quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Gre-Nal

Wesley Cardia * O futebol é o maior fenômeno social do Brasil. Nem o carnaval ou o debate político pré-eleições têm o poder de reunir tantas opiniões, paixões, multidões ou conhecedores. Um dos fatores desencadeadores desse fenômeno é justamente a rivalidade entre clubes e seleções. Os jogos entre as seleções do Brasil e da Argentina são exemplos vibrantes disso. E se nós formos um pouco mais a fundo nessa questão das rivalidades, vamos encontrar nos jogos da seleções as antigas rivalidades nacionais. Os jogos entre as seleções da França e da Inglaterra são clássicos que têm origem na Guerra dos 100 anos. As bandeiras desfraldadas nos estádios da Copa remontam aos escudos de armas que ilustravam os batalhões dos exércitos e armadas inglesas e francesas. Num país pacífico como o Brasil, onde a última guerra travada terminou em março de 1870, a emoção e comoção popular tinham que encontrar uma válvula de escape. A rivalidade entre Brasil e Argentina é um exemplo vivo disso. Por quase dois séculos, os dois países disputam a supremacia do Cone Sul, seja econômica, seja militar, seja cultural. Às vezes, a balança pende para um, outras vezes, para outro. O que já foi receio factual de guerra, inclusive com o fortalecimento da presença do exército nas fronteiras do Rio Grande para prevenir um eventual ataque argentino, hoje ficou, graças a Deus, reduzido ao número de títulos que cada Seleção tem na galeria de troféus. Existe algo melhor do que uma vitória da nossa Seleção sobre a Seleção Argentina? No Rio Grande do Sul, um Estado onde a beligerância foi incrustada no seu DNA, desde a demarcação da fronteira pelo Tratado de Tordesilhas até os dias de hoje, passando pelos chimangos e maragatos (além de correntes mais recentes), a maior rivalidade se expõe justamente no futebol. E é, provavelmente, nesse fenômeno sócio-cultural que o gaúcho extravasa muitas de suas angústias, agressividades e frustrações. Mas, por outro lado, é no futebol, e especialmente no Gre-Nal, que ele põe para fora suas alegrias, seus gritos de vitória, suas conquistas, seu sentido de pertencimento de grupo, sua identificação azul ou vermelha. O futebol é, por si só, o mais importante fenômeno social do Rio Grande. Maior do que o nosso 20 de Setembro. E o Gre-Nal é sua instância mais visível. Mesmo os torcedores de clubes de cidades importantes do Estado, (onde existem clubes excepcionais), eles também torcem por Grêmio ou Internacional. Isso faz com que um jogo desses extrapole todas as fronteiras do futebol, mexendo com pessoas que não sabem se a partida é do Campeonato Brasileiro ou da Copa do Brasil. Mesmo assim opinam, torcem e se angustiam com o resultado, pelo simples fato de ser Gre-Nal. Em outubro do ano passado, a revista Trivela, de São Paulo, fez uma pesquisa com mais de 1.000 jornalistas de todo país para que votassem no maior clássico brasileiro. Não deu outra. O Gre-Nal foi o eleito. Atropelando clássicos como Fla-Flu, Corinthians e São Paulo ou Flamengo e Vasco. No Campeonato Gaúcho deste ano, na mesma hora em que estava sendo disputado e transmitido o Gre-Nal numa emissora, noutra era exibido Santos e São Paulo. A audiência do Gre-Nal bateu em 70 pontos. O Ibope do jogo paulista mal chegou a dois pontos no Rio Grande do Sul. Todos esses fatores fazem com que esse jogo, cuja primeira e juvenil partida foi disputada em 1909, logo após a fundação do Inter (o Grêmio já tinha seis anos de vida, então), seja o maior clássico do futebol brasileiro. Saudar seu centenário não é apenas comemorar um fato futebolístico. Não é brindar uma data esportiva. É celebrar um evento de dimensões nacionais, que coloca o Rio Grande e os gaúchos no topo de um podium conquistado com uma garra ímpar. Mesmo não sendo o maior estado econômico da nação, não sendo o estado mais populoso, nem mesmo o mais conhecido. Os gaúchos e os apaixonados pelo futebol conseguiram, com a força de suas torcidas, suas administrações e seus atletas, fazer deste clássico um exemplo de sua pujança e de sua capacidade de superação. Cem anos de Gre-Nal significam uma homenagem de duas mãos. De Grêmio e Internacional a este povo que incentiva seus clubes há um século. E do povo gaúcho a esses dois clubes campeões do mundo, que souberam superar todas as adversidades e dignificar a imagem do estado pelo Brasil e pelo planeta. * Wesley Cardia é diretor de Marketing da Federação Gaúcha de Futebol. Fonte: www.coletiva.net

2 comentários:

Alexandre M. B. Berwanger disse...

Ao contrário do que tem sido dito, a enquete da Trivela foi não foi feita por jornalistas "de todo o Brasil", mas por uma grande maioria de jornalistas paulistas.

No resultado, o Come-fogo foi mais votado do que o Botafogo e Vasco, por exemplo, que não receberam nenhum voto, mesmo sendo clubes muito mais relevantes do que os citadinos de Ribeirão Preto:

http://www.trivela.com/Conteudo.aspx?secao=45&id=19824

Unknown disse...

Oi Carlos, boa tarde!
Navegando na net achei sei site. Parabéns, muito bom!
Sou boleiro de final de semana e, assim como você gosto de futebol, seja profissional ou não.
Tenho um time de society e, a pedido da galera, criei um portal para facilitar a organização do meu time. Por lá dá para controlar a artilharia, controlar as estatísticas do time, controlar caixa, entre outras coisas. A galera gostou tanto que me incentivou a abrir o site para outros time se cadastrarem e usufruirem desse portal.
Assim, gostaria da sua opinião e quem sabe ajuda para divulgar o site. É fácil de se cadastrar e, claro, de graça!

Qualquer dúvida favor entrar em contato.
Valeu!
Adriano

www.clubedosboleiros.com.br