quarta-feira, 26 de março de 2008

Deputados apanham, mas são "fãs" da Folha

Eduardo Ribeiro* Um dos jornais mais críticos do País, que não poupa a classe política pelo menor deslize, a Folha de S.Paulo ostenta uma inconteste liderança entre os deputados federais, numa clara demonstração do estilo masoquista “bate que eu gamo”. O jornal foi apontado numa pesquisa feita em dezembro pela agência de comunicação FSB como o preferido por nada menos do que 85% dos parlamentares (que o citaram como um dos três mais lidos), vindo a seguir O Globo (49%) e o Estadão (33%). O levantamento ouviu 246 deputados federais (quase metade do parlamento), numa significativa amostragem que abrangeu representantes de todos os Estados da federação e de 17 dos 20 partidos políticos com representação na Câmara. Essa amostragem, aliás, foi definida respeitando-se a proporcionalidade existente na Casa em termos quantitativos por partido, sexo e região. O estudo revela que o jornal impresso é de longe o meio de informação preferido pelos deputados federais. Cerca de 70% deles têm nesse veículo sua principal fonte de informação e 96% utilizam-se dessa mídia todos os dias. Mostra, ainda, que a confiança em jornalistas é muito difusa. Clóvis Rossi, Paulo Henrique Amorim e Boris Casoy foram os mais citados, mas quase um terço dos entrevistados não confia em nenhum jornalista em particular. Certamente, neste caso, a recíproca é mais do que verdadeira, tal o descrédito dos políticos perante a opinião pública. A colunista Dora Kramer é a mais lida (43% disseram ler suas colunas), seguida por Renata Lo Prete (37%), Clóvis Rossi e Miriam Leitão (36%) e Cláudio Humberto (35%). Os jornais Valor Econômico e Gazeta Mercantil foram apontados como os de maior credibilidade. Entre as semanais, em que pese a linha ostensivamente agressiva com os políticos, Veja continua sendo a semanal mais lida, indicação feita por 78% dos entrevistados, onde ela aparece como uma das três preferidas, vindo a seguir IstoÉ (52,8%), Época (40,2%) e Carta Capital (25,2%). Os telejornais de maior audiência entre eles são o Jornal Nacional, com 60,6%, seguido do Jornal da Globo (39,4%) e Jornal da Record (29,3%). Ricardo Noblat é o blogueiro mais lido pelos parlamentares, com 24,4% de citações como um dos três preferidos, vindo a seguir o UOL, com 22,4%, o Terra, com 9,8%, e Josias de Souza, com 9,3%. A liderança entre as emissoras de rádio ficou com a CBN, entre as três mais ouvidas por 63,8% dos parlamentares, seguida de BandNews FM (20,3%), Câmara (15,4%), Jovem Pan (8,9%) e Bandeirantes (4,5%). Denominada Deputados Federais, Mídia e Conjuntura Política, a pesquisa foi feita pelo Núcleo de Pesquisas da FSB Comunicações, mediante entrevistas presenciais realizadas entre os dias 04 e 19/12/07 por uma equipe de sete profissionais coordenada por Paula Mena Barreto, com direção de Wladimir Gramacho. Além de instrumento para uso da própria agência, a pesquisa, segundo Gramacho, é uma contribuição para a própria mídia e também para o setor político, já que fornece indicadores confiáveis da influência dos veículos e respectivos jornalistas na atividade parlamentar.
Os 20 anos do programa de trainees da Folha
Outro feito celebrado pela Folha de S.Paulo foram os 20 anos de seu programa de treinamento em jornalismo completados nesta 3ª.feira (18/3), data da formação da primeira turma, de um total de 44 que por lá já passaram. Neste período, foram capacitados 368 profissionais, dos quais 326 chegaram a trabalhar na empresa e 83 ainda ali estão. Concebido originalmente por Arthur Ribeiro Neto, então secretário-assistente de Redação, em 1987, o programa foi coordenado por profissionais como Leão Serva (atual assessor do governador José Serra) e Silvia Bittencourt (stringer da Folha na Alemanha), que cuidaram da primeira turma; Paula Cesarino Costa, hoje diretora da sucursal Rio do jornal; Sandra Muraki, que deixou as redações e agora é sócia-diretora da Tree Comunicação; e Marcelo Leite, colunista e editorialista da Folha. A atual coordenadora, Ana Estela de Sousa Pinto, está à frente do projeto desde a 26ª turma, tendo ela própria participado da 1ª, em 1988. Passaram pelo programa de treinamento (ou começaram o jornalismo por ele) nomes como Américo Martins (BBC), Adriana Wilner, Kátia Cubel (que hoje mora em Brasília, ali dirigindo a agência Engenho Criatividade), Helio Gurovitz (Época), Hélio Gomes (Galileu), Daniela Pinheiro (Piauí), Daniela Falcão (Vogue), Lucas Figueiredo (Estado de Minas), Leandro Loyola (Época), Sergio Teixeira (Exame), Ricardo Anderáos (Publimetro), Sérgio Lírio (Carta Capital), Márcia Benetti (UFRS), Patrícia Zorzan (BandNews), além de profissionais que permanecem na casa, como José Henrique Mariante, editor de Esportes, Alessandra Balles, agora na Folha Corrida, Vinícius Mota, editor de Opinião, Sylvia Colombo e Naief Haddad (Ilustrada), Regis Andaku (UOL), Ricardo Feltrin, editor-chefe da Folha Online, Carlos Kauffmann, gerente do Banco de Dados da Folha, entre outros.
*Eduardo Ribeiro é jornalista profissional formado pela Fundação Armando Álvares Penteado e co-autor de inúmeros projetos editoriais focados no jornalismo e na comunicação corporativa, entre eles o livro-guia "Fontes de Informação" e o livro "Jornalistas Brasileiros - Quem é quem no Jornalismo de Economia". Integra o Conselho Fiscal da Abracom - Associação Brasileira das Agências de Comunicação e é também colunista do jornal Unidade, do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, além de dirigir e editar o informativo Jornalistas&Cia, da M&A Editora. É também diretor da Mega Brasil Comunicação, empresa responsável pela organização do Congresso Brasileiro de Jornalismo Empresarial, Assessoria de Imprensa e Relações Públicas.
Editora: Miriam Abreu

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