quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Fluminense F.C.

Estrangeiros no Fluminense Paulo Cézar da Costa Martins Filho* Amigos, ao longo de sua história o Fluminense teve diversos estrangeiros em seus quadros, muitos deles fazendo muito sucesso. Neste post, falarei sobre alguns deles, e listarei todos. Ramón Platero O técnico uruguaio Ramón Platero assumiu o Fluminense em 1919, substituindo o inglês Quincey Taylor, que havia sido bicampeão em 1917 e 1918. Platero manteve o ritmo e conquistou o tri, treinando aquele time de Marcos de Mendonça e Welfare. Comandou o Tricolor apenas naquelas 18 partidas, com um incrível retrospecto de 17 vitórias e 1 derrota, com 68 gols-pró e 20 gols-contra. Welfare Henry Welfare nasceu em Liverpool, na Inglaterra, a 20 de outubro de 1888. Jogou no Liverpool FC, antes de se mudar para o Brasil. Aqui, transformou-se em um dos maiores jogadores de futebol em seu tempo. Foi o artilheiro do tricampeonato do Fluminense, de 1917 a 1919, com incríveis 56 gols. Jogou pelo Tricolor de 1913 a 1924, tendo contribuído muito para o aperfeiçoamento da técnica do futebol no Brasil. Foi, por exemplo, pioneiro da famosa jogada chamada "tabelinha", que hoje é uma marca do futebol tupiniquim. Marcou 163 gols em 166 jogos durante sua carreira no Fluminense. Ainda hoje Welfare detém alguns recordes tricolores: é o maior artilheiro do Clássico Vovô (17 gols em 20 jogos), e o maior artilheiro do Fluminense em uma única partida (6 gols no jogo Fluminense 11 x 1 Bangu, em 09/12/1917). Após encerrar a carreira, Welfare chegou a ser treinador do Vasco. Welfare faleceu em primeiro de setembro de 1966, aos 77 anos, em Angra dos Reis. Mas seus feitos com a camisa tricolor têm a vocação da eternidade. Charles Williams O inglês Charles Williams foi o primeiro a exercer a função de técnico de futebol no Brasil, em 1911, e o fez com grande sucesso, conquistando o Campeonato Carioca com 100% de aproveitamento. Voltaria ao Fluminense na década de 20, quando ganhou também o Campeonato de 1924. Quincey Taylor O técnico inglês Quincey Taylor teve duas passagens pelo Fluminense. Em ambas, conquistou títulos. Na primeira passagem, conquistou os dois primeiros campeonatos do tri de 1917, 1918 e 1919. Na segunda, conquistou o Torneio Aberto de 1935 (que deveria ser bem mais valorizado, uma vez que foi o único campeonato da época a envolver todos os clubes grandes do Rio de Janeiro). Em 1913, Quincey Taylor era professor de Educação Física no Gymnasio Anglo-Brasileiro. Como Welfare havia vindo da Inglaterra exatamente para lecionar no Gymnasio, Quincey Taylor acabou levando o craque para as Laranjeiras. (o Paysandu, campeão de 1912, clube muito mais "inglês" que o Fluminense, seria o destino natural de Welfare, não fosse a intervenção de Quincey Taylor) Carlos Carlomagno O técnico uruguaio Carlos Carlomagno assumiu o comando do Fluminense em 1936, após a saída de seu compatriota Hector Cabelli. Mantendo o time formado por Cabelli, Carlomagno conquistou o Campeonato Carioca, na final contra o Flamengo. Aquele time, a cada ano reforçado aqui e ali, seria um dos mais vitoriosos da história do Fluminense, conquistando cinco Campeonatos em seis anos (36, 37, 38, 40 e 41). Carlomagno foi o técnico no tricampeonato 36/37/38 (no meio do certame de 38, passou o cargo a Ondino Vieira, outro compatriota). Além dos três canecos, conquistou também o Torneio Municipal de 1938. Rongo O atacante argentino Luis María Rongo foi um monstro de sua posição, nas décadas de 30 e 40. Após passagem pelo River Plate/ARG, Rongo veio para o Fluminense e fez bonito: conquistou o bicampeonato carioca em 1940 e 1941. Em 25 jogos com a camisa tricolor, Rongo marcou 36 gols, incrível média de 1,44 gols/partida. 6 desses gols foram marcados em uma única partida (Fluminense 9 x 0 São Cristóvão, em 20/07/1941, um recorde tricolor até hoje). Capuano Um dos melhores goleiros argentinos de todos os tempos, António Ángel Capuano chegou ao Fluminense em 1940, para ser reserva do lendário Batatais. Foi bicampeão carioca em 1940 e 1941, tendo atuado ao todo em 29 partidas pelo Fluminense. Russo Adolpho Milman nasceu no dia 26/07/1915, numa província russa que um dia se chamaria Afeganistão. Quando ainda era bebê, sua família veio para o Brasil, para o Rio Grande do Sul. O talento futebolístico de Adolpho era muito grande, e ele logo se mudou para o Rio de Janeiro, onde se praticava o melhor futebol do país. O atacante estreou pelo Fluminense em 1933. Russo formou linhas de ataque lendárias, ao lado de Pedro Amorim, Carreiro, Rongo, Romeu, Tim e Hércules. Participou de 244 jogos pelo Fluminense, tendo marcado 155 gols. Participou das conquistas dos Campeonatos de 1936, 1937, 1940 e 1941, além do Torneio Aberto de 1935 e do Torneio Extra de 1941. Russo esteve ausente em 1938 e 1939, para se tratar de uma contusão séria, em Paris. Em 1943, fez uma partida lendária contra o Botafogo, tendo marcado 3 gols na vitória por 5 a 3. Russo é até hoje o segundo maior artilheiro tricolor do Fla-Flu (13 gols em 38 jogos, menos apenas que Hércules, com 15 em 25). Posteriormente, Russo foi treinador interino do Fluminense, em 1955, durante seis jogos. Hector Cabelli O treinador uruguaio Hector Cabelli chegou ao Fluminense em 1936, ficou pouco tempo, mas montou aquele que seria um dos times mais espetaculares da história do futebol brasileiro, tendo uma hegemonia impressionante durante seis anos. Saiu no meio do Campeonato de 1936, entregando o comando ao compatriota Carlos Carlomagno. Voltaria ao Fluminense em 1945, para mais uma rápida passagem. Ondino Vieira O treinador Ondino Vieira foi mais um uruguaio a fazer grande sucesso no futebol brasileiro. Chegou ao Fluminense em 1938, para substituir o compatriota Carlos Carlomagno. Mantendo a base da equipe formada pelo antecessor, Ondino conquistou o Campeonato Carioca de 1938, completando o segundo tri do Fluminense. Continuou no comando da lendária equipe, conquistando também os Campeonatos de 1940 e 1941, e o Torneio Extra de 1941. Em uma passagem posterior, ainda venceria o Torneio Municipal de 1948. Comandou o Fluminense em um total de 264 jogos, com uma marca impressionante de 158 vitórias. Seus times jogavam para o ataque, fato comprovado pelos incríveis 765 gols marcados por seus times, média de quase 3 por partida. Ambrois O atacante uruguaio Javier Ambrois Campana, ídolo do Nacional de Montevideo e da Seleção Celeste, teve rápida passagem pelo Fluminense, nos anos de 1954 e 1955. Ambrois veio em uma troca pelo goleiro Veludo, motivado por um problema amoroso que teve em Montevideo. A passagem de Ambrois pelo Tricolor foi curta, mas marcante. Em 19 jogos defendendo o Fluminense, o atacante marcou 17 gols. Sua melhor partida foi contra o Botafogo, no dia 15/01/1955, quando marcou dois gols na vitória tricolor por 3 a 1. Doval O atacante argentino Narciso Horácio Doval, então ídolo do Flamengo, chegou ao Fluminense em 1976, para fazer parte da Máquina Tricolor de 1976 (o lendário time em que todos foram, em algum momento da carreira, convocados para a Seleção Brasileira - exceto Doval, obviamente). Ainda em 1976, Doval colocaria seu nome na história do Fluminense, ao marcar, de cabeça, o gol do título do Campeonato Carioca, no penúltimo minuto da prorrogação contra o Vasco, no Maracanã. Além deste Carioca, Doval também conquistou três torneios internacionais com a camisa tricolor: Viña del Mar 1976, Paris 1976 e Teresa Herrera 1977. O argentino assinalou 71 gols em 141 jogos pelo Fluminense. Romerito Júlio César Romero Insfran nasceu em Luque, no Paraguai, a 28 de agosto de 1960. Em 1979, Romerito foi o autor do gol de empate do Paraguai contra a Seleção Brasileira, no Maracanã (2 a 2). Aquele gol desclassificou o Brasil da Copa América, que acabaria conquistada pelo próprio Paraguai. O craque paraguaio nem poderia imaginar que, cinco anos depois, sairia carregado do mesmo Maracanã, após marcar o gol do título do Campeonato Brasileiro. Outros gols importantes, como o da final do Carioca de 1985, consagraram de vez Romerito como ídolo da torcida tricolor. O paraguaio foi um dos primeiros a dizer que a torcida do Fluminense é a melhor do mundo. Darío Conca O atual maestro da equipe ainda não conquistou um título pelo Fluminense, mas já é visto como ídolo, pela disposição que demonstra em campo, e pela qualidade de suas jogadas. O meia armador argentino tem muita qualidade no drible e no passe, e foi fundamental nas duas campanhas internacionais recentes (Libertadores 2008 e Sul-Americana 2009). Abaixo, a lista com todos os estrangeiros que já atuaram no Fluminense, por ordem cronológica (entre parênteses, a nacionalidade e o último ano do atleta pelo Tricolor): - A. R. L. Wright (Inglaterra, 1904). - C. F. Cruickshanck (Inglaterra, 1905). - H. Jeans (Inglaterra, 1905). - Francis Henry Walter (Inglaterra, 1906). - Max Naegely (Suíça, 1907). - Oscar Alfredo Cox (Inglaterra/Equador, 1908). - Walter Salmond (Inglaterra, 1908). - Albert Victor Buchan (Inglaterra, 1909). - Charles Roberts Hargreaves (Inglaterra, 1909). - Anderson Williams Waterman (Inglaterra, 1910). - Edwin Horácio Cox (Inglaterra/Equador, 1910). - Edgard Gulden (Inglaterra, 1912). - Archibald French (Inglaterra, 1918). - Ramón Platero (Uruguai, 1919) [treinador]. - Henry Welfare (Inglaterra, 1924). - Charles Williams (Inglaterra, 1926) [treinador]. - Felix Cabrera Helguera (????, 1933). - Juan Arrillaga (Argentina, 1935). - Quincey Taylor (Inglaterra, 1936) [treinador]. - Carlos Carlomagno (Uruguai, 1938) [treinador]. - Carlos Santamaría (Argentina, 1939). - Juan Carlos Escobar (????, 1939). - Luis María Rongo (Argentina, 1941). - António Ángel Capuano (Argentina, 1942). - Esteban Malazzo (Argentina, 1942). - Vicente Héctor Cusatti (Argentina, 1942). - Adolpho Milman "Russo" (Afeganistão, 1944) [posteriormente treinador (1955)]. - Armando Renganeschi (Argentina, 1944). - Pablo Invernizzi (Argentina, 1944). - Américo Alfredo Spinelli (Argentina, 1945). - Guido Baztarrica (Argentina, 1945). - Hector Cabelli (Uruguai, 1945) [treinador]. - Humberto Cabelli (Uruguai, 1945) [treinador]. - Sebastián Salomé Berascochea (Uruguai, 1948). - Ondino Vieira (Uruguai, 1949) [treinador]. - Jesús Villalobos Villegas (Peru, 1954). - Javier Ambrois Campana (Uruguai, 1955). - Victor Agustín González (Paraguai, 1962). - Fleitas Solich (Paraguai, 1963) [treinador]. - Polo Carrera (Equador, 1966). - Luis Artime (Argentina, 1972). - Ángel Oscar Brunel Sosa (Uruguai, 1975). - Narciso Horácio Doval (Argentina, 1978). - Júlio César Romero Insfran "Romerito" (Paraguai, 1989). - Carlos Fabián Maldonado Piñero (Venezuela, 1992). - Gustavo Badel (Uruguai, 1994). - Percy Celso Olivares (Peru, 1996). - Galileo Galilei Perkovich López "Leo" (Uruguai, 1997). - Hugo de León (Uruguai, 1997) [treinador]. - Josephus Yenay (Libéria, 1998). - Sandro Cristian Airet (Argentina, 1999). - Alexandre Viveros Sánchez (Colômbia, 2001). - Faustino Hernán Asprilla Hinestroza (Colômbia, 2001). - Miodrag Andjelkovic (Iugoslávia, 2001). - Nikola Danjanac (Iugoslávia, 2001). - Paulo Madeira (Portugal, 2003). - Dejan Petkovic (Sérvia, 2006). - Vladimir Djordjevic (Sérvia, 2006). - Patricio Urrutia (Equador, 2009). - Darío Leonardo Conca (Argentina, 2010). - Ezequiel González (Argentina, 2010). (esta matéria foi sugerida pelo amigo Alexandre Magno Barreto Berwanger, e conta com preciosas colaborações dele) Fontes: [1] Foreign Players Brazilian Champions. [2] Gringos no Brasil. [3] O Globo - Disposição dos estrangeiros dá um toque diferente ao Campeonato Estadual do Rio. [4] Estatísticas Fluminense. [5] La Historia de River Plate. [6] IFFHS 1908 Season. [7] IFFHS 1906 Season. [8] Nacional Digital - Ídolos - Javier Ambrois. [9] Livro "Fluminense Football Club - Histórias, conquistas e glórias no futebol" (Antonio Carlos Napoleão). Agradecimentos a: - Alexandre Magno Barreto Berwanger, pela sugestão da matéria e por algumas colaborações. - Fernando Aster, por me lembrar do jogador Djordjevic. - Luizinho, do Flu Memória, pela grande ajuda com minhas pesquisas. - Natália Linha, idem. - Guerra, por me lembrar do jogador Ambrois. Peço que o leitor me alerte caso possua qualquer informação que possa ser acrescentada a este post. *Paulo Cezar da Costa Martins Filho é Engenheiro Eletrônico e de Computação, Fonte: www.ornalheiros.blogspot.com

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