sábado, 18 de abril de 2009

A magia do Rádio

por Aderbal Machado
1962 - Fundada a Rádio Difusora de Criciúma, comecei ali a falar em caráter “quase” profissional. Ali começou o Paulo de Lima, chegado na cidade vindo não se sabia de onde, só se sabia que era pernambucano de Garanhuns.
Ali trabalhou o Sangüino, técnico em rádio, que vivia à frente do estúdio nos indicando a distância do microfone; ali trabalhou o André Martins (”André Martins e a Saudade”, que, dizia ele, era “campeão de audiência na Maracangalha, a casa das putas de Criciúma”. E o dizia com orgulho sátiro, dando risadas estridentes…).
O Aryovaldo, meu irmão, fez minha iniciação no rádio ali. A rádio era comandada pelo Doutel de Andrade (pertencia ao Jango, presidente da República), através do Vânio Faraco.
O Luiz Carlos Viana, locutor consagrado, tinha também seu programa - “Salão Grená”, cujo prefixo era a música homônima, com Carlos Galhardo. Uma xaropice sem tamanho, mas com uma audiência danada entre as moçoilas apaixonadas, que ficavam ouvindo as poesias declamadas e as músicas “dor de cotovelo” e de “fossa”.
O Paulo de Lima ouvia os noticiários da Rádio Guarujá (”Correspondente Cimo”, com o Osmar Teixeira) e os anotava a caneta, apenas os detalhes, para depois redigir e apresentar nos noticiários. Uma maluquice.
Tinha também o Rádio Manchetes Sul Banco, da Rádio Gaúcha; os noticiários da Guaíba, “com informações da Empresa Jornalística Caldas Júnior” (Correio do Povo). O Paulo andava de um lado para outro com um gravador pendurado nos ombros, à cata de informações. Entrevistava até andarilho e produzia notícias. Inventou um slogan: “Se não quer que a Difusora noticie, não deixe acontecer”.
O tempo passou e vejo, com alegria, de um lado, e com tristeza, de outro, que as pobrezas da atividade continuam as mesmas, apesar da imensa evolução tecnológica. Porque o que manda é o profissional. A aparelhagem pouco resolve.
A alegria vem do fato de eu ter pertencido àquela época e ainda manter no espírito o mesmo sentimento e as mesmas emoções.
A tristeza de ver que, hoje, só se pensa em “piso salarial”, em “diploma”, em “registro profissional”, em “legalizar a profissão”. Só não se pensa em saber fazer de verdade e ter no fazer o carinho pela profissão.
É muito cacique pra pouco índio.

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