sábado, 27 de dezembro de 2008

Mulheres ganham espaço e comandarão quase 500 prefeituras no país

A partir de 1º de janeiro, elas vão governar 51 cidades mineiras, entre as quais Betim e Governador Valadares. São 10 a mais que em 2004. Em todo o país, serão 494 prefeitas Portal Uai Houve uma época em que elas não tinham sequer direito ao voto e só podiam dar alguma ordem dentro de casa, mesmo assim depois do marido. Com o passar do tempo, as coisas mudaram e elas, cada vez mais, ganham poder e voz de comando. É assim nos diversos setores e também na política. Nas eleições deste ano, foram eleitas 494 mulheres para comandar prefeituras em todo o país, incluindo capitais e grandes cidades.
Em Minas, 51 delas começam a trabalhar a partir de 1º de janeiro como chefes do Executivo, o que representa um crescimento de 24,3% em relação a 2004, quando o sexo feminino conquistou a prefeitura em 41 municípios. Mas o avanço das mulheres nas prefeituras no estado não fica apenas na questão percentual. Existem outros aspectos que revelam que o espaço do sexo feminino na política é cada vez maior. Um deles é que, a partir de 1º de janeiro, elas estarão no comando de três das principais cidades de Minas: Contagem, Betim e Governador Valadares. Já em Montes Claros, quinto maior município do estado, elas não chegaram ao cargo titular, mas conquistaram a vice-prefeitura. Outro fator é que em regiões que sempre tiveram uma predominância do mando masculino – herança dos tempos do ‘coronelismo’ –, desta vez verificaram significativas vitórias do sexo feminino. É o caso do Norte de Minas, onde, nos próximos quatro anos, elas estarão à frente de sete prefeituras. Um dos exemplos mais evidentes da mudança de comportamento dos eleitores é a pequena Ibiaí (7,6 mil habitantes), onde, até então, em 46 anos de emancipação politico-administrativa, a prefeitura sempre foi ocupada por homens. Mas, agora, as mulheres chegarão ao poder por completo. A dentista Marinilza Sales Mota (PSDB) venceu a disputa pela prefeitura, tendo como companheira de chapa a professora Maria Santana Cardoso Muniz (PSC). “Sabemos que enfrentamos um preconceito muito grande, numa sociedade machista como a nossa. Mas acho que isso está mudando. A mulher já conquistou o mercado de trabalho e agora ganha espaço em outra área, que é a política”, afirma Marinilza Mota, que tem política no sangue. É filha do ex-prefeito Antônio Fonseca Mota, que já administrou o município em duas gestões. “Para nós, ter uma chapa feminina é desafiador, pois as pessoas enxergam as mulheres com uma certa insegurança. Mas o nosso objetivo é fazer uma administração inovadora, com muitas conquistas para a cidade”, anuncia. A vice-prefeita eleita, Maria Santana Cardoso Muniz, reforça a proposta da dupla de fazer “grandes mudanças” na administração de Ibiaí. “Vamos investir em educação e saúde, atendendo as expectativas da população”, assegura. Devido a um distúrbio que sofreu na infância, Maria Santana Cardoso Muniz tem baixa estatura (1,30m). Ela diz que o problema não incomoda. “Às vezes, sofro algum preconceito. Mas isso não me afeta em nada. Quando alguém tenta me diminuir por causa da minha estatura, procuro dar a volta por cima. Lembro que o que vale não é tamanho físico, mas sim o pensamento das pessoas”, afirma a vice-prefeita eleita. AGRICULTORA Superação também é a marca de Beatriz Fagundes Alves (PT), de 53 anos, a “Beatriz do Sindicato”, que vai assumir a Prefeitura de Mato Verde (12,7 mil habitantes), outro município do Norte do estado, onde os homens sempre mandaram. Agricultora familiar, Beatriz conta que não imaginava que pudesse chegar ao cargo de prefeita. “Até porque, nunca fui nada na política”, afirma. Natural do povoado de São João do Bonito (a cinco quilômetros da sede do município), ela assumiu a presidência do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Mato Verde no fim da década de 1990. Acabou se firmando como liderança forte na entidade, que tem 3,5 mil filiados. Na eleição, Beatriz derrotou o médico Djalma Freitas (PMDB), apoiado pelo atual prefeito, José Gilvando Novato (PSDB). A agricultora diz que não vai mudar o seu comportamento depois de assumir a prefeitura. “O poder não vai subir à minha cabeça. Vou continuar sendo a mesma Beatriz que as pessoas conhecem. Sou do povão”, garante a nova prefeita. Ela acha que, numa prefeitura, a mulher tem mais condições do que o homem para atender as demandas da população. “A mulher também sabe administrar e conhece mais os problemas da família”, observa. SURPRESAEm 152 anos de emancipação político-administrativa de Montes Claros, os homens sempre chefiaram a prefeitura. Neste ano, pela primeira vez, uma mulher foi eleita vice-prefeita, a dentista Cristina Pereira (PP), companheira de chapa do deputado estadual Luiz Tadeu Leite (PMDB). Ela foi indicada numa composição política entre Tadeu Leite e o deputado Gil Pereira (PP), marido de Cristina. A vice-prefeita eleita conta que, a princípio, nem havia se atinado para o “peso da mulher” na eleição. “Mas depois que fui eleita é que percebi o quanto esta é questão é importante. Fiquei surpresa com a reação das pessoas e com o tanto de pedidos de entrevistas que recebi”, afirma a dentista. “Acho que, hoje, todo mundo está com o olhar voltado para a participação da mulher na política”, disse.

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