domingo, 6 de maio de 2012

Fluminense F.C.

Recordar é viver - A decisão de 1946

por Paulo César
No início do ano, o treinador Gentil Cardoso profetizou: "deem-me Ademir, e eu lhes darei o Campeonato". Os dirigentes tricolores cumpriram sua parte, tiraram Ademir do Vasco da Gama. E então Gentil se viu obrigado a fazer do Fluminense o grande campeão de 1946.

O Campeonato não foi nada fácil, talvez tenha sido o mais equilibrado de todos os tempos. Após as 18 rodadas, 4 clubes terminaram rigorosamente empatados na primeira colocação, com 26 pontos ganhos cada um. O Fluminense tinha maior goal average que Flamengo, América e Botafogo, mas o regulamento determinava o desempate em um quadrangular final. Pela primeira vez na história, a glória máxima do Rio de Janeiro seria decidida num Supercampeonato.

Na primeira rodada do Supercampeonato, o Fluminense apenas empatou com o Flamengo em São Januário, 1 a 1. Foi o único tropeço do Tricolor: depois disso, vitórias sobre o América (8 a 4 em General Severiano), o Botafogo (3 a 1 em São Januário), o Flamengo (4 a 1 em São Januário) e novamente o América (6 a 2 na Gávea). No jogo final, marcado para São Januário, os dois clubes com chances de título se enfrentariam: o Fluminense com 9 pontos, e o Botafogo com 8. O estádio do Vasco transbordava de gente, com 27.094 pagantes ansiosos pela decisão. Qual seria o grande campeão? O Botafogo de Heleno ou o Fluminense de Ademir? Venceria a defesa mais segura do Botafogo, ou o ataque mais produtivo do Fluminense?

O Tricolor não escondia a condição de favorito. Afinal, sempre fora o maior campeão da cidade (já somava 14 conquistas até então, incluindo 1 tetra e 2 tricampeonatos). Além disso, o seu ataque era avassalador: antes da partida decisiva, o Fluminense assinalara incríveis 96 gols em 23 jogos. Era praticamente impossível parar aquele quinteto extraordinário, formado por Pedro Amorim, Ademir, Careca, Orlando Pingo de Ouro e Rodrigues.

O Fluminense começou o jogo no ataque, insistindo nos primeiros 12 minutos, até que o Botafogo conseguiu começar a agredir também. Mas a vigilante defesa tricolor, formada por Gualter e Haroldo e protegida por Paschoal, Telesca e Bigode, sempre conseguia afastar o perigo. O primeiro tempo estava perto de terminar, quando o alvinegro Belacosa escorregou, abrindo um clarão na defesa do Botafogo. Foi ali que Pedro Amorim tocou, e Ademir invadiu, desmarcado. Ele arrematou forte, e a bola entrou no canto direito do gol defendido por Oswaldo Baliza: Fluminense 1 a 0 na finalíssima.

O Botafogo não tardou a reagir, mas Tovar e Heleno desperdiçaram a chance que tiveram, graças à intervenção de Bigode, e o primeiro tempo terminou com a vantagem tricolor no placar. Na segunda etapa, as ações correram de maneira semelhante: inicialmente, o Fluminense atacou; depois, o Botafogo equilibrou. O goleiro tricolor Robertinho precisou agir algumas vezes. Em duas oportunidades, uma para cada lado, a bola explodiu na trave: uma cabeçada de Heleno para o Botafogo, e uma cabeçada de Careca para o Fluminense.

O árbitro Mário Vianna teve grande atuação, sendo imparcial e enérgico, de acordo com quase todos os relatos disponíveis. Quando ele apitou o final da partida, os torcedores tricolores invadiram o campo para abraçar os jogadores campeões, numa enorme demonstração de alegria.

Da beira do campo, Gentil Cardoso avistou Ademir nos braços do povo. Então, lembrou-se de sua promessa e chorou. Ele deu mesmo o Campeonato ao Fluminense.
Fonte: http://www.jornalheiros.blogspot.com.br/


Ficha Técnica

22/12/1946 - Fluminense 1 x 0 Botafogo

Local: São Januário (Rio de Janeiro).

Motivo: Campeonato Carioca de 1946 (decisão).

Árbitro: Mário Vianna.

Renda: Cr$ 335.995,00.

Público: 27.094 pagantes.

FFC: Robertinho; Gualter e Haroldo; Paschoal, Telesca e Bigode; Pedro Amorim, Ademir, Careca, Orlando Pingo de Ouro e Rodrigues. Técnico: Gentil Cardoso.

BFR: Oswaldo Baliza; Gérson e Belacosa; Ivan, Newton Senra e Juvenal; Nilo, Geninho, Heleno, Tovar e Braguinha. Técnico: Martim Silveira.

Gol: Ademir, aos 36 do primeiro tempo.

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