terça-feira, 27 de maio de 2008

Operação Pasárgada

Juiz de Fora CPI que investiga Alberto Bejani deve ser prorrogada Ricardo Beghini - Estado de Minas
Os vereadores da comissão parlamentar de inquérito (CPI) que investiga denúncias de enriquecimento ilícito contra o prefeito de Juiz de Fora, Carlos Alberto Bejani (PTB), pediram segunda-feira, 26/05, adiamento do prazo de apresentação do relatório final. Bejani foi preso em 9 de abril por agentes da Polícia Federal durante a Operação Pasárgada, que apura o envolvimento de prefeitos, empresas, funcionários públicos e advogados num esquema de desvio de recursos do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), retidos pelo INSS. Com a prorrogação, os cinco parlamentares terão mais 45 dias, contados a partir de sexta-feira, para ouvir testemunhas, envolvidos e esclarecer pontos importantes. No fim da tarde de segunda-feira, os vereadores receberam a declaração do Imposto de Renda do prefeito. “O adiamento do prazo não significa que usaremos mais 45 dias”, afirmou Bruno Siqueira, relator da CPI. O próximo e mais esperado passo da comissão será o depoimento do advogado tributarista Marcelo Abdalla da Silva, suposto comprador da Fazenda Liberdade, que pertencia ao prefeito de Juiz de Fora. O negócio foi usado por Bejani para justificar a origem de R$ 1,1 milhão apreendidos em sua mansão por agentes federais. Abdalla, que é dono do Grupo SIM, contratado pela prefeitura por R$ 12 milhões, com dispensa de licitação, declarou, na semana passada, que conhece todo o esquema de desvio do FPM e que deseja ir a Juiz de Fora para contar tudo o que sabe. INQUÉRITO Em uma entrevista cedida a uma emissora de televisão no dia seguinte ao depoimento à PF, Abdalla insinuou que seu próximo depoimento à policia também vai complicar a situação do administrador municipal. O advogado disse que chegou a ser convidado para participar do esquema de desvio do FPM e que, por isso, conhece os envolvidos e como o esquema se desenrolava. Abdalla não reconheceu R$ 1,1 milhão encontrados pela Polícia Federal na residência de Bejani. O dinheiro, que teria sido entregue para quitar a compra da fazenda, não tinha cintas bancárias, diferentemente dos montantes que aparecem em fotos apresentadas pela PF. O advogado acabou indiciado pela PF, na semana passada, por falsificação de documento público. Os federais acreditam que a negociação da Fazenda Liberdade foi forjada para esquentar a origem do dinheiro. Segundo Siqueira, os contatos com Abdalla já foram feitos e o depoimento na CPI será marcado, bastando apenas a liberação pelo delegado que comanda as investigações. A comissão também aguarda decisão da Justiça Federal sobre o acesso ao inquérito, que corre em segredo de Justiça, da Operação Pasárgada. “Queremos ter acesso ao inquérito, que ainda não foi totalmente concluído”, disse. “Os dados estão sendo cruzados, as peças estão se encaixando e o prefeito está se complicando”, afirmou o relator da CPI. Declarações dadas por Bejani à imprensa, na semana passada, também serão usadas contra o prefeito. Em entrevista a uma emissora de rádio, o chefe do Executivo afirmou conhecer o lobista Paulinho da Status, que, segundo o prefeito, esteve em Juiz de Fora várias vezes. Durante a entrevista, Bejani disse ainda que usou o avião do lobista em viagens até Angra dos Reis (RJ) e Brasília. “Eu precisei e disse que pagava o petróleo”, afirmou. Abaixo-assinadoEmbora a CPI prepare novas investidas nos próximos dias, fontes da Câmara revelam que as informações obtidas até agora são suficientes para pedir o afastamento do prefeito. No final da tarde de segunda-feira, integrantes do Comitê Fora Bejani entregaram um abaixo-assinado ao presidente da CPI, Isauro Calais, com 16 mil assinaturas, exigindo a cassação do administrador. De acordo com a coordenadora do Comitê, Victoria de Fátima Melo, as assinaturas foram recolhidas em eventos populares e protestos organizados pelo comitê.

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