domingo, 20 de dezembro de 2009

Fluminense F.C.

Flu, o primeiro carioca a ser campeão brasileiro Hoje, 20/12, completam-se exatos 39 anos que um time do Rio de Janeiro foi campeão brasileiro pela primeira vez. No dia 20/12/1970, o Fluminense empatava com o Atlético-MG por 1×1 no Maracanã diante de um público de 112.403 pagantes, e chegava ao título do Roberto Gomes Pedrosa, o campeonato brasileiro da época. Coroava assim uma campanha inesquecível em um campeonato sensacional. É verdade que o Botafogo fora campeão da Taça Brasil dois anos antes, mas a Taça Brasil era uma copa, tal qual a Copa do Brasil atual, e não um campeonato. O Roberto Gomes Pedrosa de 1970 foi disputado por 17 times. 5 do Rio de Janeiro, 5 de São Paulo, 2 de Minas Gerais, 2 do Rio Grande so Sul, 1 da Bahia, 1 de Pernambuco e 1 do Paraná. Um autêntico campeonato nacional portanto, com mais participantes que a Copa União de 1987, por exemplo. O nível técnico do campeonato também é algo digno de nota. Foi elevadíssimo, o que engrandece ainda mais o feito tricolor. Numa época em que não havia o êxodo de jogadores para o futebol europeu que temos hoje, quase todos os nossos craques atuavam no Brasil mesmo. E além disso em um ano em que o Brasil conquistou uma Copa do Mundo de forma espetacular, ou seja, onde tínhamos comprovadamente o melhor futebol do mundo. Para se ter uma ideia, O Cruzeiro tinha Tostão, Dirceu Lopes, Zé Carlos, Piazza; O São Paulo tinha Gérson e Pedro Rocha; O Palmeiras tinha a célebre dupla Dudu e Ademir da Guia no meio campo, e Leão no gol; O Corinthians tinha Rivellino; O Botafogo tinha Paulo César Caju e Roberto Miranda; e o Santos, Carlos Alberto Torres, Clodoaldo, Edu e ninguém menos que Pelé. No Flamengo se destacavam os gringos Doval e Reyes. O Atlético-MG já tinha quase todo o time que conquistaria o brasileiro do ano seguinte e o técnico Telê Santana. Tínhamos ainda o Vasco de Silva, o “batuta”, e a Ponte Preta de Manfrini, que viraria ídolo no Flu três anos mais tarde. No sul tinha o forte Inter de Carpegiani, Valdomiro e Claudiomiro e o Grêmio do lateral Everaldo (que barrou nosso Marco Antônio na Copa). E se continuarmos enumerando bons jogadores que participaram daquele certame, a lista é interminável. Foi um verdadeiro festival de craques. O Fluminense manteve praticamente o mesmo time ao longo do período de 1969 a 1971. Um triênio de ouro em nossa história. Sem dúvida um dos times mais bem sucedidos que o clube já formou. Nossa equipe titular no Campeonato Brasileiro de 1970 era: Félix, Oliveira, Galhardo, Assis, Marco Antônio, Denílson, Didi, Cafuringa, Flávio, Samarone e Lula. O técnico era Paulo Amaral. Na primeira fase os 17 times jogavam entre si em turno único, porém eram divididos em dois grupos para efeito de classificação. Dois de cada grupo se classificariam para um quadrangular final. Aproveitando que a tabela apontava quatro jogos no Maracanã no início da competição, o Fluminense emendou logo uma sequência de vitórias: 1×0 sobre o Corinthians, 2×1 sobre o Cruzeiro de virada, num jogo antológico onde muita gente foi ao Maracanã ver Tostão e cia e acabou vendo uma exibição de gala do Fluminense em dia de Cafuringa endiabrado. Na sequência, novamente uma vitória por 2×1, desta vez sobre o Grêmio, em mais uma virada, dessa vez dramática, com dois gols quando o jogo já se encaminhava para o fim. Em seguida, um tranquilo 3×0 sobre o América. A seguir fomos ao Nordeste onde perdemos do Bahia e vencemos o Santa Cruz. Empatamos com o São Paulo no Maracanã e perdemos por 2×0 para o Inter no Beira Rio, em um jogo em que o nosso artilheiro Flávio teve a chance de empatar mas desperdiçou um pênalti quando perdíamos por 1×0. Vencemos o Vasco por 3×1 e em seguida aplicamos uma sonora goleada de 6×1 sobre a Ponte Preta no Maracanã. No jogo seguinte, mais uma vitória antológica. 3×0 sobre o fortíssimo Palmeiras em pleno Morumbi, com três gols de Flávio. Nos cinco últimos jogos da primeira fase o Fluminense não venceu, e acabou conquistando a vaga no sufoco. Empate de 1×1 com o Botafogo, derrota de 1×0 para o Santos de Pelé no Pacaembu, empate em 1×1 no Fla-Flu. Na penúltima rodada, derrota de 3×1 para o Atlético-MG no Mineirão, e o que parecia ser o início de um grande drama: o centroavante Flávio, a referência ofensiva do nosso time, se contunde seriamente e está fora do campeonato. No seu lugar entra o reserva Mickey. Para muitos, o Fluminese perdia ali a chance de brigar pelo título, mas o que acontece é justamente o contrário. Mickey marcaria gols em todos os jogos do campeonato dali por diante, e seria decisivo na conquista. Fluminense, Flamengo, Cruzeiro, e Internacional chegam na última rodada disputando cabeça a cabeça as duas vagas do Grupo B. O Flamengo com 20 pontos, Cruzeiro e Fluminense com 19, e o Inter com 18. No sábado o Flamengo perde do Corinthians e o Inter vence o Atlético-MG. No domingo o Fluminense enfrenta o Atlético-PR em Curitiba com um ponto de desvantagem para Fla e Inter, mas precisando apenas do empate, por ter melhor saldo de gols. E é justamente o que acontece. Um suado 1×1, gol de Mickey. O Fluminense aguenta a pressão do adversário e assegura a vaga. O Cruzeiro vence e também se classifica. Veio o quadrangular final. Palmeiras e Atlético-MG classificados pelo Grupo A. Fluminense e Cruzeiro pelo grupo B. Todos jogariam entre si em turno único. Na primeira rodada o Fluminense vence o Palmeiras por 1×0 no Maracanã, gol de Mickey. Cruzeiro e Atlético-MG empatam em Minas. O Flu pula na frente. Na segunda rodada a torcida tricolor se mobiliza e comparece em grande número ao Mineirão, mesmo em um dia de semana, para acompanhar o time contra o Cruzeiro. O esforço é recompensado. Mickey faz 1×0 no primeiro tempo. O Cruzeiro pressiona muito em busca do empate mas nosso eficientíssimo sistema defensivo para Tostão e Dirceu Lopes. O Palmeiras vence facilmente o Atlético-MG em São Paulo, 3×0, e o Fluminense está com a mão na taça. Na terceira e última rodada, o Fluminense recebe o Atlético-MG. O Palmeiras recebe o Cruzeiro. Apenas uma combinação da derrota do Fluminense com a vitória do Palmeiras permitiria que o clube paulista nos alcançasse. O Fluminense abre o placar no primeiro tempo. Gol de quem? Mickey, óbvio, em uma cabeçada fulminante. O Atlético ainda empata no segundo tempo. O Palmeiras vence o Cruzeiro mas nós seguramos o empate e o título, para explosão do Maracanã lotado. Assim como havia sido o primeiro carioca a conquistar o Rio-São Paulo, o Fluminense se torna o primeiro carioca a ser campeão brasileiro. A campanha: Primeira Fase Fluminense 1 x 0 Corinthians Fluminense 2 x 1 Cruzeiro Fluminense 2 x 1 Grêmio Fluminense 3 x 0 América Bahia 1 x 0 Fluminense Santa Cruz 0 x 1 Fluminense Fluminense 1 x 1 São Paulo Internacional 2 x 0 Fluminense Fluminense 3 x 1 Vasco Fluminense 6 x 1 Ponte Preta Palmeiras 0 x 3 Fluminense Fluminense 1 x 1 Botafogo Santos 1 x 0 Fluminense Fluminense 1 x 1 Flamengo Atlético-MG 3 x 1 Fluminense Atlético-PR 1 x 1 Fluminense Quadrangular Final Fluminense 1 x 0 Palmeiras Cruzeiro 0 x 1 Fluminense Fluminense 1 x 1 Atlético-MG 19J, 10V, 5E, 4D, 29GP, 16GC Artilharia do Fluminense na competição: Flávio – 11 Mickey – 5 Lula – 4 Marco Antônio – 3 Samarone – 2 Cafuringa – 1 Didi – 1 Silveira – 1 1 gol contra. Jogadores que participaram (número de jogos): Cafuringa – 19 Didi – 19 Lula – 19 Oliveira – 19 Galhardo – 18 Samarone – 18 Assis – 17 Marco Antônio – 17 Denílson – 16 Félix – 16 Flávio – 14 Silveira – 11 Cláudio – 10 Mickey – 9 Wilton – 5 Toninho – 4 Albérico – 3 Jorge Vitório – 3 Jair – 2 Paulo Lumumba – 2 Jairo – 1. A média de público do Fluminense nos jogos no Maracanã foi 41.436 pagantes por jogo. Na Taça Libertadores de 1971, os representantes brasileiros foram o Fluminense (campeão) e o Palmeiras (vice) do ano anterior. Fonte: www.flusocio.com.br Colaboração: Alexandre Magno Barreto Berwanger (Rio de Janeiro-RJ)

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