terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Proíbido Fumar

Fumaça do mal continua fazendo seus dependentes Apesar de toda divulgação sobre os malefícios do cigarro, a cada dia cresce mais o número de fumantes Ana Ruth Manhães http://www.monitorcampista.com.br/ Os males do fumo são sempre divulgados, mas ainda assim, o cigarro continua presente na sociedade. Se o Projeto de Lei que será encaminhado este mês ao Congresso Nacional for aprovado, o espaço para quem fuma ficará ainda mais restrito do que já é. Se hoje, eles têm um espaço reservado em alguns lugares, com a proibição do fumo em ambientes fechados, restará aos fumantes apenas locais abertos. Para quem não fuma, a convivência com os fumantes nem sempre é fácil. A vendedora Luciana Teixeira de Lima, 27 anos, disse que chegou a terminar um namoro por causa do cigarro. "Mostrei de todas as formas que ele deveria parar, mas ele insistiu e eu não suportei mais", disse. Luciana explicou que tinha alergia à fumaça do cigarro e, por isso, não conseguia ficar perto quando o ex-namorado começava a fumar. Em ambientes de trabalho, onde não há como "pôr um fim na relação", a saída para uma convivência em paz entre o grupo dos fumantes e o dos não fumantes é o bom senso. A escrevente Márcia Valéria Chagas, 47 anos, atualmente está do lado daqueles que não usam o cigarro, mas já esteve do outro lado. "Fumei durante 30 anos, mas parei há dois. Hoje, não suporto a fumaça do cigarro", contou. Das 10 pessoas que trabalham junto com ela, duas fumam. "Mas, ninguém fuma na área interna. Quem quer, vai acender o cigarro do lado de fora. Eu também agia dessa forma na época que eu fumava. Para mim, o mais importante é respeitar quem está ao nosso lado", comentou. Márcia disse que tomou a decisão de parar de fumar quando começou a sentir os efeitos do cigarro em sua saúde. "Estava sentindo um pouco de falta de ar. Vi que não estava bem e que precisava me livrar do cigarro. Decidi e parei de vez". ENTRANHADA Agora, a ex-fumante revela que não gosta nem mesmo do cheiro que acompanha as pessoas que fumam. "Parece que a fumaça fica entranhada até na roupa da pessoa". Com relação à proposta do governo, ela acha que será preciso expor o alerta para que as pessoas sigam a determinação a partir da própria consciência. Onde Márcia trabalha, há vezes em que os clientes acendem cigarro na área interna. "A gente não chama atenção porque eu acho que caberia ao bom senso de cada um", comentou. E por falar em bom senso, os outros dois colegas de trabalho de Márcia tomam a atitude de ir à área externa para fumar mesmo sem precisar de qualquer lei. "Sei que tem gente que não gosta. Nunca fumo em local fechado", contou a atendente Renata dos Santos Rangel, 28 anos. O office-boy Luiz Maurício França tem apenas 18 anos, mas já integra o grupo dos fumantes. "Só que no trabalho, eu praticamente não fumo. Quando acontece, só do lado de fora, em área aberta". A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, a cada dia, 100 mil crianças tornem-se fumantes em todo o mundo. Cerca de 4 milhões de pessoas morrem, por ano, no planeta vítimas do uso do tabaco. Se os números continuarem neste patamar, a tendência é que a estatística torne-se ainda mais grave. Nesse ritmo, até 2020, o número de vítimas fatais subirá para 10 milhões de mortes ao ano. Isso porque o tabagismo está ligado a 50 tipos de doenças, como câncer de pulmão, de boca e de faringe, além de cardiopatias. Segundo a OMS, o fumo é uma das principais causas de morte evitável, hoje, no planeta. Um terço da população mundial adulta - cerca de 1,3 bilhão de pessoas, entre as quais, 200 milhões de mulheres - é de fumantes. Pesquisas comprovam que aproximadamente 47% da população masculina e 12% da população feminina no mundo fuma. Ainda de acordo com os dados da Organização Mundial de Saúde, nos países em desenvolvimento, os fumantes somam 48% da população masculina e 7% da população feminina, enquanto nos desenvolvidos, a participação das mulheres mais do que triplica, num total de 42% dos homens e 24% das mulheres. No Brasil, uma pesquisa realizada recentemente pelo Ministério da Saúde junto com o Instituto Nacional de Câncer mostrou que 18,8% da população brasileira é fumante (22,7% da população masculina e 16% da feminina). A partir deste número, é possível observar que houve uma redução. Em 1989, de acordo com a Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição, este percentual era de cerca de 32%. O cigarro tem mais de três mil substâncias tóxicas. No Brasil mais de 250 mil mortes por ano estão associadas ao cigarro e suas substâncias Este projeto que será encaminhado pela Casa Civil é mais uma tentativa do governo para reduzir o número de fumantes no país. Dados do Inca (Instituto Nacional de Câncer) apontam que mais de 250 mil mortes anuais, no Brasil, estão associadas ao fumo. A extinção dos ambientes reservados aos fumantes, os "fumódromos", está no programa Mais Saúde, do Ministério da Saúde. O Governo Federal também estuda a possibilidade de criar uma taxa adicional para os produtos derivados do tabaco, como uma medida para inibir o seu consumo. Além de buscar a redução das vendas com um preço mais alto do cigarro, o governo também pretende aumentar a arrecadação, já que é grande o gasto com tratamento de doenças provocadas pelo fumo. A fumaça que sai da ponta do cigarro contém, em média, o triplo de nicotina e monóxido de carbono, e até cinqüenta vezes mais substâncias cancerígenas do que a fumaça que entra pela boca do fumante depois de passar pelo filtro do cigarro. Por isso, a intenção de evitar a fumaça em ambientes fechados, para que as pessoas que não fumam não sofram os efeitos do cigarro. Pesquisas nacionais e internacionais indicam que os fumantes passivos têm um risco 23% maior de desenvolver doença cardiovascular e 30% mais chances de ter câncer de pulmão. Além disso, tem mais propensão à asma, redução da capacidade respiratória e 24% a mais de chances de infarto do miocárdio.

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