quarta-feira, 21 de maio de 2008

Operação Pasárgada

Comprador da fazenda de Bejani indiciado pela PF
Advogado não apresentou contrato de compra e venda em depoimento

"Falei a verdade e fui indiciado. Gostaria de desfazer o negócio da fazenda, mas acabei indiciado por isso". Foi essa a declaração dada ontem pelo advogado tributarista Marcelo Abdalla da Silva, em entrevista, após ser indiciado pela Polícia Federal (PF) no inquérito da operação Pasárgada. Abdalla está sendo acusado pelo crime de falsificação de documento público - contrato de compra e de venda da fazenda Liberdade, que teria sido vendida por Bejani para o advogado. A PF também tem elementos para indiciá-lo por formação de quadrilha. Abdalla foi apresentado pelo prefeito de Juiz de Fora, Carlos Alberto Bejani (PTB), como suposto comprador de sua fazenda em Ewbank da Câmara, por R$ 1,2 milhão em dinheiro vivo. A negociação da propriedade, teria sido feita através de um contrato "fabricado" para escamotear uma venda fictícia. A intenção de Bejani era tentar justificar a origem de R$ 1,2 milhão apreendido pela PF em sua mansão, durante a deflagração da operação Pasárgada, em 9 de abril, que investigava desvios de recursos do Fundo de Participação dos Municípios (FPM).Desde então, Bejani apresentou duas versões distintas para explicar como conseguiu o recurso. Num primeiro depoimento, quando foi preso pela PF, Bejani teria dito que o dinheiro era proveniente de negócios que possui em uma emissora de rádio, localizada em Santos Dumont. Quinze dias após sair da prisão, o petebista, mudou completamente a versão . No segundo depoimento dado a PF, na semana passada, Bejani afirmou que o R$ 1,2 milhão é oriundo da venda da fazenda Liberdade, propriedade que possui 90 hectares, com valor de mercado de R$ 450 mil.Um suposto contrato de compra e venda da propriedade, lavrado na cartório de Caratinga, com data do dia 1º de abril, foi apresentado por Bejani à imprensa. Mas Bejani não entregou o documento aos federais. Abdalla também não entregou o documento ontem para a PF, alegando que a solicitação não constava da intimação.O depoimento de Abdalla à PF durou quase duas horas. Demonstrando confiança, ele disse que iria conceder entrevista após do interrogatório. Na saída, Abdalla, bastante abatido e emocionado, optou por poucas palavras. Antes de ser intimado, o advogado havia confirmado a segunda versão dada por Bejani. Abdalla disse que adquiriu a propriedade em duas parcelas, sendo a primeira, de R$ 1 milhão, paga no dia 3 de abril, e a segunda, de R$ 200 mil, no dia 8 de abril. 
Prefeito admite que usou aeronave de lobista acusado de participação na fraude do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), o prefeito de Juiz de Fora, Alberto Bejani (PTB), declarou ontem para uma rádio local que viajou no avião particular do lobista Paulo Sobrinho de Sá Cruz, o Paulinho da Status. sócio da TCQ consultoria Empresarial.A firma celebrou contrato sem licitação com a prefeitura para tentar liberar R$ 34 milhões do Fundo de Participação dos Municípios (FPM).Bejani disse que usou a aeronave do lobista em duas oportunidade. Na primeira, viajou para a cidade de Angra dos Reis, no litoral do Rio de Janeiro, onde possui uma casa. Na segunda vez, Bejani disse que viajou a Brasília para participar de uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Pelas duas viagens, Bejani disse que pagou apenas as despesas com combustível.“Peguei o avião dele (Paulo Sobrinho). Precisei e paguei o petróleo”, admitiu Bejani, emendando que o lobista visitou a cidade em várias oportunidades. “Claro que conheço o Paulo Sobrinho, sou prefeito e porta da prefeitura pública”, afirmou o petebista. Paulinho é apontado pela PF como chefe do esquema de desvio do FPM que teria desviado pelo menos R$ 200 milhões. Empresário nega participação Outro que prestou depoimento no inquérito da operação Pasárgada ontem foi o empresário Bispo Antônio Valeriano. Valeriano já foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) por crimes contra o sistema financeiro nacional, por violação de sigilo funcional com danos a administração pública. Ele é citado no inquérito em diálogos suspeitos com o gerente da Caixa Econômica Federal, Francisco de Fátima Araújo. Valeriano, entretanto, negou envolvimento com o esquema de fraudes do FPM.

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