quarta-feira, 12 de março de 2008

Haroldo de Andrade

Eduardo Sander

"Quando o Rádio perde um grande mestre, nada podemos fazer. Apenas lamentar e manter vivo o seu legado. Foi assim com Big Boy, Nena Martinez, Collid Filho, José Duba, Antonio Luiz, Waldir Vieira, César de Alencar, Humberto Reis, Gilberto Lima, Hélio Thys, Edmo Zarife, Isaac Zaltman, Moysés Weltman, Waldyr Amaral, Giuseppe Ghiaroni, João Vita, Alípio Miranda (Pato Preto), Dalton Ferreira, Correia de Araújo, José Mauro, Gontijo Teodoro, José Adílson (Gugu), Luís Brunini, os irmãos Curi (Alberto e Jorge), Danilo Bahia, Antônio Porto, Ruy Porto, Juarez Getirana, Samuel Corrêa, Paulo Moreno, Ênio Barbosa, Paulo Martins e tantos outros. 

Neste sábado, 01º de março, Haroldo de Andrade juntou-se a esse timaço celestial. Exatamente no dia em que o seu Rio querido (embora paranaense de nascimento) completou mais um aniversário. Prefiro deixar os causos do grande mestre para Artur da Távola, que certamente prepara um artigo emocionante no jornal O Dia. Vou apenas relatar um fato até hoje truncado e pouco esclarecido. Haroldo NÃO QUIS deixar a Rádio Globo para montar sua emissora, como alguns pensam. A história não foi essa. Em 2002, os jênios (com J mesmo) há uma década à frente do Sistema Globo de Rádio (após a saída do lendário e inesquecível Mário Luiz), decidiram: "Haroldo não se enquadrava no projeto Globo Brasil". E o demitiram, pura e simplesmente. Enxotado como um animal doente, sequer conseguindo despedir-se dos ouvintes! Na véspera, Haroldo trabalhou normalmente. Após (e só após) o término do programa, ele soube que estava dispensado. Esse foi o muito obrigado pelos 41 ANOS de liderança absoluta no horário de 09h ao meio-dia. Três anos depois, venceu uma luta quase insana contra os burocratas de Brasília e inaugurou a sua Rádio, no canal AM 1060. Agora, será administrada pelos filhos Haroldo Jr. e Wilson. 

Para um veículo tão carente e empobrecido de VERDADEIROS talentos, sua morte é outro duro golpe. E para mim, em especial, como jornalista (influenciado pelas legendas citadas no início desta nota) e xereta (eufemismo para pesquisador), está sendo igualmente difícil agüentar os pêsames hipócritas e remorso tardio de alguns profissionais. Deixa pra lá. Coisas tão pequenas merecem desprezo. Nem a globalização, nem a digitalização, nem a acomodação e nem o DINHEIRO irão apagar a fundamental página que Haroldo de Andrade escreveu na história do Rádio brasileiro. Mais uma vez, obrigado, Haroldão! A gente se (re)vê um dia. " 
Eduardo Sander* é jornalista 

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