quarta-feira, 5 de março de 2008

Gil Costa e a resenha do jegue

Saudade do Gil Costa! 
por Chico Maia*

"Um abraço minha cara e minha nobre família mineira". Com essa frase o Gilberto Gil da Costa Ferreira abria o seu programa de rádio, depois de executar o hino do Senhor do Bonfim, da Bahia, cantado pelo Caetano Veloso. Quase dois metros de altura, voz forte, inconfundível e uma capacidade de improviso impressionante, para qualquer assunto. Morreu numa segunda feira (11/12/2006), aos 62 anos de idade, este que foi um dos maiores nomes da história do rádio mineiro. Exagerado muitas vezes, pecou muito por isso e pagou na mesma moeda, mas era de uma generosidade impressionante. Nunca ficava em cima do muro em nenhuma questão, política, social ou esportiva. Se precisasse, saía no braço, o que ocorreu várias vezes.

 Derrubou Paulo Curi 
 Uma ação judicial movida por ele contra o então presidente do Atlético, Paulo Curi, provocou a queda da diretoria. Não era formado em Direito, mas conhecia as leis e os trâmites em todas as instâncias, mais do que muitos advogados. Porém, sua arma mais potente era o microfone, com seu discurso inflamado e fluente. Tornou-se entre o fim dos anos 1970 e meados dos oitenta, o maior ídolo dos taxistas da Grande Belo Horizonte, por defender os interesses legítimos da categoria. Campeão de audiência Primeiro na Rádio Itatiaia, depois na Rádio Capital, onde foi diretor geral, Gil Costa batia recordes de audiência. Era um exemplo bem acabado da força do rádio. A sua "Resenha do Jegue", entre o meio dia e as 14 horas ecoava nas ruas, casas e prédios de Belo Horizonte. Tudo que era falado em seu programa repercutia imediatamente em todas as classes sociais. Política e esporte O programa do Gil era eclético com abordagem profunda dos mais variados assuntos, mas com ênfase maior no futebol e questões urbanas, de interesse da população. Certa vez preparou uma festa de aniversário de um enorme buraco no início do elevado Castelo Branco. Um ano sem providências da prefeitura. O prefeito da época, cujo nome não me recordo agora, mandou prendê-lo. Os taxistas fizeram uma "barreira" nas vias adjacentes e impediram que a polícia chegasse até ele. Ficou lá o bolo comemorativo com a velinha. No dia seguinte o buraco estava tapado. 

Candidaturas 
 Gil Costa foi candidato a deputado estadual duas vezes. Perdeu em ambas as oportunidades por causa do voto de legenda e da opção partidária. Gostava da Arena e depois PDS, o lado que o povo não queria na época, o lado dos militares. Mas ele gostava, e pronto. Suas votações eram excelentes. Se elegeria fácil pelo MDB e depois PMDB, mas ele nunca quis mudar de lado. Preço alto Radical para uns, de personalidade forte, para outros, seja como for, este gênio duro, explosivo e intransigente do Gil custou-lhe muito caro. Certa vez agrediu fisicamente um Juiz de Direito que estaria anulando seus votos numa seção eleitoral na cidade de Sabará. Num outro momento, pegou de porradas um dirigente do América que exercia direito de resposta em sua resenha. O cartola extrapolou na sua fala e o Gil, ao seu lado, apelou feio. Só não foi preso porque escapou antes da polícia chegar.

Princípio do fim
Tancredo Neves foi eleito governador de Minas e o Gil Costa não aceitava de jeito nenhum. Apoiara Eliseu Resende e passou a atacar o Tancredo diariamente. Falava os diabos. Até um dia que o governador eleito lhe mandou um recado: não queria briga. Só queria que o Gil o deixasse em paz. O Gil dobrou a intensidade e o teor dos ataques. Nos dias seguintes, perdeu o comando da Rádio Capital, que era uma emissora paulista. Nunca mais voltou a ter a mesma força que tinha.

Ações judiciais 
 No início dos anos 1980 Gil Costa já respondia a várias ações judicias por danos morais. Perdeu o poder na Rádio Capital em 1983 e acionou também a emissora judicialmente. Perdeu a maioria das ações às quais respondia, inclusive de alguns companheiros nossos de imprensa, atacados por ele. Não conseguiu vencer a demanda com a Capital. Até morrer, ele falava de cor e salteado trechos dos códigos civil, comercial, penal, bem como jurisprudências, que apostava, lhe dariam sentenças favoráveis "brevemente". Nunca vieram As sentenças favoráveis nunca vieram para o Gil Costa, que chegou a ficar rico em determinado momento, mas morreu pobre, desempregado, doente e quase esquecido. Mas não deu a mão à palmatória e nem se deixou humilhar, até o fim. A jornalista Lena Brandão e a empresária Gizele Ferrara, trabalharam com ele na Rádio Capital. Tomaram conhecimento da situação na qual estava vivendo e quiseram ajudá-lo. Ele não quis vê-las.

Eterna gratidão 
Gil Costa foi o responsável pela minha vinda para Belo Horizonte. Descobriu-me na Rádio Cultura de Sete Lagoas, quando eu tinha 18 anos. Me pôs para cobrir inicialmente o América. Dois meses depois me passou para a cobertura do Atlético. Graças a ele conquistei espaço na imprensa mineira e viajei boa parte do mundo transmitindo jogos do Galo, Cruzeiro, América e seleção brasileira. A ele a minha eterna gratidão, e que descanse em paz! Frase "Bom de briga é aquele que cai fora!" Adoniran Barbosa, compositor, cantor e ator. O que não se aplicava a Gil Costa

Currículo 
Natural do Mato Grosso, iniciou a carreira no rádio em Goiânia, na rádio Anhanguera, em 1963. Passou pelas rádios Clube e Brasil Central de Goiânia. Em Belo Horizonte, Gil Costa trabalhou na Rádio Itatiaia indicado pelo narrador esportivo Jota Júnior, onde foi repórter do Cruzeiro. Depois passou pela Rádio Guarani, retornou para a Itatiaia em 1970 de logo após foi para a rádio Gazeta de Alagoas em 1972. Quando retornou a Belo Horizonte, arrendou o esporte da Rádio Jornal de Minas (hoje rádio América) onde comandou um dos programas de maior audiência do rádio mineiro:

"A RESENHA DO JEGUE" 
 Em 1979 foi convidado por Hélio Ribeiro para atuar na Rádio Capital, sendo a primeira voz a ser transmitida pela emissora. Em 1990 foi para a Rádio Inconfidência, em 1993 assumiu a superintendência da Rádio Mineira, da qual era sócio-gerente. Gil Costa foi também assessor do Presidente do Clube Atlético Mineiro, Nélio Brant.

*CHICO MAIA (Francisco Maia Barbosa Duarte) é Jornalista e advogado e colunista esportivo dos jornais O Tempo e Super Notícia. Diretor-presidente do jornal Sete Dias, de Sete Lagoas, e coordenador de esportes da Rede TV, em Minas Gerais. 
Esteve nas Copas de 90 (Italia), 94 (EUA), 98 (França), 2002 (Japão/Coréia) e 2006 (Alemanha) e nas Olimpíadas de 96 (Atlanta ), 2000 (Sydnei ) e 2004 (Atenas). 
Obs: Artigo publicado por Chico Maia em 14/12/06

12 comentários:

Anônimo disse...

o grande gil costa tentou reativar a radio mineira,que voltou a funcionar de 2002 a 2003.Sergio Naya,a tirou do ar.Gil morreu no fim de 2006,pena ,que nao pode esperar o final de Naya,e voltar com a radio em 2009.E preciso que a Anatel resolva esta situaçao colocando a emissora em concorrenia ou sera mais um roubo contra o radio de bh.como a Minas

giselemulherferrari disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
giselemulherferrari disse...

Eu sou Gisele VM Ferreira filha do Gil Costa e estou aqui pra dizer q sou grata a meu pai por td q ele me ensinou...a ter garra,coragem,índole do bem e caráter!!!Meu pai foi e sempre será pra mim um grande homem,q por mts vzs foi mt injustiçado e perseguido tb!!!A verdade dói hj,então imaginem naqueles tempos!!!!Falar a verdade gera problemas,vivemos num mundo hipócrita e falso!!!Esse Sergio Naya ordinário acabou com a vida do meu pai,e foi ficar fora do ar q o matou de tristeza e paixão!!!!Mas entrego nas mãos de Deus pra q ele faça justiça com esse ser sujo,cretino e canalha!!!!Me orgulho mt de ser a única filha mulher do Gil.E assim como ele tenho mt personalidade pra falar o q for,na cara de quem for....tenho a quem puxar!!!E não vou mudar assim como ele não muodu para agradar ninguém!!!!Aonde quer q meu pai esteja sei q está nos braços do senhor pois era uma pessoa mt generosa,de bom coracão e quem o conheçeu sabe disso...aqui me despesso deixando uma frase q ele sempre usava no fim da grande RESENHA DO JEGUE,programa q ficará na história do rádio mineiro:"UM ABRAÇO,VIVA DEUS E VIVA O POVO"!!!!

giselemulherferrari disse...

SERGIO NAYA ACERTARÁ SUAS CONTAS COM DEUS PQ DELE NINGUÉM ESCAPA!!!!!

Rodrigo disse...

Gil Costa foi diretamente responsável por salvar o Clube Atlético Mineiro. Se não fosse por ele, é possível que o GALO não mais existisse. Sou eternamente grato por sua intervenção que provocou a queda do presidente Paulo Curi, o qual não deixa nenhuma saudade. Quanto ao Gil, saudades eternas.

Rodrigo disse...

Gil Costa foi diretamente responsável por salvar o Clube Atlético Mineiro. Se não fosse por ele, é possível que o GALO não mais existisse. Sou eternamente grato por sua intervenção que provocou a queda do presidente Paulo Curi, o qual não deixa nenhuma saudade. Quanto ao Gil, saudades eternas.

Rodrigo disse...

Gil Costa foi diretamente responsável por salvar o Clube Atlético Mineiro. Se não fosse por ele, é possível que o GALO não mais existisse. Sou eternamente grato por sua intervenção que provocou a queda do presidente Paulo Curi, o qual não deixa nenhuma saudade. Quanto ao Gil, saudades eternas.

Rodrigo disse...

Gil Costa foi diretamente responsável por salvar o Clube Atlético Mineiro. Se não fosse por ele, é possível que o GALO não mais existisse. Sou eternamente grato por sua intervenção que provocou a queda do presidente Paulo Curi, o qual não deixa nenhuma saudade. Quanto ao Gil, saudades eternas.

Rodrigo disse...

Gil Costa foi diretamente responsável por salvar o Clube Atlético Mineiro. Se não fosse por ele, é possível que o GALO não mais existisse. Sou eternamente grato por sua intervenção que provocou a queda do presidente Paulo Curi, o qual não deixa nenhuma saudade. Quanto ao Gil, saudades eternas.

Anônimo disse...

Me lembro de uma equipe muito boa de esportes que tinha também o Mario Savagé. Gil Costa, com certeza, será lembrado eternamente no meio do rádio brasileiro.

Ronaldo D Galuppo disse...

``É Gil Costa pra cá , é Gil Costa pra lá , é Gil Costa em todo lugar. Sou do Gil e não abro, sou do Gil e não abro, quero ver o Gil Costa falar.``Este era o seu famoso jingle. Tempos bons aqueles. Lembro-me dele ajudando a armazenar os donativos para uma das inúmeras enchentes do
Arrudas na Rádio Capital na Contorno perto da Praça Milton Campos.

ana disse...

Isso mesmo, trabalhei na Rádio Capital na época das enchentes aqui em BH.
Gil, virava a noite para ajudar a população atingida.