A Lei Seca está fazendo um ano, logo no inicio de sua promulgação e quando começou a ser implementada escrevi alguns Artigos questionando alguns pontos, por acreditar que ela é inexeqüível.
Fico até certo ponto constrangido em questiona-la devido meu trabalho voluntário ser contra às drogas, e de certa forma, a bebida é uma das piores drogas segundo meu entendimento, porém como alguém que escreve não consigo omitir minha visão, ainda que possa ser mal interpretado ou questionado.
Pois bem, quando falamos em drogas precisamos refletir sobre alguns aspectos. Por exemplo: o álcool é consumido por 90% das pessoas como também o tabaco é por uma grande maioria da sociedade. Sendo assim, como querer impedir que se consuma tais drogas? É impossível. Portanto, o que se pode fazer, é trabalhar investindo na educação no sentido da prevenção, levando as pessoas a conhecerem os malefícios de tais drogas. Uma política repressiva para a sociedade só vai provocar transtornos, e mais ainda, não se vai respeitar a Lei, ou então ela será inócua, isto é, inaplicável.
Por que Leis mais repressivas às drogas ilícitas como a maconha, cocaína e outras obtêm mais êxito? Simplesmente, porque é uma porcentagem relativamente pequena de pessoas que a consomem – ainda que seja algo preocupante. Por exemplo, a maconha não chega a 5% da população e a cocaína a 2%. Observamos que embora a maconha seja consumida por apenas 5%, existe uma luta imensa para que seja liberada.
Fiz esta explanação, para voltar à questão da Lei Seca. Num país onde 90% bebe, imaginar que uma Lei de Tolerância Zero vai funcionar é utópico, pois não há como imaginar que as pessoas não irão pegar o volante sem ter ingerido álcool, e, por conseguinte não irão apresentá-lo em pelo menos 0,2 decigramas no sangue.
As pessoas bebem em casa, bebem nos bares, bebem em festinhas. Enfim, em qualquer lugar que houver um aglomerado de pessoas haverá bebidas nas mesas e a grande maioria que tem carro vai dirigir. Pensar o contrário é hipocrisia. Se os acidentes de trânsito ocorressem por dirigir com o teor de álcool entre 0,2, 04, 06 decigramas no sangue, mais de 80% da população brasileira estaria morta por acidentes de trânsito. Mais uma vez esta é a hipocrisia da Lei.
Pois bem, o que temos observado neste Um ano de Lei Seca é que os jovens continuam bebendo. Os acidentes que no inicio diminuiram já voltaram aos índices de antes da Lei.
Enfim, uma verdade que é clara para todos nós que atuamos com pessoas dependentes é que, para aqueles que são dependentes ou que têm hábito de abusar do álcool e outras drogas, nenhuma Lei vai contê-los. Neste sentido, a Lei Seca não os atingiu. No entanto, ela atingiu de um modo geral, toda sociedade que consome álcool e o apresenta no sangue, dentro dos 0,2 a 0,6 decigramas.
É importante dizer que não estou defendendo o consumo de álcool, estou somente refletindo que a Lei está apenas beneficiando os cofres públicos e prejudicando muita gente de bem. Concordo que alguém alcoolizado ao volante deva receber uma punição rigorosa, perder a carteira de habilitação, receber multas altas, etc. Caso cometa acidente seja punido com todo rigor da Lei.
Esta foi uma das boas alterações que ocorreu, porém, acredito que se fosse mantida a tolerância dos 0,6 decigramas de álcool no sangue, mas que se de fato, houvesse uma fiscalização rigorosa e a Lei fosse cumprida ela seria justa e os índices de acidentes no trânsito seriam reduzidos.
*Ataíde Lemos é Poeta e Escritor
Nenhum comentário:
Postar um comentário