sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Literatura

"11 gols de placa"
por Fernando Molica*

A Editora Record lança mais uma edição de um projeto interessante, focado no jornalismo investigativo. Dessa vez, “11 gols de placa” organizado por Fernando Molica, aborda alguns escândalos do nosso futebol. Organizado pelo jornalista Fernando Molica, 11 GOLS DE PLACA, terceiro volume da Coleção Jornalismo Investigativo, uma iniciativa da Editora Record e da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), traz uma seleção de grandes reportagens que ajudam a explicar muitas das mazelas do nosso futebol. Os textos escalados buscam dar um panorama do que ocorre nos bastidores e oferecem um painel desse esporte desde a década de 60, com as reportagens de João Máximo e de Michel Laurence, revelando a dificuldade em concretizar o sonho de virar craque neste dito ‘país do futebol’, que abrem o livro e funcionam como alicerce para os capítulos seguintes. A leitura das matérias transcritas no livro é uma jornada cheia de emoções e joga luz sobre problemas que se acumulam há muitas décadas. Uma escalação que mistura corrupção, pobreza, desemprego, falsificação de documentos, abuso de poder e exploração de menores. 11 GOLS DE PLACA é uma espécie de cartão amarelo para dirigentes e para todos aqueles que se aproveitam do futebol brasileiro. O futebol revela o que temos de melhor e de pior. Como lembra o jornalista Paulo Vinicius Coelho, que assina a orelha do livro, a editoria de esportes é um celeiro de grandes jornalistas, e engloba todo tipo de reportagem – a eleição de um clube ou a crise em um time podem gerar boas matérias sobre política ou economia, enquanto a lesão de um craque e uma entrevista com o médico da equipe resultam em interessantes pautas de saúde. O futebol brasileiro é pródigo, também, em matérias policiais. Nas páginas dos principais jornais do Brasil, nasceram as CPIs da Nike e da CBF, no começo da década de 2000. O mesmo país do futebol produziu três escândalos de arbitragem num período de oito anos, entre o ‘1-0-0’, de Alberto Dualib, em 1997, ao caso Edílson Pereira de Carvalho, em 2005. Este último caso, na pena de André Rizek, é um dos escolhidos neste trabalho brilhante de Fernando Molica. Como nos outros dois volumes da coleção – 10 Reportagens que abalaram a ditadura e 50 anos de crimes –, as reportagens são enriquecidas por relatos e comentários que detalham os bastidores da apuração, produzidos pelos jornalistas envolvidos na cobertura dos casos e em sua edição, como Marcos Penido e Juca Kfouri, entre outras feras do jornalismo esportivo. Esses textos de apoio contextualizam os fatos e contam como os profissionais conseguiram chegar a revelações importantes. Em 11 GOLS DE PLACA, não faltarão chances para vaias – para cartolas, empresários e juízes – e aplausos. Estes, principalmente, para os atletas que brilham nas redações.

Relação dos autores: 
André Rizek; Diogo Olivier; Fernando Rodrigues; João Máximo; Juca Kfouri; Leonardo Mendes Júnior; Marceu Vieira; Marco Senna; Marcos Penido; Mário Magalhães; Michel Laurence; Sérgio Rangel.

*Fernando Molica (jornalista e escritor), nasceu em 1961 no Rio de Janeiro. Jornalista formado pela UFRJ, foi repórter nas sucursais cariocas da Folha de S. Paulo e de O Estado de S. Paulo, chefe de reportagem de O Globo e repórter especial da TV Globo. Desde 2008 é responsável pela coluna Informe do Dia, do jornal O Dia. Recebeu os prêmios Vladimir Herzog e Orilaxé. É dos fundadores da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). Seu primeiro romance, Notícias do Mirandão, lançado em 2002 pela Record, foi publicado na Alemanha pela editora Nautilus. É autor, ainda, de O homem que morreu três vezes, O ponto da partida e Bandeira negra, amor, além de organizador de 10 reportagens que abalaram a ditadura e 50 anos de crimes. Participou das antologias Dicionário amoroso da língua portuguesa (Casa da Palavra) e 10 cariocas (Ferreyra Editor, Córdoba). Colaboração: Alexandre Magno Barreto Berwanger

Um comentário:

Alexandre M. B. Berwanger disse...

Se este livro rememorar oesquecido "Caso Ives Mendes",já valerá a leitura.jáque a imprensapaulista faz de tudo para esconder este escândalo,que deveria ter rebaixado os envolvidos Atlético-PR e Corinthians, preferindo acusa roFluminense de ter "virado a mesa" para continuar na Série A, quando continuou apenas porque eram outros que deveriam ter caído, mas preferiram abafar o caso, mantendo todo mundo na Série A.