domingo, 14 de junho de 2009

O país mais católico do mundo está ficando evangélico? (02)

Fernanda Lima* Nos últimos 2 meses, resolvi ouvir com mais ‘carinho’ algumas emissoras que tem como público, o fiel cristão. Confesso que algumas tem uma programação relativamente interessante, outras tem produção como de emissoras de mais renome, mas onde o bicho pega mesmo são com emissoras que arrendam horários. Como cada Igreja ou cliente é responsável pela produção de seus programas, o amadorismo é gritante. Vinhetas com pastores berrando e um eco horrível de fundo, chamadas apelativas com voz de trovão ‘profetizando’ o seu milagre e outras esquisitices gospel. Igrejas, por favor: contratem pessoas profissionais para isso. É o tipo de coisa que não fica restrito as emissoras evangélicas, isso vale também para as católicas. Segundo dados recentes do IBGE, no caso do perfil religioso, os evangélicos no País passaram de 2,6% para 15,4% nesse período, enquanto a proporção de católicos caiu de 95% para 73,62%, nos últimos 60 anos. Isto demonstra que esse marketing que as igrejas evangélicas tem como estratégia, funciona muito bem e daí surgiu o tal movimento dos católicos carismáticos que tem como principal representante Padre Marcelo, afinal, não dá para ficar para trás. O rádio é o meio mais utilizado pelas igrejas porque tem um alcance muito maior de pessoas, onde se pode usar uma linguagem fácil e com um custo de produção infinitamente menor que programas na TV com suas parafernálias, tanto que igrejas que chegam à televisão, já fizeram um trabalho anterior em rádio e tem toda uma assessoria de imagem, de como falar ao telespectador e principalmente de fazer carinha de ‘amigo legal’ para aumentar seu número de fiéis. É inegável que o crescimento dos evangélicos é importante do ponto de vista teológico, pois Jesus afirmou: ‘ide e pregai o evangelho à toda a criatura’. Mas levar a palavra de Deus deixou de ser o principal em alguns casos; está sendo um novo espaço de show de pastores, cada um divulgando o nome de sua igreja. Afinal, o importante é a palavra de Deus ou a placa da sua igreja? Não sou contra programação evangélica no rádio, prova disso, são emissoras como Vida FM e Nossa Rádio FM que possuem locutores jovens e principalmente profissionais, e tem a programação dominantemente musical, com repertório gospel atual, vinhetas e produção idem. Rede Aleluia, por exemplo, é a ‘Antena1’ do meio gospel, pois tem uma programação e locuções mais light do que as outras. É possível ter uma programação cristã de qualidade? Sim, para isso é necessário conhecer sobre rádio. Conclusão: é inevitável o crescimento vertiginoso dos evangélicos e a mídia, o caso o rádio como meio de chegar aos seus novos fiéis, e nada melhor do que para isso preparar pastores, presbíteros, diáconos, evangelistas e outros obreiros do Senhor a levar a palavra de Deus com respeito, qualidade e principalmente sem ferir a liberdade religiosa porque somos um país laico, pelo menos na constituição. Amém! Resolvi preparar um breve resuminho para que bons programas de rádio religiosos possam ser feitos. Segue: Dicas para Igrejas no rádio:-Assim como padres e pastores tem preparo teológico (pelo menos deveriam ter) para o ministério e para fazer uma pregação, é importante também fazer cursos preparatórios para falar no rádio. O Espírito Santo não age se não houver conhecimento então por isso, estude e prepare-se para falar no rádio. -Gritar no microfone expulsando demônios funciona muito bem na igreja, mas no rádio isso soa totalmente estranho para não dizer horrível. Berrar no rádio é algo totalmente estressante para quem ouve. Pode expulsar demônios, mas a palavra de Deus também diz: "Fazei tudo com zelo e sem escandalizar ninguém". Preparar a voz é fundamental; -Falar demais no rádio funciona mais nas emissoras AM. Em FM, é necessário intercalar a palavra com músicas, por exemplo. -Fazer longas pregações no rádio cansa quem ouve. Prepare sua palavra no sentido de ter no máximo uma pregação de 15 a 20 minutos e está de bom tamanho. -Não atenda ouvinte por apelido típicos do meio como: ’amada’, amiga, colega, irmã etc. Pergunte o nome e chame por tal, afinal é para isso que servem os nomes, ou por irmã Fernanda, por exemplo, que fica muito melhor. -Atenda ouvinte com antecedência para não ter surpresas. Contrate uma produtora para isso. Que não seja irmã(o) da igreja. De preferência com experiência em rádio, se for cristão e experiente com rádio, melhor. -Normalmente o ouvinte quando liga ele está buscando conforto espiritual, então dê a ele este conforto, faça uma oração, mas seja breve sem ser mal-educado, afinal nem tudo é o diabo na vida da pessoa. Atenda pessoalmente casos mais complicados. -Nada de preconceitos com outras religiões ou seitas no ar, assim como tem gente que não gosta de candomblé, tem gente que não gosta de crente. Respeito é bom e Deus gosta! -Ter o dom da palavra é importante, mas ter conteúdo no que se fala é mais importante ainda. Cuidado com o que diz. Tem muita gente que ouve rádio e entende muito de Bíblia assim como você. -O que mais ouço em rádio, são pastores falando o português de forma incorreta: ‘comem letras’, péssima concordância verbal e leitura ruim da Bíblia. Isso nem o Espírito Santo resolve sozinho. Ter humildade e estudar é um bom começo. -No mais, fale com o coração. ‘Teatro’ no rádio pode funcionar por um tempo, mas não para sempre. Se você tem um chamado de Deus então seja verdadeiro naquilo que prega. Adore em Espírito e Verdade. Sempre. Bom gente, esta foi mais uma coluna falando um pouquinho de rádio e das nossas desventuras pelos dials de São Paulo. Mais informações, paixões e atualidades visitem meu blog: http://www.fernandanoar.blogspot.com/ ou em nosso site: http://www.eccovoz.com/. *Fernanda Lima é Locutora e Jornalista Fonte: Tudorádio

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