quarta-feira, 24 de agosto de 2011

O DESGOSTO DE AGOSTO

por Fahed Daher
A história, memória fugidia da nação, se perde nas neblinas dos tempos.
Agosto de 1954, tumulto nacional. Acusações e movimentos políticos militares. Na madrugada de 24 Getúlio Vargas acuado pelas forças políticas e setores militares, resolve não reagir e após declarar: "Não quero ver derramamento de sangue entre irmãos," se referindo a possíveis confrontos de armas, Getúlio dispara o tiro em seu próprio coração.
Agosto de 1976, dia 22, outra morte violenta. Juscelino Kubitschek, perseguido pelo governo sob o comando de militares, doente, diabético, já pelos 70 anos de idade, numa viagem de São Paulo para o Rio de Janeiro, seu automóvel recebeu uma batida na traseira e se despencou para a pista contrária. Foi esmagado num choque com um caminhão de 30 toneladas..
Agosto, dia 25 de 1961, Jânio Quadros renuncia à presidência da república estando o vice-presidente em missão diplomática na China. Tumulto nacional.
Juscelino visto atualmente apenas como político, tem história médica notavelmente reconhecida, a ponto de, no ano de 2005, em congresso nacional da sociedade brasileira de urologia, estar consagrado como "Patrono da Urologia do Brasil." É o primeiro médico a desenvolver a urologia infantil no Brasil.
Também, num levantamento da sociedade de Medicina de Minas Gerais, entre os vinte melhores médicos mineiros do século vinte está inscrito o nome de J.K.
A morte desastrada de Juscelino, cujo acontecimento deixou a suspeita não confirmada de que foi ato de terrorismo do "Plano Condor," atividade dos governos militares da América do Sul, que buscava eliminar todos os lideres contrários.
A morte de J.K. levou o povo brasileiro à tristeza e em sua honra tanto se cantou o "peixe vivo", canção da sua juventude, nas serenatas de Diamantina.
Dr.Fernando Araújo, ex-presidente da Associação Médica Mineira, presidente da Academia Mineira de Medicina, fez o pronunciamento pela morte de J.K.
"-Se tudo que houvesse de ser dito sobre Juscelino Kubitschek, à beira do seu túmulo, para exprimir o sentimento do povo, fosse lido naquele momento de tristeza e de despedida, todos os discursos seriam insuficientes".
E seria exatamente o que ninguém poderia querer naquele último momento, quando o povo o via, pela primeira vez, inerte, sem vida.
Seria melhor que lá estivessem os seresteiros de sua querida Diamantina, cantando o "peixe vivo, a canção que o embalou na sua juventude e que, reunido aos seus amigos, ao redor de uma fogueira, todos de braços dados, cantavam balançando o corpo". A voz do seresteiro seria o melhor discurso.
Ela lembraria a todos os mais velhos a mocidade do estudante pobre; aos mais jovens o otimismo do médico humanitário e o dinamismo do político e aos conterrâneos do futuro o patriota e realizador que projetou nosso país no cenário mundial.
Relembraria a disposição da sua alma que se traduzia em atos de bondade, em conseqüência de seu caráter nobre e que lhe permitia ter altivez sem soberba, discorrer sem presunção e responder aos ataques com generosidade, desarmando e nunca ferindo os adversários.
Por amor à pátria sempre manteve a nossa bandeira no alto do mastro mostrando ao mundo a nossa independência e que estas terras são nossas.
Na medicina colocou todo o seu esforço no sentido de fazer do aperfeiçoamento, da ética e da dedicação os pacientes pobres da Santa Casa o propósito da sua vida.
"Na política colocou seu dinamismo e sua coragem a serviço da honra e do direito, chegando a momentos heróicos, como na construção de Brasília."
A sociedade mineira de Medicina classificou J.K. entre os vinte melhores médicos do século vinte, pela dedicação e desenvolvimentos pioneiros na medicina.
A Sociedade Brasileira de urologia distinguiu Juscelino para ser o patrono da urologia do Brasil, em congresso do ano de 2005.
Fonte: http://www.abdic.org.br/

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