domingo, 1 de junho de 2008

Juiz de Fora 158 anos

Além da crise do café, a transferência da capital de Ouro Preto para Belo Horizonte e do Rio de Janeiro para Brasília também contribuíram para estagnação Priscila Magalhães - Repórter
Há 158 anos, o povoado de Santo Antônio de Paraibuna era elevado a município e, seis anos depois, em 1856, tornou-se Juiz de Fora. O povoado surgiu a partir de uma modificação no traçado do Caminho Novo (leia matéria sobre o Circuito), estrada utilizada para escoar o ouro produzido em Ouro Preto, levando a riqueza até o porto do Rio de Janeiro. O Caminho Novo foi desviado, em 1836, para a região do bairro Graminha e para a avenida Rio Branco. O coronel Custódio Ferreira Leite e o engenheiro Henrique Guilherme Fernando Halfeld comandaram a obra. Daí ao título de "Manchester Mineira", quando Juiz de Fora atingiu o auge de desenvolvimento, foram 64 anos, fase que perdurou até 1929. Neste ano, a crise do café começou a levar a região à estagnação. "Este título veio a partir de uma comparação com a Manchester da Inglaterra, uma cidade próspera, caracterizada pelas inúmeras fábricas", explica o professor da Faculdade de Engenharia da Universidade federal de Juiz de Fora (UFJF), Cézar Henrique Barra Rocha. No auge, em 1914, a cidade tinha 160 indústrias, a primeira estrada pavimentada da América do Sul - a Rodovia União e Indústria, uma ferrovia ligando o Rio a Diamantina, a primeira usina hidrelétrica da América do Sul - a Usina de Marmelos, e movimentava os primeiros motores elétricos para fins industriais do país, com a Companhia Têxtil Bernardo Mascarenhas.
A primeira região ocupada foi a parte mais baixa, onde estão as ruas referências da cidade: as avenidas Brasil, Independência e Rio Branco (veja os mapas). Segundo Rocha, é natural que a ocupação ocorra primeiro na parte mais baixa, mesmo porque é a que está mais próxima ao rio. A partir daí, o espaço do centro se esgotou a cidade foi crescendo para outras partes mais altas. Como um estágio de desenvolvimento intermediário, Rocha cita o povoamento de bairros como o Bom Pastor, Alto dos Passos, São Mateus e Cascatinha (veja os mapas dos bairros, atualmente). A diferença entre o primeiro e os outros é a qualidade de vida, garantida pela característica de bairro residencial. Os outros bairros são comerciais, com a presença de residências.
Para São Mateus e Cascatinha, Rocha aponta problemas e prevê confusão para a área atualmente. "É uma região com três hospitais e uma maternidade e, ao mesmo tempo, muito barulho, engarrafamentos e poluição". O próximo passo foi o crescimento para a região norte, leste e oeste, com o desenvolvimento de Benfica e a ocupação da Cidade Alta. Nesta última há a predominância de condomínios, como uma forma de resgatar a tranqüilidade não encontrada mais na região central. "Percebemos que esta região também está ficando saturada". A ocupação da região norte se deu às margens da BR-040, o que fez com que esta rodovia perdesse suas características. "Ela está virando uma via urbana", diz o professor, ressaltando que este é um fenômeno perigoso. "Quem passa pela rodovia está em ritimo de viagem e vai acabar encontrando um tráfego urbano, com pessoas indo ao trabalho ou ao lazer".

Causas para a estagnação da Zona da Mata

O auge da cidade aconteceu até 1929, quando a crise do café afetou profundamente a região, grande produtora. Esse recursos financiavam o desenvolvimento da cidade, dando a ela o título de "Manchester Mineira". "Os fazendeiros ainda tentaram substituir o café por outros produtos, mas não deu certo", completa Rocha. A abolição da escravidão também desestruturou as bases da oligarquia cafeeira. Além da crise do café, a transferência da capital de Ouro Preto para Belo Horizonte e do Rio de Janeiro para Brasília também contribuíram para estagnação. O primeiro processo foi financiado com a verba de impostos pagos pela cidade ao governo do estado e o segundo acabou com a forte interação entre Juiz de Fora e a capital do Brasil.

Fonte: http://www.acessa.com/

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