sábado, 24 de maio de 2008

Operação Pasárgada

Esquema de desvio de FPM é confirmado por advogado 
O advogado Marcelo Abdalla, apontado como comprador da fazenda do prefeito Alberto Bejani (PTB), confirmou ontem que o esquema investigado pela Operação Pasárgada é verdadeiro do início ao fim. “A Pasárgada é verdadeira de ponta a ponta”, declarou, em entrevista à Globo Minas. Ele revelou, ainda, que chegou a ser convidado para participar do esquema de desvio milionário de verbas do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), e insinuou que seu próximo depoimento à Polícia Federal pode complicar o prefeito de Juiz de Fora. “O Bejani não sabe que eu sei sobre a Operação Pasárgada inteira, como funciona, quem é quem, quem faz o que, quem ganha dinheiro... eu fui chamado para fazer parceria e me foi contada a história de ponta a ponta”. Abdalla afirmou, também, que chegou a temer por sua segurança. “Minha casa em Caratinga foi invadida por gente encapuzada, com escopeta e tudo o mais. Tem gente com medo que a gente fale”. Para o advogado, que diz não ter medo de ser investigado, a ligação entre Paulo Sobrinho Sá Cruz, o Paulinho da Status, apontado pela PF como mentor do esquema, e Bejani pode agravar a situação do prefeito. “O problema dessa história é que essa bomba vai estourar e vai estourar, talvez, no mesmo endereço que ela começou. Veja o seguinte: se o Paulo cai, ele pode levar o Bejani junto. Aí é que é o problema.” O tal convite para participar do esquema, conforme o advogado, teria sido feito antes da negociação da Fazenda Liberdade, que a Polícia Federal suspeita que teria sido forjada para esquentar a origem de R$ 1,12 milhão encontrados na residência de Bejani no dia 9 de abril. Entretanto, só após ser indiciado, Abdalla resolveu contar o que sabe. Como justificativa, ele usou a falta de provas sobre o esquema. “Se alguém chegasse à PF, dizendo que existe corrupção na distribuição da Justiça Federal, que existe corrupção entre magistrados federais, na distribuição do Tribunal Regional Federal e dentro do Tribunal, a PF ia acreditar nisso, sem prova nenhuma?”, questiona. Lacres diferentes Durante a entrevista, conforme já antecipara à Tribuna, o advogado reafirmou que o dinheiro encontrado na casa do prefeito não é o mesmo envolvido na transação da fazenda. “Dinheiro com cinta da Caixa não é meu. Meu dinheiro foi sacado no Bradesco”. Sobre a valorização do imóvel, comprado por pouco mais de R$ 300 mil e vendido por R$ 1,2 milhão em pouco mais de oito meses, Abdalla apontou que pode haver indícios de sonegação de impostos. “A transação anterior foi declarada por aquele valor porque na declaração de Imposto de Renda das respectivas pessoas constava aquele valor. A diferença é que o eu que faço é declarar o valor correto, o valor que foi verdadeiramente pago, o valor do qual tem que ser atribuído efeito fiscal. Esse é um ponto. Ele (Bejani) vai ter que pagar o Imposto de Renda desse dinheiro. Se for valor mais baixo, é sonegação fiscal”. Em entrevista à Tribuna, na noite de ontem, o advogado de Bejani, Marcelo Leonardo, afirmou que a questão das cintas que envolvem o dinheiro apreendido é apenas um detalhe que não tem mais como ser comprovado, uma vez que o montante já foi depositado em uma conta em juízo, na Caixa Econômica Federal. Ele considerou a atuação da Polícia Federal precipitada no caso da investigação da origem do dinheiro. “Antes de ouvir os envolvidos, de analisar os documentos e de conferi-los, a transação já foi tomada como forjada. A condução do delegado foi infeliz”, analisou. Leonardo lembrou, ainda, que a liminar concedida pelo juiz federal Weliton Militão foi cassada e não chegou a criar ônus para o INSS. Sobre o novo depoimento que o suposto comprador da fazenda pretende dar à PF, Leonardo disse que só comenta fatos concretos. “Teremos que aguardar”, concluiu. 

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