Os grandes confrontos do Estádio
Tribuna de Minas
No próximo dia 30, Juiz de Fora comemora os 20 anos da inauguração do seu mais importante equipamento esportivo: o Estádio Municipal Radialista Mário Helênio. Durante estas duas décadas, a arena já foi cenário de grandes emoções, recebeu grandes craques do futebol e foi palco para jogos importantes de campeonatos como o Mineiro, o Brasileirão e a Copa do Brasil. De hoje até a próxima quinta-feira, dia do aniversário, a Tribuna publica uma série de reportagens sobre a história e os grandes momentos do estádio.
Nesta primeira página dedicada a homenagear a data, elegemos dez partidas que, por um motivo ou outro, se tornaram memoráveis. Em um esporte que é fundamentalmente movido pela paixão, cada torcedor guarda na lembrança, pelos motivos mais particulares, seus jogos preferidos. Na matéria a seguir, buscamos elencar as disputas mais marcantes, seja por sua importância histórica, placar elástico, presença de público ou fatos curiosos. Com certeza, todas elas marcaram, de alguma forma, a memória da maioria dos torcedores juizforanos.
Nesta seleção, foram destacados os times que mais jogaram no estádio: Tupi e Flamengo - este último invicto no Mário Helênio -, a abertura do Campeonato Brasileiro realizada na cidade, partidas do Botafogo, que tem em Juiz de Fora um reduto de torcedores fiéis, além de Vasco e Fluminense. Nas fichas desta página, o leitor poderá encontrar nomes de alguns dos maiores jogadores que já pisaram no gramado do Mário Helênio. Além disso, resumidamente, registramos os momentos de alegria, tristeza e curiosidades sobre cada confronto.
Confira os 10 maiores jogos do Municipal:
Tupi 0 x 2 Sport, 30/10/1988
O clássico local foi escolhido para ser o primeiro confronto da nova arena, na época conhecida como Estádio Regional de Juiz de Fora. O Sport entrou em campo com o time que havia disputado, no primeiro semestre, a Segunda Divisão do Campeonato Mineiro. Já o Tupi era representado por sua equipe reserva, pois os titulares estavam em Cabo Frio para enfrentar a Cabofriense pela Série C do Campeonato Brasileiro. O resultado esperado seria uma vitória carijó, único clube local na elite do futebol de Minas Gerais. Mas, coube ao atacante periquito Ronaldo estrear as redes do estádio e escrever seu nome na história. Assim como o Sport, primeiro time a vencer na arena.
Tupi: Ronald; Magno, Oscar, Borges e Marcelo; Wanderley (Waldir), Arlecy (Teófilo) e Ronaldinho; Serginho (Miguel), Amauri e Cláudius (Wanderley). Técnico: Moacir Toledo
Sport: Nelson; Edvaldo, Marquinho, André e Zé Maria; Deca, Guto e Mamão; Zebu, Ailton e Ronaldo Técnico: Geraldo Magela Tavares
Gols: Ronaldo e Mamão (Sport)
Público: portões abertos (estimativa: 60 mil presentes).
Flamengo 2 x 1 Argentino Jrs, 30/10/1988
Após a partida entre os times locais, veio a grande atração da tarde de inauguração do estádio, com o amistoso entre Flamengo e Argentino Juniors. A maior expectativa do público que lotou as arquibancadas era ver o craque Zico, recém-contratado pelo Rubro-Negro após uma temporada na Itália. Mas, ainda não seria daquela vez que o Galinho pisaria no gramado juizforano, pois ainda não estava em condições de jogar. Mesmo assim, os torcedores puderam ver de perto a atuação de grandes jogadores, como Daryo Pereira e Zinho. Mas foi o jovem Bebeto, ainda em início de carreira, quem roubou a cena de uma partida sem grandes emoções e marcou os dois gols do Urubu.
Flamengo: Zé Carlos; Xande, Aldair, Daryo Pereira (Zé Carlos II) e Leonardo; Delacir, Luvanor e Renato; Sérgio Araújo, Bebeto e Zinho. Técnico: Telê Santana
Argentino Jr: Goyen, Gomez, Cáceres, Rodriguez e Mac Allister, Castillo, Redondo e Carrió; Ramiro Castillo, Dertycia e Ereros. Técnico: Osvaldo Veiga
Gols: Bebeto (2 - Flamengo); Dertycia (Argentino Jrs)
Público: portões abertos (estimativa: 60 mil presentes).
Flamengo 5 x 0 Fluminense; 02/12/1989
O maior momento do Estádio Municipal, ainda hoje, foi a despedida oficial de Zico do futebol brasileiro. O Galinho escolheu o clássico contra o Fluminense, pelo Campeonato Brasileiro, como sua última partida vestindo a camisa rubro-negra. Em seu último jogo, o craque não decepcionou: além de marcar o primeiro gol do jogo em uma cobrança perfeita de falta, sua marca registrada, ainda brindou companheiros e torcida com belos lançamentos e uma atuação de gala. No fim da goleada, o dono da festa foi substituído para sair ovacionado por um estádio cheio, apesar de as bilheterias terem registrado apenas cerca de 13 mil pagantes.
Flamengo: Zé Carlos; Josimar, Luiz Carlos, Rogério e Leonardo (Marcelinho); Júnior, Ailton, Zinho e Zico (Uidemar); Bujica e Renato Gaúcho. Técnico: Valdir Espinoza
Fluminense: Ricardo Pinto; Carlos André, Edson, Alexandre Torres e Marcelo Barreto; Donizetti, Vitor, Vander Luís e Marcelo Henrique; Sílvio e Rinaldo. Técnico: Telê Santana
Gols: Zico, Renato Gaúcho, Zinho, Uidemar e Bujica (Flamengo)
Público pagante: 13.783 torcedores.
Cruzeiro 1 x 2 Botafogo, 04/07/1992
A partida entre mineiros e cariocas no Mário Helênio causou polêmica antes mesmo de a bola rolar. Com o Mineirão interditado, a diretoria do Botafogo sugeriu aos dirigentes do Cruzeiro que o confronto fosse realizado em Juiz de Fora, conhecido reduto alvinegro. A manobra foi contestada por outros clubes que disputavam uma vaga na final do Brasileirão, como o Bragantino, mas o chororô não teve resultado. Especialmente para garantir o final da partida, foi instalada no estádio uma iluminação provisória, que teve que ser acionada a partir dos 20 minutos do segundo tempo. Com o apoio da torcida, o Botafogo acabou levando a melhor sobre o já eliminado Cruzeiro.
Botafogo: Ricardo Cruz; Marcão, Renê, Márcio Santos e Odemilson; Carlos Alberto Santos, Pingo, Dias e Valdeir; Renato e Pichetti (Vivinho). Técnico: Gil
Cruzeiro: Paulo César Borges; Paulo Roberto, Paulão, Célio Lúcio e Zelão; Ademir, Boiadeiro, Luiz Fernando e Riva; Macalé e Ramon (Vanderci). Técnico: Jair Pereira
Gols: Valdeir (2 - Botafogo); Luiz Fernando (Cruzeiro)
Público pagante: 13.987 torcedores.
Vasco 4 x 2 Criciúma, 17/11/1996
Já sem chances de conquistar uma vaga na final do Campeonato Brasileiro, o Vasco veio a Juiz de Fora enfrentar o Criciúma em uma das raras atuações do cruzmaltino na cidade. Além de buscar melhorar sua classificação no ranking da CBF e agradar sua torcida, o time carioca buscava a vitória para tentar ajudar o Fluminense a se livrar do rebaixamento. Na goleada, a equipe de São Januário contou com várias estrelas em ascensão, como o então lateral-esquerdo Felipe, e os meias Pedrinho e Juninho Pernambucano, que atuou deslocado na ala direita. Os jovens talentos eram comandados por um não menos brilhante Edmundo que, mantendo a tradição de bad boy, foi expulso.
Vasco: Caetano; Cássio, João Luiz e Alê; Felipe, Cristiano (Macedo), Fabrício, Pedrinho (Ranielli) e Juninho Pernambucano; Edmundo e Toninho (Tinho). Técnico: Antônio Lopes
Criciúma: Roni; Gilson (Jorge Luiz), Wilson, Nielsen e Paulo Henrique (Everaldo); Marcão, Ivair, Mabília e Marco Aurélio; Luiz Carlos Oliveira e Leandro. Técnico: Sérgio Costa
Gols: Macedo, Pedrinho (2) e Juninho (Vasco); Mabília e Everaldo (Criciúma)
Público pagante: 1.720 torcedores.
Tupi 8 x 1 Avaí, 12/10/1997
A maior goleada em um jogo oficial do Mário Helênio, por capricho do destino, foi aplicada justamente por um time local. Em um dos jogos mais lembrados pela torcida carijó, no ano em que o time construiu sua melhor campanha na Série C do Brasileiro, o Tupi não tomou conhecimento do então campeão catarinense. Comandado pelo meia-atacante Pael, o time de Jair Bala não teve piedade do adversário e balançou a rede por oito vezes. O resultado deu ao Carijó uma vantagem folgada para a partida de volta em Santa Catarina e praticamente classificou o Tupi para a seqüência da Terceirona.
Tupi: Zé Luís; Edson, Laerte, Léo Devanir e Rubens (Wandão); Welinton (Clayton), Dário, Sérgio Bigode e Adalto; Mauricinho (Wesley) e Pael. Técnico: Jair Bala
Avaí: Dagoberto; Cedenir, Evandro (Júlio), Jorge e Itá; Dirlei, Diego, Zé Carlos (Arthur) e Dão; Índio e Paulo Roberto (Frantik). Técnico: Abel Ribeiro
Gols: Mauricinho (2), Sérgio Bigode, Laerte, Pael (2), Rubens e Wandão (Tupi); Júlio (Avaí)
Público pagante: 1.690 torcedores.
Tupi 0 x 1 Sampaio Corrêa, 26/11/1997
Se o Tupi viveu seu momento mais memorável no Mário Helênio, a derrota para o Sampaio Corrêa na fase final da Série C do Brasileiro de 1997 é, sem dúvida, o revés mais sentido pela torcida até hoje. O jogo era para ser de festa, pois era a estréia da iluminação noturna definitiva do estádio, e o time vinha embalado na competição, precisando de apenas mais 2 pontos para subir para a Segundona. A torcida compareceu em bom número. Os cerca de 9 mil pagantes fizeram uma bela festa antes mesmo de a partida começar, mas ao som do apito inicial, uma chuva torrencial que desabou e o gol de falta de Adãozinho esfriaram o ânimo carijó.
Tupi: Zé Luís; Edson, Sérgio Bigode, Léo Devanir e Rubens; Dário, Welinton, Clayton (Giva) e Adalto; Mauricinho (Wesley) e Pael (Wandão). Técnico: Jair Bala
Sampaio Corrêa: Geraldo; Erley, Gelásio, Toninho e Lélis; Luiz Almeida, Renato Carioca (Edirzinho), Fabinho (Ricardo) e Adãozinho; Jó e Marcelo Baron. Técnico: Pinho
Gol: Adãozinho (Sampaio Corrêa)
Público pagante: 9.016 torcedores.
Flamengo 0 x 0 Ponte Preta, 02/08/2001
Campeão carioca e da Copa dos Campeões, com o time recheado de grandes jogadores, o Flamengo elegeu o Mário Helênio como sua casa na abertura do Campeonato Brasileiro de 2001, em jogo transmitido para todo o país. Os mais de 26 mil torcedores foram ao estádio atraídos por nomes como Júlio César, Juan, Edilson e o craque sérvio Petkovic. Mas, apesar da grande expectativa gerada pelo favoritismo, o Rubro-Negro não estava em seus melhores dias e não conseguiu passar pelo sistema defensivo bem armado da Macaca. No final, o empate sem gols frustrou a todos, e o time deixou o Estádio Municipal vaiado.
Flamengo: Júlio César; Alessandro, Juan, Gilmar e Cássio; Jorginho, Rocha, Beto e Petkovic; Edilson e Reinaldo. Técnico: Zagallo
Ponte Preta: Alexandre; Dionísio, Rodrigo, Ronaldão e Elivelton; Fabinho, Mineiro, Marquinhos (Roberto) e Piá; Macedo (Beto) e Washington. Técnico: Marco Aurélio Moreira
Público pagante: 26.332 torcedores.
Botafogo 1 x 1 Vitória, 23/10/2004
Querendo contar com o apoio de sua grande torcida em Juiz de Fora e fugindo da pressão do Rio, o Botafogo transferiu a partida contra o Vitória pelo Brasileirão para o Mário Helênio. Os dois times lutavam para não cair para a Segunda Divisão. Com o meia Valdo inspirado, o Fogão conseguiu sair na frente, em um contra-ataque puxado e definido pelo meia Almir, ainda no primeiro tempo. Dono das ações no jogo, o Botafogo caiu de produção após a saída de seu veterano camisa 10. O Vitória empatou já nos acréscimos, quando a torcida botafoguense já cantava o hino do clube, com gol de Leandro Domingues.
Botafogo: Jefferson; Ruy, João Carlos, Gustavo e Jorginho Paulista; Fernando, Túlio, Almir e Valdo (Élvis); Ricardinho e Caio (Cassiano). Técnico: Paulo Bonamigo
Vitória: Juninho; Fabinho, Marcelo Heleno, Alex Silva e Alex Santos; Vinícius, Advaldo (Magnum), Leandro Domingues e Allan Dellon (Gilmar); Edilson e Obina. Técnico: Evaristo de Macedo.
Gols: Almir (Botafogo); Leandro Domingues (Vitória)
Público pagante: 8.755 torcedores.
Tupi 3 x 1 Juventus-MG, 28/05/2006
O último jogo do Módulo II do Mineiro de 2006 foi um épico. Além de vencer o Juventus por dois gols de diferença, o Tupi precisava torcer por um empate entre Uberaba e Valério e uma vitória do Rio Branco sobre o Mamoré para voltar à elite. O Carijó saiu na frente, com Felipe Suriani, mas o autor do gol foi expulso ainda no primeiro tempo, logo após o empate adversário. No intervalo, muitos torcedores deixaram o estádio. Mas, aos 11 do segundo tempo, Leandro Guerreiro fez 2 a 1, e Allan, aos 27, marcou o terceiro. Após o apito final, o jogo entre Uberaba e Valério ainda estava em andamento. Durante 8 minutos, o sistema de som do Mário Helênio transmitiu o final da partida no Triângulo e, só depois de seu fim, a festa pela volta à Primeira Divisão pôde acontecer.
Tupi: Eládio; Adriano (Zé Carlos), João Júnior, Felipe e Rubens; Pires, Rafael Feijão (Alírio Júnior), Gilson e Ronaldo; Allan (Júnior Negão) e Leco. Técnico: José Luís
Juventus: Cristiano; Rafael Alecrim (Fabinho), Jeferson, Mateus e Anderson; Andrezinho, Rafael Souza, Deninson e Guiba; Betim (Alessandro) e Felipe. Técnico: Milagres
Gols: Felipe Suriani, Leandro Guerreiro e Allan (Tupi); Felipe (Juventus)
Público pagante: 1.507 torcedores.
Um comentário:
O jornal esqueceu de citar, o clássico carioca entre Fluminense e Botafogo realizado em 06/10/2001, 2 x 1 para o Flu, cuja torcida estava bem maior no Estádio Mario Helênico, que recebeu neste dia 16.768 pagantes!
Postar um comentário