteu o pé numa bola que ia para fora e marcou um gol contra nas Olimpíadas de Atlanta, em 96, dando à Nigéria a possibilidade de reação que sepultou o sonho da medalha de ouro na morte súbita do gol de Kanu. O mesmo Roberto Carlos que tentou uma bicicleta dentro da grande área e furou, proporcionando a Brian Laudrup empatar o jogo da Dinamarca contra o Brasil, nas quartas-de-final da Copa de 1998. O mesmo Roberto Carlos que foi fazer embaixadas, próximo à bandeirinha de escanteio, não conseguiu controlar a bola direito e cedeu um córner desnecessário que foi cobrado na cabeça de Zidane resultando no primeiro gol da França, na final da mesma Copa. O mesmo Roberto Carlos que foi ajeitar a meia nas quartas-de-final da Copa de 2006, na Alemanha, e deixou o Henri entrar sozinho para marcar o gol francês que mandou o Brasil de volta para casa. Agora Roberto Carlos é quem vai dar as dicas a André Santos. Dicas de quê? De como fazer bobagem em jogos de importância capital? De como ser mascarado e se achar o tal? Talvez uma pequena cartilha com o título: Como Atrapalhar a Seleção Brasileira em Dez Lições e Boas Desculpas para Camuflar Seus Erros. Nem para cobrar faltas o Roberto pode dar conselhos. O que era uma especialidade dele foi se tornando, com o passar do tempo, chutes nas nuvens. O último gol dele desta forma, que eu me lembro, foi o gol de honra do Brasil na derrota de 3x1 para a Argentina nas Eliminatórias para a Copa da Alemanha, em 2005. Quatro anos atrás. Não acompanho o futebol turco, portanto não sei se ele andou acertando por lá. O André Santos devia aproveitar que o Roberto tem uma certa intimidade com os conterrâneos de Napoleão e sair à francesa dessa. Fique ele com o bom futebol que tem, o chute perigoso e o faro de gol que vai lucrar mais. *Marco Antonio Campos é Locutor Esportivo

Nenhum comentário: