domingo, 26 de julho de 2009

Fluminense F.C.

Paulo Cezar da Costa Martins Filho* Rio de Janeiro, 10 de junho de 1975. Um Fluminense de sonhos esmagava o Bayern de Munique no Maracanã lotado. O bicampeão europeu ruía diante da Máquina Tricolor. Aqueles onze nomes não compõem apenas uma escalação. É música, é poesia: Félix; Toninho, Silveira, Assis e Marco Antônio; Zé Mário e Kléber; Cafuringa, Paulo César Caju, Rivellino e Mário Sérgio. E como transcorreu a grandiosa batalha? Assim que entraram no gramado do Maior do Mundo, os times saudaram os torcedores e se cumprimentaram. O pontapé inicial revelou um desses jogos imortais. O Fluminense foi só pressão no começo, entusiasmando até mesmo quem não é pó-de-arroz. Aos sete minutos, Rivellino dá um "elástico" na entrada da área. O malicioso drible, inventado pelo próprio Riva, desnorteou toda a defesa alemã. Logo após, o craque da patada atômica deu um passe milimétrico para Kléber, que apareceu na cara do gol. Sepp Maier fechou o ângulo, e Kléber deslocou o goleiro. A bola, porém, não tinha como destino o gol. Acontece então o suave milagre: a pelota desvia na canela de Gerd Müller, e morre no fundo do gol. Gol contra do maior artilheiro da história das Copas. O placar do Maracanã anunciava, exaltando-se de felicidade: "Fluminense 1, Bayern 0". Salvador, 8 de dezembro de 1999: Antônio Dias dos Santos nos deixa desolados aqui na Terra. Toninho é a primeira estrela daquela poética constelação a ir brilhar no céu. Rio de Janeiro, 25 de julho de 2009: Kléber Ribeiro Filho não resiste a um ataque cardíaco. Aos 55 anos, chegou a hora de Bequinha fazer companhia a Toninho no Fluminense celeste, que já conta com Castilho, Preguinho, Didi, e tantos outros, inclusive Telê Santana de técnico e Nelson Rodrigues de cronista. São Gonçalo, 4 de abril de 1954. Nascia Kléber, o Bequinha. Treze anos depois, o garoto começava a escrever sua história em verde, branco e grená. Vejam o que é o destino: ele passaria exatamente treze anos defendendo as três cores que traduzem tradição. Profissionalmente, atuou no Fluminense de 1973 a 1980. A estréia de Kléber, que era volante, foi num dia 31 de maio, no Estádio Municipal de Luanda, em Angola (Fluminense 4 x 0 Sporting Luanda). Era o capítulo inicial de uma carreira recheada de glórias, no Brasil e no exterior. Os treze anos foram tempo suficiente para Bequinha se tornar um ídolo de Laranjeiras. Ele conseguia aliar técnica e talento a garra e ímpeto. Mas não foi só isso: também levantou taças, muitas taças. Foram quatro Campeonatos Cariocas: 1973, 1975, 1976 e 1980. Além deles, conquistou a Taça Guanabara (1975), a Copa Vale do Paraíba (1977) e três troféus internacionais (Torneio de Paris-1976, Torneio Viña Del Mar-1976 e Taça Teresa Herrera-1977). Foram 315 jogos com a camisa tricolor: 156 vitórias, 84 empates e 75 derrotas. Kléber marcou 41 gols para o Fluminense (além do gol contra do Bayern, que na verdade foi dele - a canela de Gerd Müller foi apenas o caminho da bola para vencer Sepp Maier). Depois do Fluminense, Bequinha ainda atuou nos seguintes clubes: Náutico (PE), 9 de Octubre (Equador), Operário (MS), XV de Jaú (SP) e Vitória de Guimarães (Portugal). Encerrou a carreira em 1986, no clube português. Após a aposentadoria, Kléber foi vereador de São Gonçalo, sua terra natal. Morou um tempo em Campo Grande, onde se tornou responsável pelo futebol do Rádio Clube local. Bequinha, obrigado por ajudar a escrever gloriosas páginas da história do Fluminense Football Club. Não se esqueça das palavras de Nelson Rodrigues, com quem você pode conversar agora. "A morte não exime ninguém de seus deveres clubísticos: quando o Fluminense precisa de número, os vivos saem de suas casas e os mortos saem de suas tumbas". Nos vemos no Maracanã! *Paulo Cezar da Costa Martins Filho é Engenheiro Eletrônico e de computação, Cronista Esportivo e Pesquisador. Fonte: www.jornalheiros.blogspot.com Colaboração: Alexandre Magno Barreto Berwanger

3 comentários:

Unknown disse...

Quanto ao jogo mencionado contra o bayern,eu fui testemunha.quero aqui lembrar que cafuringa,nesse jogo driblou o adversario mais que garrincha... apenas tinha alergia a fazer gol,mas foi espetacular.Os alemães ficaram impressionados e não acreditavam como um jogador como aquele era desconhecido no mundo.....rsrs

Carlos Ferreira disse...

Cafuringa (Moacir Fernandes) nasceu em Juiz de Fora-MG, jogou no Fluminense, Atlético-MG, dentre outros.Morreu no dia 25/07/91, no Rio de Janeiro.

Anônimo disse...

Grande Kleber, jogador bom e pessoa do bem...saudades, Carlos Henrique Nazareth