quarta-feira, 5 de maio de 2010

O “EVEREST” DO FUTEBOL MUNDIAL

Faustino Vicente *
O lugar mais alto do planeta azul é muito mais que uma imponente montanha coberta de gelo.O Everest – teto do mundo com seus 8.844,43 metros de altura - não perde o poder de atração. É o pódio reservado para uma classe especial de seres humanos – pessoas que sabem transformar dificuldades em vitórias memoráveis. Nas imediações do pico da montanha, cada passo é uma decisão - solitária e arriscada - que exige conhecimento, coragem, experiência, determinação, autocontrole e fé inabalável na superação do maior obstáculo para o ser humano – ele próprio.

O local mais ambicionado pelos amantes do alpinismo é, paradoxalmente, o mais agreste e isolado da terra. A permanência humana nesse local só é suportável por pouco tempo, consagrando a máxima de que a chave do sucesso encontra-se na caminhada, não na chegada. Uma reflexão sobre o montanhismo pode deixar lições exemplares para todos aqueles que buscam uma carreira bem-sucedida e duradoura. A Copa do Mundo é, sem dúvida alguma, o Everest do futebol. Este esporte tem a magia de oferecer oportunidades, para que garotos da periferia apliquem dribles sensacionais na pobreza e tornem-se cidadãos do mundo.

Apesar de existirem clubes que possuem excelentes infra-estruturas, o berço natural de craques continua sendo os campinhos de terra nos bairros das cidades. Aí, um grupo de garotos, sem camisas e descalços, corre atrás da bola e, naturalmente, de seu sonho maior – vestir a sedutora camisa da seleção de seu país. A descoberta das vantagens do marketing esportivo, pelo mundo dos negócios, levou os clubes à profissionalizarem a gestão. Planejamento estratégico, comissão técnica multidisciplinar, investimentos em infra-estrutura física e excelência em recursos humanos, são ingredientes da receita indicada à conquista de títulos. O esporte, e a arte, são segmentos extremamente democráticos,pois dão oportunidades (iguais) para que as pessoas possam revelar e desenvolver o seu potencial.

A realização da Copa do Mundo é o mais atraente evento esportivo do planeta, pois movimenta todos os segmentos da sociedade, até o religioso. Orações de torcedores e promessas de jogadores, são práticas comuns. Atraídos pelos euros e dólares, os craques têm trocado de clubes, e até de continente, com extrema facilidade, ao mesmo tempo em que cuidam da saúde física e aprimoram-se nos fundamentos essenciais da profissão. São os atletas globais, jovens que conseguiram fazer de suas excepcionais habilidades um meio de ganhar salários de causar inveja à executivos de grandes empresas.

Adquiriram a consciência de que dependem de seu desempenho em campo e da contribuição efetiva que devem dar para a conquista de títulos para suas equipes. No esporte de alto rendimento, a avaliação de desempenho acontece, “ao vivo e a cores”, pela comissão técnica, pelos profissionais da mídia e, principalmente,por aquela que contribui com os elevados saldos bancários dos jogadores – a apaixonada torcida. Diante dessa realidade vale a pena enfatizar que cada trabalhador, independentemente da função que exerça, deve se considerar presidente da mais importante empresa do planeta – ele próprio.

O capital de cada um de nós é o nosso potencial – capacitação técnica, conduta ética e as habilidades ecléticas – valores agregados que levam à concretização de nossas metas, ideais e, até de nossos sonhos. O sucesso (sustentável) de uma carreira depende da visão estratégica da atividade em que se atue. Essa percepção tem sido o passaporte para que ex-jogadores tornem-se técnicos, garotos-propaganda, comentaristas,empresários e,até incentivadores do Terceiro Setor.

Estamos convencidos que os executivos que tiverem a ousadia, e a humildade, de criar essa cultura empreendedora em suas empresas, estarão atingindo o pico do “Everest organizacional”.

* Faustino Vicente é Professor, Advogado e Consultor de Empresas e de Órgãos Públicos
E-mail: faustino.vicente@uol.com.br - tel. (11) - 4586.7426 – Jundiaí (Terra da Uva) – São Paulo - Brasil

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