sexta-feira, 2 de maio de 2025

Neyde - "a fera da Penha"

Neyde Maria Maia Lopes* nasceu no Rio de Janeiro em 17 de dezembro de 1938.

Família
Filha de  Benjamin Lopes* e Cândida Maia Lopes ambos nascidos em Conceição do Formoso, distrito de Santos Dumont), e irmã de Mário Maia Lopes e Marilda Maia Lopes.

Antônio, o "namorado"
Antônio Couto Araújo, natural de Conceição do Coité, na Bahia, nascido em 03 de março de 1933, casado com Nilza Coelho, natural do Rio de Janeiro e pai de Tânia Maria Coelho Araújo (1956/1960), nascida no Rio de Janeiro em 31 de janeiro de 1956, e Solange, a primogênita.

O maldoso
Um homem de cerca de 50 anos abordou Neyde e disse que Antônio era casado e tinha duas filhas. 

O rancor
A partir daí, Neyde passou a seguir Antônio, e descobriu tudo sobre sua família. Durante alguns meses, ela rondou a residência do casal na rua Antônio Vargas 108, em Piedade, subúrbio carioca, utilizando a desculpa de que tinha estudado com Nilza no colégio Duque de Caxias e estava interessada amorosamente em seu irmão, Nelson Coelho.

Gravidez/aborto
Havia um boato de que Antônio teria forçado Neyde a fazer um aborto. Essa informação não foi esclarecida, porém constava no diário de Neyde, onde ela diz que após a descoberta da gravidez iria romper com Antônio, explicar aos pais que estava grávida e criaria sozinha o seu filho (a).

O sequestro
Até que um dia decidiu sequestrar Tânia Maria, filha mais nova do ex-amante, na tentativa de ameaçá-lo, ao descobrir que ela era o "xodó" de Antônio. 
No dia 30 de junho de 1960, Neyde ligou para o Instituto Joemar, localizado na rua Gonçalo Coelho, 223, em Piedade, e disse ser Nilza, a mãe de Tânia Maria. Ela citou o nome de uma vizinha, que se chamaria Odete, e que tinha de ir a uma consulta no seu médico em outro bairro, deixando a responsabilidade de buscar a filha mais cedo com ela. Neyde então chegou ao colégio dizendo ser Odete, e por conta da falta de prevenção e monitoramento a sequestros nos colégios nesta época, conseguiu levar a criança. Ao chegar ao Instituto, por volta das 14h, para levar a merenda de Tânia, Nilza descobriu que sua filha havia sido retirada por outra mulher, assim, junto da diretora do Joemar, comunicou o fato à polícia.

O crime 
Durante a tarde, Neyde passeou com Tânia em várias ruas e bairros do Rio, dando-lhe balas, pipoca e comprando um frasco de álcool, que segundo ela seria para fazer um remédio para um resfriado. Levou a menina até a casa de Zizélia, residente no conjunto habitacional IAPI da Penha. Zizélia havia sido inquilina de sua avó. Conversaram e ela disse que a menina era filha de sua amiga que vivia no bairro de Cavalcanti. Zizélia disse em depoimento que estranhou o fato de Neyde ter retirado uma mecha de cabelo da menina (provavelmente para que pudesse provar à Antônio que tinha raptado sua filha). Durante esse período, Neyde ligou diversas vezes para a casa da família, dizendo estar com a menina. Por volta das 20h, Neyde levou Tânia a um galpão do Matadouro da Penha e com um revólver calibre 32, atirou na nuca da criança à queima roupa. Tentando ocultar o cadáver, Neyde incendiou o corpo de Tânia e ao deixar o local, foi vista por funcionários do matadouro que comunicaram o fato à polícia.

Sepultamento
O corpo de Tânia Maria foi sepultado no cemitério de Inhaúma e seu túmulo tornou-se ponto de peregrinação de fiéis de diferentes denominações religiosas, que associam a menina como benfeitora de muitos milagres.  

Julgamentos
O julgamento ocorreu entre 04 e 05 de outubro de 1963. Após 16 horas de sessão, o júri votou pela condenação de Neyde, pelo sequestro (07 votos a 00) e pelo homicídio (06 votos a 01). O juiz Bandeira Stampa, presidente do II Tribunal do Júri, proferiu a sentença de 33 anos de prisão (30 pelo homicídio e 03 pelo sequestro) em regime fechado. Por conta da pena ter ultrapassado mais de 20 anos, um segundo julgamento foi solicitado pelo advogado de defesa. Esse julgamento ocorreu entre 20 e 21 de abril de 1964 e confirmou a sentença (por 06 votos a 01). A decisão dos julgamentos só seria confirmada pela justiça em 1966.

Consequências 
Após cumprir 15 anos de prisão (sendo sua pena reduzida através de indulto de 33 para 21 anos), Neyde Maia Lopes foi solta em 09 de outubro de 1975.
Viveu durante todo o seu tempo restante com seus pais até eles morreram. Possuía como “hobbies” apenas atividades comuns de uma idosa, como assistir programas de televisão e era uma senhora reclusa.  

Antônio e Nilza
Os pais de Tânia permaneceram juntos após a tragédia. Nilza perdoou o marido e o casal teve mais três filhas. 

Morte
Neyde Maia Lopes morreu aos 84 anos, em 02 de maio de 2023, no hospital Souza Aguiar, no Rio de Janeiro e sepultada em 03/05, no cemitério do Caju, na zona portuária do Rio.

Filmes sobre o caso
Crime de amor (1965), de Rex Endsleigh;
O Lobo Atrás da Porta (2013), de Fernando Coimbra.

Seriados sobre o caso
Culpado ou inocente (1983)  Rede Bandeirantes.
Linha Direta Justiça (2003) — Rede Globo. 

Livros sobre o caso
Os olhos dourados do ódio (1962), de José Carlos Oliveira;
Características do crime esquizofrênico (1965), de José Alves Garcia. 
Alguns casos de polícia (1978), de José Monteiro;
Crimes que abalaram o Brasil (2007), de Marcelo F. de Barros, Wilson Aquino, George Moura e Flávio Araújo;
Mulheres do Brasil, a história não contada (2018), de Paulo Rezzutti.

Observações
O escritor José Arantes Mourão (nascido em Piau) informa na página 181 de seu livro "Recordações de Piau" que o nome do pai de Neyde era José Maia, natural de Conceição do Formoso, distrito de Santos Dumont, e de que ela, Neyde, teria nascido em Formoso. De que ele, José Maia quando chegou a Piau e montou uma padaria, tinha um casal de filhos, Neyde e Mário, que posteriormente, se tornou fiscal da prefeitura de Duque de Caxias.

Mudanças
José Maia, após cometer um homicídio em Formoso, teria se mudado para Piau, de lá para Duque de Caxias, e posteriormente, para o subúrbio do Rio.

 

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