sábado, 17 de julho de 2010

TI TI TI

O sucesso do remake das novelas

Quatro produções e suas versões atualizadas mostram como a passagem do tempo não foi suficiente para apagar o interesse por personagens e tramas

A trama da novela Tititi, que estreia nesta semana na TV Globo, é uma adaptação de um dos maiores sucessos de Cassiano Gabus Mendes (1920-1993), um dos grandes mestres da teledramaturgia. A rivalidade entre dois amigos de infância que fingem ser costureiros internacionais vai ser contada novamente 25 anos depois, com roupagem nova, adaptada por Maria Adelaide Amaral.
 -1985 - Da autoria de Cassiano Gabus Mendes, foi um dos maiores sucessos do horário das 7, com Reginaldo Faria e Luis Gustavo nos papéis principais.

-2010 - A adaptação de Maria Adelaide Amaral mistura a história principal dos costureiros com tramas paralelas de "Plumas & paetês", do mesmo autor.

A dupla principal, Victor Valentim e Jacques Leclair – na versão original vivida por Luis Gustavo e Reginaldo Faria –, agora será interpretada por Murilo Benício e Alexandre Borges, dois atores que já provaram que sabem fazer comédia. De 2004 para cá, houve cinco remakes no horário das 6 – Cabocla, Sinhá Moça, O Profeta e Paraí­so, todos originalmente sucessos (leia o quadro abaixo). Tititi leva o remake ao horário das 19 horas, mostrando que há uma tendência às adaptações do que já deu certo.

Remontagem de novela não é coisa nova. Historicamente, várias tramas foram refeitas. A viagem, de Ivany Ribeiro, da Tupi, em 1975, ganhou adaptação em 1994 na Globo e foi recordista de audiência. Mulheres de areia, da mesma autora, foi exibida em 1973 e teve remake em 1993, e também agradou ao público. Ultimamente, porém, a frequência tem sido maior. Um dos motivos é a aceitação popular. “Recontar uma narrativa faz parte da história da literatura universal e adaptá-la para novos tempos é característica intrínseca da indústria do audiovisual”, diz Mauro Alencar, doutor em teledramaturgia brasileira e autor de A Hollywood brasileira – Panorama da telenovela no Brasil.

Entram nessa lógica não só as novas produções: o programa Vale a pena ver de novo, exibido no começo da tarde desde 1980, tem registrado audiência (em relação ao número de televisores ligados) muitas vezes maior do que as novelas de horário nobre. Recentemente, o último capítulo da reprise de Senhora do destino, de Aguinaldo Silva, obteve 29 pontos. Enquanto isso, Tempos modernos, a atual trama das 7 escrita por dois autores da nova geração, Duda Rachid e Thelma Guedes, amarga um resultado de 25 pontos de média.

O segundo motivo é a renovação de autores, que é apenas regular. Não há tantos grandes nomes da teledramaturgia da emissora. Poucos são os jovens que chegaram ao primeiro time. Um deles é João Emanuel Carneiro, autor de A favorita. Outra foi Andréa Maltarolli, que chegou a agradar com Beleza Pura, no horário das 7, e morreu de câncer no ano passado.

“Benedito Ruy Barbosa, um dos autores mais festejados, já não tem mais condições de escrever”, diz o pesquisador Nilson Xavier, autor de Almanaque da telenovela brasileira. Silvio de Abreu, que revezava com Cassiano Gabus Mendes as comédias das 7 nos anos 80 e na última década apenas coordenava novos autores, voltou para o front com Passione. Maria Adelaide Amaral, autora mais chegada a minisséries, assumiu o remake de Tititi.

O horário das 7 que foi nobre nos anos 80, com Guerra dos sexos e Vereda tropical, de Silvio de Abreu, Brega & chique e Que rei sou eu?, de Cassiano Gabus Mendes, hoje perde para as tramas das 6. Tempos modernos é considerado o maior fracasso dos últimos dez anos na faixa. A novela das 7 sempre foi o horário da comédia, do texto irreverente. Por isso, muitos atores de programas de humor, como Bruno Mazzeo, Maria Clara Gueiros e Ingrid Guimarães, estrearam em novelas nessa faixa. Mas nem todas as inovações recentes foram bem-sucedidas.

Os remakes também não são garantia de audiência. A maioria costuma ter bastante êxito. Mas há exceções. Irmãos coragem marcou a década de 70 e alçou Tarcísio Meira ao posto de galã nacional. A adaptação de 1995 não foi tão bem e chegou a ser encurtada. Os críticos apontaram a ingenuidade da trama e dos personagens, que não mais convenciam duas décadas depois.

A Globosat lançou um novo canal, o Viva, cuja grade é apenas de reapresentações de novelas e programas da TV Globo.
Fonte: G1

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