sábado, 9 de agosto de 2008

Pequim 2008

O DESLUMBRANTE ESPETÁCULO DO HUMANO SOBRE A TECNOLOGIA
(Juiz de Fora-MG)
A deslumbrante abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim marcou pela terceira vez a prevalência do fator humano, do ser, sobre a tecnologia. Nenhum aparato de homens voadores, super homens, máquinas, nada que exibisse um mundo sombrio e cinza de zumbis ao estilo NASA, Tão somente a extraordinária capacidade criadora do homem, o gênio inventivo, à vontade, o reflexo de uma cultura que não se rendeu ainda ao hambúrguer como prato principal e vem comendo Wall Street pelas beiradas.
Os milênios de cultura chinesa expostos em sua quase totalidade numa demonstração que a vida ainda é possível, mesmo num país que estabeleceu um modus vivendi político e econômico com o capitalismo.
Foi ridícula a intervenção do presidente dos Estados Unidos, George Bush, ao falar sobre liberdades e direitos humanos. Que o diga José Ernesto Medellín, executado na quarta-feira pela manhã com uma injeção letal numa penitenciária da morte no Texas, estado natal da família Bush, a revelia de decisão da CIJ (Corte Internacional de Justiça).
Ou as centenas de presos em várias casas semelhantes em todo o território dos EUA, ou nos que estão detidos há anos em Guantánamo, sem culpa formada, sem assistência judiciária, sem direito elementar algum.
Os Estados Unidos não reconhecem a CIJ, embora sejam signatários da Declaração Universal de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas).
Nas Olimpíadas de Moscou a atleta do vôlei Isabel, disse a jornalistas a propósito da competição política que se trava em torno dos jogos, como afirmação de supremacia de um determinado povo sobre outro, os eleitos, ou os fortes, que "os soviéticos organizaram uma Olimpíada para os esportes, os americanos para que pudessem ganhar".
É óbvio que a China vai aproveitar os Jogos de Pequim para mostrar o espantoso crescimento das diversas práticas esportivas no país. E nem teria sentido não fazê-lo. Todos os participantes almejam uma única medalha que seja. Mas não é um objetivo ganhar a qualquer preço.
Que o diga o monumental espetáculo de abertura. Todo o esforço dos que cobriam o evento para a REDE GLOBO em acentuar aspectos negativos da China acabaram perdidos quando o próprio Galvão Bueno declarou que Pequim só encontra paralelo em Moscou e Barcelona (a Espanha a essa época era independente, não havia sido conquistada pelos EUA). E Barcelona não é propriamente uma Espanha espanhola, é Barcelona.
Renderam-se ao êxtase de perceber vida em todas as cores e de todas as formas nos vários momentos da abertura, nas várias composições e movimentos de seres vivos dentro e fora do Estádio Olímpico.
E um detalhe fundamental, que se observa desde Moscou. A participação do público através de coreografias e luzes somando-se ao todo.
A China, sem discussão de mérito sobre a natureza do seu socialismo, deu uma lição notável de vida e sentido ao que se chama ideal olímpico, um tanto desleixado, ou largado de lado. Tem sido uma característica dos países socialistas. Voltam-se para o esporte como afirmação nacional sim, mas como extensão da vida, do homem sujeito de si, portanto, livre das amarras do modelo formatado no "heil Hitler.
*Laerte Braga é Jornalista

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