segunda-feira, 21 de abril de 2008

Operação Pasárgada

Apesar da nomeação, no Executivo vereador Isauro Calais nega que haja conflito de interesses
Mulher de presidente da CPI tem cargo no governo Bejani
Norma Sueli Affonso foi nomeada chefe do Procon de Juiz de Fora pelo prefeito
Um caso de nepotismo pode colocar em risco a independência da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) montada pela Câmara Municipal de Juiz de Fora para investigar denúncias de enriquecimento ilícito e supostos desvios de verbas federais contra o prefeito da cidade, Alberto Bejani (PTB). Bejani foi preso pela Polícia Federal (PF) por envolvimento com a quadrilha do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) que desfalcou pelo menos R$ 200 milhões e está preso na penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte. As investigações que podem até culminar com a cassação do prefeito podem não avançar porque a mulher do presidente da CPI, vereador Isauro José de Calais Filho (PMN), ocupa cargo de provimento em comissão (sem concurso público) nos quadros da prefeitura local, o que configura nepotismo cruzado. Essa prática acontece quando parentes de políticos de um dos poderes são contratados para trabalhar no outro, para despistar o Ministério Público (MP), que vem promovendo uma verdadeira campanha contra o nepotismo no poder público em Minas. Norma Sueli Affonso é chefe do Departamento de Estudos, Pesquisas e Projeto, da Agência de Proteção e Defesa do Consumidor do Procon de Juiz de Fora. Nomeada em 24 de janeiro de 2007 pelo prefeito Bejani, principal alvo da CPI, Norma possui vencimentos de R$ 3.000 por mês, segundo organograma de salários estipulado pela Prefeitura de Juiz de Fora. O vereador Isauro Calais disse ontem que não se trata de nepotismo porque, segundo ele, a sua mulher já trabalha na prefeitura desde 1994. Calais alegou que nunca pediu emprego para a sua mulher. No entanto, ele admite que Norma sempre exerceu cargo no Executivo local sem concurso público. Calais defendeu a nomeação da sua mulher justificando que ela possui competência para ocupar o cargo. "Não existe nenhum conflito de interesse. Sempre fui um vereador com total independência. Ela trabalha no Procon porque tem pós-graduação em direito de defesa do consumidor." O presidente da CPI garantiu ainda que a investigação não ficará comprometida. De acordo com Calais, a opinião pública da cidade pode ficar tranqüilaemrelação à lisura e transparência dos trabalhos da comissão. Calais negou que tenha outros parentes trabalhando na prefeitura. Ele disse que não dá empregos para seus consangüíneos em seu gabinete. Mas deu pista de que a prática do nepotismo é comum no Executivo local. "Há dois meses me ofereceram cargos na prefeitura, mas não quis indicar ninguém", contou o vereador. Advogado especialista em direito do consumidor, Calais cumpre o terceiro mandato consecutivo de vereador e já foi secretário executivo do Procon entre os anos de 1993 a 1996. Nas últimas eleições, foi o quarto vereador mais votado da cidade, com 4.304 mil votos. Além dele, são membros efetivos da CPI Rodrigo Mattos (PSDB) e Bruno Siqueira (PMDB), de oposição, e José Emanuel e Aparecido de Jesus (DEM), da base aliada do governo Alberto Bejani.
Colaboração: M.A.F.Fontes

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