quarta-feira, 31 de março de 2010

“Luta, Substantivo Feminino”

Publicação apresenta perfis de mulheres que foram assassinadas ou desapareceram e de sobreviventes de diferentes organizações de resistência à ditadura militar (1964-85) A ministra Nilcéa Freire, da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM), e o ministro Paulo Vanucchi, da Secretaria dos Direitos Humanos (SEDH), ambas da Presidência da República, lançaram, no último dia 25, o livro “Luta, substantivo feminino”, que retrata as histórias de mulheres torturadas, desaparecidas e mortas na resistência à ditadura militar (1964-85). O livro reúne os perfis de 45 mulheres assassinadas ou desaparecidas e outras 27 sobreviventes de diferentes organizações de resistência à ditadura. Seus casos foram julgados pela Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, em quinze anos de atividade. A obra traz informações sobre as circunstâncias em que essas mulheres morreram ou desapareceram. Algumas estavam grávidas, outras amamentavam, todas foram torturadas e, não raro, estupradas – inclusive algumas sobreviventes. “Luta, substantivo feminino” é a terceira publicação desenvolvida a partir do livro-relatório “Direito à Memória e à Verdade”, lançado pela SEDH, em agosto de 2007, que apresenta todos os casos julgados pela Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, desde sua criação, em 1995. Assim, o Estado brasileiro reconhece sua responsabilidade pela morte e pelo desaparecimento de homens e mulheres durante o regime militar.

Um comentário:

Anônimo disse...

José Ribamar Bessa Freire*
São mulheres de diferentes cidades do Brasil. Algumas amamentavam. Outras, grávidas, pariram na prisão ou, com a violência sofrida, abortaram. Não mereciam o inferno pelo qual passaram, ainda que fossem bandidas e pistoleiras. Não eram. Eram estudantes, professoras, jornalistas, médicas, assistentes sociais, bancárias, donas de casa. Quase todas militantes, inconformadas com a ditadura militar que em 1964 derrubou o presidente eleito. Foram presas, torturadas, violentadas. Muitas morreram ou desapareceram lutando para que hoje nós vivêssemos numa democracia.
As histórias de 45 dessas mulheres mortas ou desaparecidas estão contadas no livro “Luta, Substantivo Feminino”, lançado quinta-feira passada, na PUC de São Paulo, na presença de mais de 500 pessoas. O livro contém ainda o testemunho de 27 sobreviventes e muitas fotos. Se um poste ouvir os depoimentos dilacerantes delas, o poste vai chorar diante da covardia dos seus algozes. Dá vergonha viver num mundo que não foi capaz de impedir crimes hediondos contra mulheres indefesas, cometidos por agentes do Estado pagos com o dinheiro do contribuinte.
*José Ribamar Bessa Freire é Professor