quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

SÓ NÃO FOI O MELHOR PORQUE ERA TÍMIDO

Carlos Roberto Sodré* Recebo um outro pedido para escrever sobre um atleta que brilhou até aos quarenta anos de idade, como jogador de futebol profissional. Trata-se de Álvaro. Ao contrário do que muita gente pensa, Álvaro não nasceu em Ubá, ele nasceu em Recreio, perto de Muriaé, onde também nasceu Zezé, ponta esquerda do Fluminense RJ, na década de oitenta, hoje morando no céu. Este é o primeiro capítulo, entre outros que virão por aí. Não é possível escrever sobre um atleta, dessa envergadura, em apenas uma crônica, até por que não sei tudo sobre ele, ainda. Jogou e foi titular do América do Rio de Janeiro. Do melhor time do América nos anos setenta. Na época recebeu convites para jogar em outros clubes do Brasil. Como o Flamengo, por exemplo. Mas outras equipes também interessaram em contratar o jogador. Porém a legislação muito rígida, e naquela época o atleta era quase um escravo do clube, dificultou assim sua saída. Hoje o jogador é escravo, não mais do clube, mas do empresário. Mas não foram só esses obstáculos que atrapalharam a vida de Álvaro: sua timidez também pode ser vista como uma vilã da história. Ficamos amigos em 1985, quando fui trabalhar no extinto Armarinho Santo Antônio LTDA. Nos finais de semana nossos encontros eram sempre na UFA, clube criado numa época anterior pelos funcionários da empresa, Ali bem no meio da piscina, num sol de arrebentar mamona, foi que Álvaro me disse:” por eu ser tão calado, deixei de ganhar muito dinheiro com o futebol. Uma vez o Flamengo quis me contratar, outras equipes também quiseram, no entanto fiquei muito tempo no América. A idade chegou e eu acabei jogando futebol em equipes ainda menores que o Alvi rubro carioca.” Álvaro citou o exemplo de Edmundo, que naquela ocasião, estava começando:”veja o exemplo do Edmundo, garoto começou agora e já fala pelos cotovelos. Não queria falar tanto, mas pelo menos o suficiente para a grande mídia me valorizar.” Álvaro não escondeu o desejo que tinha em jogar no futebol paulista:”lá os jogadores são bem remunerados, e no final do mês a grana sai, mesmo”. Apesar de envolver em algumas confusões o ex atacante e agora comentarista esportivo, Edmundo conseguiu ganhar fama e dinheiro, porém não sei se é feliz. É verdade que foi a partir dessa década que a televisão passou a dar mais importância ao futebol, missão que antes era exercida somente pelo rádio, jornais e revistas. Aos sessenta anos de idade Álvaro tem muita história para contar. Sua humildade e timidez não permitem, por exemplo, que ele fale que de todas as convocações da seleção brasileira, no período do auge da carreira, ele esteve relacionado. Naquela ocasião a antiga CBD, Confederação Brasileira de Desporto, hoje CBF, Confederação Brasileira de Futebol, relacionava quarenta atletas. Com início no Esporte Clube Aymorés, Álvaro fez a bola rolar redondinha pelos gramados do Brasil. A fanática do torcida do Cruzeiro de Guidoval fala com orgulho da passagem vitoriosa de Álvaro, quando na oportunidade o melhor lateral esquerdo de nossa região e um dos melhores do Brasil, vestiu e foi campeão no ano de 1990 com a camisa alvi negra. Numa partida emocionante disputada no campo do Aymorés, que teve a arbitragem de José Roberto Wright, que tinha chegado da Copa do Mundo da Alemanha. O Cruzeiro venceu o Pombense pelo placar de 3x2, conquistando um título inédito para os guidovalenses. Álvaro foi mais uma vez um dos destaques do time. *Carlos Roberto Sodré é Locutor Esportivo

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