sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Pontilhão para substituir Viaduto das Almas está pronto

A novela sobre a aposentadoria do macabro Viaduto Vila Rica, mais conhecido como Viaduto das Almas e palco de dezenas de tragédias no km 592 da BR-040, entre Itabirito e Congonhas, na Região Central de Minas, pode ter um capítulo especial na próxima segunda-feira, quando diretores do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) vão se reunir e avaliar a possibilidade de anunciar a data exata da inauguração do elevado que substituirá a antiga ponte. Há uma expectativa de que uma das duas pistas do futuro pontilhão seja liberada para o tráfego na quarta-feira. Se o martelo for batido, o Viaduto das Almas sairá de cena daqui a cinco dias. Mas a liberação do tráfego numa das pistas não impedirá, posteriormente, a tradicional cerimônia para a inauguração completa do elevado. Em ano de eleição, a intenção do governo é de que a obra, orçada em R$ 40 milhões, seja inaugurada num megavento conduzido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que levará a tiracolo sua candidata à sucessão e ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT-RS). Neste caso, a data dependerá da agenda do petista. Por enquanto, a única certeza sobre o novo viaduto é que ele já tem um nome: Márcio Rocha Martins (1938/2006). A certidão de nascimento é uma homenagem ao engenheiro que atuou por longas décadas no mercado nacional. O novo elevado é reivindicação antiga de motoristas que arriscam a vida no Vila Rica, inaugurado pelo presidente Juscelino Kubitschek (1902/1976), em 1º de fevereiro de 1957, como trecho mais charmoso da então BR-3. O designer em curva da ponte, de 262 metros de extensão por nove de largura, era o grande destaque da moderna rodovia construída para ligar Belo Horizonte ao Rio, então capital da República. Naquela época, cerca de 2 mil veículos atravessavam a ponte diariamente. Atualmente, segundo o previsão do Dnit, pelo menos 15 mil carros, motos, ônibus e caminhões passam, todos os dias, pelo local. As dimensões do futuro pontilhão, que terá 460 metros de comprimento por 21 de largura, são bem mais seguras do que as do atual. Contudo, a principal diferença é seu traçado em linha reta. As características da nova ponte prometem pôr fim à carnificina no trecho. O Dnit e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) não têm a estatística completa de quantas pessoas perderam a vida no local. Mas, em 1º de fevereiro de 2010, quando o Vila Rica completou 53 anos, o Estado de Minas publicou um caderno especial sobre o Viaduto das Almas, com base na cobertura do próprio jornal, e revelou que pelo menos 75 vidas foram tragadas pelo pontilhão, erguido a 30 metros do solo. Uma das vítimas foi o pai de Baltazar Resende, o fazendeiro José Alves de Resende, cuja caminhonete que dirigia foi empurrada para fora do viaduto, em julho de 1958, por um caminhão do Rio de Janeiro. José morreu no primeiro acidente no local. Seu companheiro de viagem, Raimundo Gonçalves Souza, também perdeu a vida. No dia seguinte ao primeiro desastre no Vila Rica, o EM publicou o seguinte título: Pavoroso desastre no Viaduto das Almas. Baltazar ainda guarda o recorte do jornal. “Tenho pânico do viaduto”, diz o homem, que mora em Sete Lagoas, na Região Central, e todos os fins de semana atravessa o elevado para chegar em seu sítio, em Entre Rios de Minas. Fonte: www.uai.com.br

Nenhum comentário: